Discípulos de Cristo Jesus

Vivendo Para a Glória de Deus!

A vida cristã deve ser vivida para a glória de Deus somente. Em tudo o que nos empenhamos e fazemos devemos procurar a glória de Deus. Paulo chegou a dizer que até mesmo as coisas mais curriqueiras da vida como o beber e o comer devem ser feitos para a glória de Deus (1Co 10.31).

Nenhum de nós viveremos na plenitude se não vivermos voltados para a glória de Deus. Pois, a plenitude da vida está em viver para a glória de Deus. A glória de Deus produzirá a verdadeira vida plena de satisfação em Deus.

O pastor e escritor John Piper foi feliz quando afirmou que Deus é mais glorificado em nós quanto mais nos alegramos Nele. A glória de Deus e nossa alegria são faces de uma mesma moeda. Quando procuramos verdadeira satisfação vislumbramos e refletiremos a glória de Deus. Pois, a verdadeira alegria resulta na contemplação apaixonada do único ser no universo que tem toda a glória e beleza. A contemplação da beleza de Deus nos deixa encantados e sobressaltados ante inenarrável resplendor.

O Breve Catecismo de Westminster indaga: Qual o fim principal de todo o homem? Ele mesmo responde: O fim principal de todo homem é glorificar a Deus e se alegrar Nele para sempre.

A nossa alegria e a glória de Deus é o propósito de Deus para nossas vidas e o alvo da vida cristã. Toda a plenitude da vida cristã se resume na contemplação do Ser eterno de Deus na Pessoa maravilhosa de Cristo Jesus pela obra persuadora e renovadora do Espírito Santo.

Soli Deo Gloria!

sexta-feira, novembro 04, 2005

A imagem de Deus no homem Originalmente.

Esse estudo faz parte de uma apostila que trata sobre a Antropologia Bíblica. Trato aqui da Imagem de Deus no Homem Originalmente. Sendo a primeira parte de um tratado sobre a Imagem de Deus no homem que, abrangerá assuntos tais como: A Imagem Desfigurada; A Imagem Renovada e A Imagem Aperfeiçoada. Estudos estes que publicarei posteriormente. Que Deus os Abençoe.

No Velho Testamento encontramos apenas três passagens que tratam de forma específica à questão da imagem de Deus. (Gn 1.26-28; 5.1-3; 9:6).
“Façamos o homem à nossa imagem e semelhança”. Sobre o significado das palavras "Imagem e Semelhança" entendemos que elas não se referem a coisas diferentes, embora alguns defensores da fé do passado tivessem crido diferente[1].
Veja as razões porque entendemos que estes dois termos querem significar a mesma coisa:
Em Gn 1.26, aparecem as duas palavras "imagem e semelhança"; em 1.27 o autor usou apenas o termo "imagem"; em 5:1 ele resolve substituir o termo por outro - "semelhança", e, em 5:3, o autor novamente volta a usar as duas palavras, contudo em ordem diferente daquela usada em 1.26 - "semelhança e imagem" e em 9.6 ele volta a usar apenas um dos termos, optando agora pelo termo "imagem". Isto deixa suficientemente claro para nós que "imagem e semelhança" são termos sinônimos, e que querem dizer a mesma coisa. Caso não fosse assim, o autor não faria estas mudanças alternando os termos.
A palavra traduzida como imagem é tselem; a palavra traduzida como semelhança é demuth. No hebraico, não existe qualquer conjunção entre essas duas palavras. O texto simplesmente diz: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. Tanto a Septuaginta como a Vulgata inserem um e entre as duas expressões, dando a impressão de que “imagem” e “semelhança” se referem a coisas diferentes. O texto hebraico, contudo, deixa claro que, essencialmente, não há diferença entre ambas: “conforme a nossa semelhança” é apenas uma maneira diferente de dizer: “à nossa imagem”. E isto é confirmado pela análise acima, onde os termos aparecem.
Embora essas palavras sejam sinônimas, deve-se reconhecer uma pequena diferença entre elas. A palavra hebraica para imagem, tselem, é derivada de uma raiz que significa “esculpir” ou “cortar” [2]. Poderia, portanto, ser usada para descrever a figura esculpida de um animal ou pessoa. Aplicada à criação do homem em Gênesis Um, a palavra tselem indica que o homem reflete a imagem de Deus, ou seja, ele é uma representação de Deus. A palavra hebraica para semelhança, demuth, vem de uma raiz que significa “ser igual” [3]. Poderia se dizer, então, que a palavra demuth em Gênesis Um indica que a imagem é também uma semelhança, “uma imagem que é semelhante a nós” [4]. As duas palavras juntas nos dizem que o homem é uma representação de Deus que é semelhante a Deus em certos aspectos.
O Que Significa ser Criado á Imagem e Semelhança?
Mas o que entendemos por Imagem e Semelhança? Por estes dois termos queremos dizer que o homem foi criado para refletir, espelhar e representar Deus. Nossos primeiros pais foram criados para refletir as qualidades que havia em Deus, e isto em perfeita obediência, sem pecado. Agostinho diz que o homem foi criado "capaz de não pecar” [5]. O homem podia agir perfeitamente e obedientemente na adoração, no serviço a Deus, no domínio e cuidado da criação e no amor e companheirismo uns com os outros.
Berkhof[6] diz que na concepção reformada, a Imagem de Deus consiste na integridade original da natureza do homem, integridade esta expressa:
A. No Conhecimento Verdadeiro - Cl 3.10: “E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou”.
B. Na Justiça - Ef. 4.24: “E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado, em verdadeira justiça e santidade”.
C. Na Santidade - Ef 4.24: “E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado, em verdadeira justiça e santidade”.
Van Groningen[7] assevera que:
Ao criar a humanidade á sua própria imagem, Deus estabeleceu uma relação na qual a humanidade poderia refletir de modo finito, certos aspectos do infinito Rei-Criador. A humanidade deveria refletir as qualidades éticas de Deus, tais como "retidão e verdadeira santidade"... e seu "conhecimento" (Cl 3.10). A humanidade deveria dar expressão ás funções divinas em ralação ao cosmos e atividades tais como encher a terra, cultivá-la e governar sobre o mundo criado. A humanidade em uma forma física, também refletiria as próprias capacidades do Criador: apreender, conhecer, exercer amor, produzir, controlar e interagir.
Percebemos nas palavras do Dr. Van Groningen que ele apresenta a imagem de Deus como tendo uma tríplice relação:
Relação com Deus,
Relação com o próximo,
Relação com a criação.
Iremos verificar em nosso estudo que em seu estado glorificado, os santos refletirão esta imagem e semelhança restaurando no estado final, esta tríplice relação em sua perfeição.
Antes de o homem cair em pecado, ele refletia perfeitamente a imagem de Deus. Tudo estava em perfeita harmonia. Mas em que consistia este refletir a imagem de Deus?[8]

1 - O homem reflete a imagem de Deus como um ser que é relacional. Ele não é um ser que vive isolado, assim como Deus não vive só. Deus é Tripessoal, e se relaciona entre as pessoas da Trindade (Gn 1.26 - "Façamos o homem...”).
O homem é uma pessoa, e como tal ele se relaciona. Foi por isto que Deus lhe fez uma companheira.
Ainda do verso 27, podemos inferir este aspecto relacional, pelo fato, do ser humano ter sido criado homem e mulher. Visto que Deus é espírito (Jo 4.24), não podemos concluir que a semelhança a Deus, neste caso, esteja na diferença física entre homens e mulheres. Ao contrário, a semelhança deve ser encontrada no fato de que o homem necessita do companheirismo da mulher, de que a pessoa humana é um ser social, de que a mulher complementa o homem, acabando a sua solidão, e o homem complementa a mulher. Dessa forma, os seres humanos refletem Deus, que não existe como um Ser solitário, mas como um Ser em comunhão – uma comunhão que é descrita, em um estágio posterior da Revelação divina, como aquela existente entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. E o humanismo, o antropocentrismo e outros milhares de ismos, são contrários a esta verdade da imagem de Deus no homem. A comunhão é uma grande arma contra o egocentrismo. Contra o culto ao “eu”. O pecado lança um golpe contra está faceta da imagem de Deus no homem.

2 - O homem reflete a imagem de Deus pela sua capacidade de dominar sobre as outras coisas criadas.
O homem foi colocado como "senhor" da terra, para governá-la e cuidar dela. (Gn 1.26-28). O domínio do homem sobre as coisas criadas é parte essencial de sua natureza. Nesse sentido, o homem imita o Seu Criador, pois Deus é o Senhor soberano e absoluto exercendo domínio sobre toda a terra.
Com Ele estão o domínio e o temor; Ele faz paz nas Suas alturas (Jó 25.2).
O Teu Reino é um Reino eterno; o Teu domínio dura em todas as gerações (Sl 145.13).
Dn 4.3, 25, 34: Quão grandes são os Seus sinais, e quão poderosas as Suas maravilhas! O Seu Reino é Reino sempiterno, e o Seu domínio, de geração em geração.
Serás tirado dentre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e te farão comer erva como os bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete tempos por cima de ti, até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer.
Mas ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei meus olhos ao céu, tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é um domínio sempiterno, e cujo Reino é de geração em geração.
Se alguém falar, fale segundo as Palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o Poder de Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém! (I Pe 4.11).
Dominará de mar a mar, e desde o rio até às extremidades da terra (Sl 72.8).

3 - O homem reflete a imagem de Deus por ter atributo que chamamos "essenciais" nele; sem os quais ele não poderia continuar sendo o que é:
a) Poder intelectual: É a faculdade de raciocinar, inteligência e outras capacidades intelectivas em geral, que refletem aquilo que Deus tem.
b) Afeições naturais: É a capacidade que o homem tem de ligar-se emocionalmente e afetivamente a outros seres e coisas. Deus tem esta capacidade.
c) Liberdade moral: Capacidade que o homem tem de fazer as coisas obedecendo a princípios morais.
d) Espiritualidade: A Escritura diz que o homem foi criado "alma vivente" (Gn 2.7). É a natureza imaterial do homem. Deus é espírito, e num certo sentido, o homem tem traços desta espiritualidade.
e) Imortalidade: Depois de criado, o homem não deixa mais de existir. A morte não é para o corpo, mas para o homem. Morte é separação e não cessação de existência. A imortalidade é essencial para Deus (I Tm 6.16). O homem, num caráter secundário derivado, passa a ter a imortalidade.


[1] Tertuliano (160-225); Orígenes e Clemente de Alexandria (Ver Hoekema: Criados á Imagem de Deus (São Paulo, Ed. Cultura Cristã, 1999), 46-8).
[2] Francis Brown, S. R. Driver e Charles Briggs, Hebrew and English Lexicom of the Old Testament (New York: Houghton Mifflin, 1907), p. 853.
[3] Ibid., pp. 197-98.
[4] Atribuído a Lutero em Biblical Commentary on the Old Testament, de Keil e Delitzsch, vol. 1, The Pentateuch, traduzido por James Martin (Edinburgh: T. & T. Clark, 1861), p. 63.
[5] Santo Agostinho, citado por Hoekema, op cit, p. 98.
[6] L. Berkhof, Teologia Sistemática (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 6º Tiragem 2001), p. 191.
[7] Gerard Van Groningen, Revelação Messiânica no Velho testamento (Luz para o caminho: Campinas) 1995.
[8] Extraído adaptado de Apostila do Dr. Héber C. de Campos.



Pr. Ivan Teixeira

Soli Deo Gloria!

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