“Vitória” tem sido uma palavra muito usada no vocabulário evangélico. Temos até “cultos da vitória”. Pessoas são ensinadas a perseverarem para receberem vitórias. Campanhas são realizadas para alcançar vitórias. A humanidade está em busca de vitórias sobre suas necessidades imediatas. Há uma busca frenética por uma satisfação de vitória. Custe o que custar, as pessoas estão dispostas a aceitarem qualquer desafio para conseguir suas vitórias.
Não é errado almejarmos vitórias. Mas o que há de errado são os meios e motivos empregados e vistos para alcançarem essas vitórias. Muitos são os truques usados para alcançar tais vitórias. Muitos pregoeiros afirmam que estão “sentindo” que Deus está concedendo vitórias. Outros, visualizam bênçãos sendo entregues às pessoas que não têm nenhum compromisso em obedecer ao Evangelho. As pessoas estão sendo atraídas às igrejas não para a glória de Deus, mas para alcançarem algumas vitórias que, se obedecerem alguns caprichos inventados pelos homens, terão sucessos em consegui-las. Os valores são invertidos. Buscam não a Deus, mas as coisas de Deus. Buscam não a pessoa de Deus, mas aquilo que Sua pessoa oferece para as suas satisfações imediatas. Hoje não temos mais adoradores, mas, sim, consumidores. Não se oferece mais a morte ou a vida, para que escolhais. Mas, se oferece um produto barateado que não é o Evangelho do Senhor Jesus revelado nas Sagradas Escrituras. Não existem mais pregações tais como: “renunciem a si mesmos, renunciem seus desejos, seus familiares, suas posições e suas satisfações consumistas por amor de Mim e do Evangelho”. Não se ouve mais uma voz clamando: “O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no Evangelho” (Mc 1.15). Onde estão as mensagens que deixam os corações compungidos[1]? (At 2.37). Podem me dizer onde andam os pregadores que verbalizavam: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem? (Mt 7.13-14)”. Hoje só ouvimos blá-blá-blás... Como doem nos ouvidos, e corações também, as palavras destes lobos em peles de ovelhas que visam não à glória de Deus, mas os seus bolsos. Creio que há ainda muitos pregadores e mestres que não dobraram os seus joelhos perante os baalim da pós-modernidade. O povo não busca mais santidade e comunhão com Deus, mas vitórias! Estas pessoas, e porque não dizer que os pregadores ensinam erradamente, e, assim, tiraram o foco de Deus para as coisas de Deus. Permeia em nossos arraiais uma coceira nos ouvidos dos crentes e, em conseqüência, falsos mestres adentram às nossas cátedras para satisfação deste populacho. É um povo que prefere os pepinos e melões do Egito, do que à satisfação da comunhão com o Deus que Se revela no Sinai. São os aventureiros da fé. Os que seguem o povo de Deus sem conhecê-Lo. Eles estão empolgados em sair do Egito em sua geografia, mas não em seus desejos. Os seus pés saem do Egito, mas os seus corações continuam nos panelões de carnes. Eles continuam, em vista as vicissitudes do caminho que nos leva a terra prometida, a desejar voltar à velha casa da escravidão – o Egito.
Que Deus levante jovens como Davi. Preocupados em vitórias, mas nas vitórias que proclamem o nome de Deus. Como já falei, não é errado querermos vitórias. Aliás, nascemos para vencer. Somos vencedores sobre o maligno (1Jo 2.14); já vencemos o mundo (1Jo 5.4-5; comp. Jo 16.33); o poder do pecado é vencido pelos que são nascidos de Deus (1Jo 3.9; comp. 1Pe 1.23 e Tg 1.18 – notem a importância da Palavra de Deus nestes versículos). Paulo afirma que “em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquEle que nos amou (Rm 8.35). Observem o que a palavrinha “estas” se refere no contexto.
Esta vitória nos é proporcionada por Deus o Pai, por intermédio do Senhor Jesus Cristo. Paulo falando sobre o aguilhão da morte que é o pecado, como também da força do pecado que é a lei, concluiu dizendo: “Mas graças a Deus que nos dá vitória por nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 15.57).
A Igreja edificada pelo Senhor Jesus jamais será vencida pelas portas levantadas do hades (Mt 16.18). O Senhor Jesus que começou a boa obra a completará sem dúvidas (Fl 1.6).
Mas o que torna a busca pela vitória errada é o egoísmo dos homens por autopromoção. Devemos sim, buscar vitórias, mas para a promoção do Reino de Deus e da Sua pessoa em nosso meio.
O que torna a busca pela vitória errada, falo no contexto do evangelicalismo atual, é busca cega pelas coisas materiais, físicas. O povo não quer ser salvo – a maior vitória conquistada para nós no Calvário por Cristo –, mas ser ricos, bem sucedidos em seus empreendimentos próprios. E com isso, o Reino de Deus sofre. O que precisamos é de vitórias verdadeiras conquistadas por jovens movidos pelo Espírito Santo, como Davi. Vitórias que promovam a santidade de Deus. Que o Seu louvor seja exaltado em nossas vidas, nas buscas pelas vitórias para Sua glória. A vitória do SENHOR é a nossa!
Jovens movidos pelo Espírito Santo são jovens que procuram vitórias para Deus. “Quem é, pois, este incircunciso filisteu, para afrontar os exércitos do Deus vivo?”. Esse filisteu tem afrontado não só a nós, mas ao nosso Deus. Se formos vitoriosos será pelo nosso Deus. O SENHOR nos proporcionará vitórias e mais vitórias se tão somente honramos o Seu nome e procurarmos promover a Sua glória. Que Deus no ajude nesta empreitada! E, a vitória é nossa pelo sangue e pela Palavra de Jesus! (Ap 12.11).
Soli Deo Gloria!
[1] katenygêsan aor. Pass. katanyssõ (1 – 1) ferir, dar uma forte ferroada. Usado de emoções dolorosas, que penetram o coração como um aguilhão (Meyer). Chave Lingüística do Novo Testamento Grego, Fritz Rienecker & Cleon Rogers – Edições Vida Nova, 1ª Edição em português: 1985. reimpressão: 2003.
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