Discípulos de Cristo Jesus

Vivendo Para a Glória de Deus!

A vida cristã deve ser vivida para a glória de Deus somente. Em tudo o que nos empenhamos e fazemos devemos procurar a glória de Deus. Paulo chegou a dizer que até mesmo as coisas mais curriqueiras da vida como o beber e o comer devem ser feitos para a glória de Deus (1Co 10.31).

Nenhum de nós viveremos na plenitude se não vivermos voltados para a glória de Deus. Pois, a plenitude da vida está em viver para a glória de Deus. A glória de Deus produzirá a verdadeira vida plena de satisfação em Deus.

O pastor e escritor John Piper foi feliz quando afirmou que Deus é mais glorificado em nós quanto mais nos alegramos Nele. A glória de Deus e nossa alegria são faces de uma mesma moeda. Quando procuramos verdadeira satisfação vislumbramos e refletiremos a glória de Deus. Pois, a verdadeira alegria resulta na contemplação apaixonada do único ser no universo que tem toda a glória e beleza. A contemplação da beleza de Deus nos deixa encantados e sobressaltados ante inenarrável resplendor.

O Breve Catecismo de Westminster indaga: Qual o fim principal de todo o homem? Ele mesmo responde: O fim principal de todo homem é glorificar a Deus e se alegrar Nele para sempre.

A nossa alegria e a glória de Deus é o propósito de Deus para nossas vidas e o alvo da vida cristã. Toda a plenitude da vida cristã se resume na contemplação do Ser eterno de Deus na Pessoa maravilhosa de Cristo Jesus pela obra persuadora e renovadora do Espírito Santo.

Soli Deo Gloria!

sábado, março 25, 2006

Tricotomia ou Dicotomia? -

Vez por outra, entretanto, tem sido sugerido que o homem deveria ser entendido como consistindo de certas “partes” especificamente distintas. Um desses entendimentos é usualmente conhecido como tricotomia — a idéia que, segundo a Bíblia, o homem consiste de corpo, alma e espírito. Um dos proponentes mais antigos da tricotomia é Irineu, que ensinava que enquanto os incrédulos possuíam somente almas e corpos, os crentes adquiriam espíritos adicionais, que eram criados pelo Espírito Santo. Um outro teólogo que usualmente está associado com a tricotomia é Apolinário de Laodicéa, que viveu de 310 a aproximadamente 390 AD. A maioria dos intérpretes atribui a ele a idéia de que o homem consiste de corpo, alma e espírito ou mente (pneuma ou nous), e que o Logos ou a natureza divina de Cristo tomou o lugar do espírito humano na natureza humana que Cristo assumiu[1]. Berkouwer, contudo, assinala que Apolinário desenvolveu primeiro a sua cristologia errônea em um contexto de dicotomia[2]. Mas J. N. D. Kelly diz que é uma questão de importância secundária se Apolinário era um dicotomista ou tricotomista[3].
A tricotomia foi ensinada no século XIX por Franz Delitzsch[4], J. B. Heard[5], J. T. Beck[6] e G. F. Oehler[7]. Mais recentemente tem sido defendido por escritores como Watchman Nee[8], Charles R. Solomon (que afirma que através do seu corpo, o homem relaciona-se com o ambiente, através de sua alma com os outros, e do seu espírito com Deus)[9], e Bill Gothard[10]. É interessante observar que a tricotomia é também defendida na antiga e na nova Scofield Reference Bible[11]. A despeito deste apoio, devemos rejeitar a visão tricotomista da natureza humana. O que se escreve a seguir é uma sustentação da dicotomia. Quando rejeitamos a tricotomia concomitantemente aceitamos a dicotomia. Quando me refiro a dicotomia, afirmo que o homem é constituído de duas substâncias – o material (corpo) e o imaterial (espírito-alma). Ficará claro ao leitor que defendemos a posição da unidade do homem, ou seja, a pessoa psicossomática. Então veremos o porquê devemos rejeitar a teoria[12] da tricotomia.

Primeiro, ela deve ser rejeitada porque ela parece fazer violência à unidade do homem. A palavra em si mesma sugere que o homem pode ser separado em três “partes”: a palavra tricotomia é formada de duas palavras gregas, tricha, “tríplice ou em três” e temnõ, “cortar” = formado de três partes. Alguns tricotomistas, incluindo Irineu, até sugeriram que certas pessoas tinham espíritos, enquanto que outras não.
Segundo, devemos rejeitá-la porque ela freqüentemente pressupõe uma antítese irreconciliável entre espírito e corpo. Realmente, a tricotomia originada na filosofia grega, particularmente na concepção de Platão, que possuía também um entendimento tríplice da natureza humana. Herman Bavinck levanta uma discussão útil deste assunto no seu livro Biblical Psychology. Ele assinala que em Platão e em outros filósofos gregos havia uma aguçada antítese entre as coisas visíveis e as invisíveis. O mundo como substância material não foi criado por Deus, diziam os gregos, mas sempre esteve contra ele. Um poder intermediário se fazia necessário para que pudesse haver ligação entre o mundo e Deus, e, assim, haver harmonia entre eles — este era o mundo da alma. A idéia do homem, encontrada no pensamento grego, pensa Bavinck, é semelhante: o homem é um ser racional que possui razão (nous), mas ele é também um ser material que tem um corpo. Entre esses dois deve haver uma terceira realidade que age como mediador: a alma, que é capaz de dirigir o corpo em nome da razão[13].
A Bíblia, contudo, não ensina qualquer tipo de distinção aguda entre espírito (ou mente) e corpo. Segundo as Escrituras, a matéria não é má porque foi criada por Deus. A Bíblia nunca denigre o corpo humano como uma fonte necessária do mal, mas o descreve como um aspecto da boa criação de Deus, que deve ser usado no serviço de Deus. Para os gregos o corpo era considerado “uma sepultura para a alma” (soma sema) que o homem alegremente abandonava na morte, mas esta idéia é totalmente estranha às Escrituras.
Terceiro, devemos rejeitar também a tricotomia porque ela faz uma aguda distinção entre o espírito e a alma que não encontra suporte algum nas Escrituras. Podemos ver isto mais claramente quando observamos que as palavras hebraica e grega traduzidas como alma e espírito são freqüentemente usadas indistintamente nas Escrituras.

As Escrituras sustentam a unidade psicossomática ou a dicotomia (no sentido explicado acima) por diversos fatos.


01. O homem é descrito na Bíblia tanto como alguém que é corpo e alma e como alguém que é corpo e espírito:

“Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma” (Mt 10.28).
Deve-se ser notado que a palavra “alma” claramente se refere à parte da pessoa que persiste após a morte. Não pode significar “pessoa” ou “vida”, pois não faria sentido falar daqueles que “matam o corpo e não podem matar a pessoa”, ou que “matam o corpo e não podem matar a vida”, a menos que haja algum aspecto da pessoa que continue vivo depois da morte do corpo[14]. A palavra “alma” representa pelo que induzimos acima, toda a parte imaterial do homem.

“Seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus” (I Co 5.5). “... A solteira cuida das coisas do Senhor para ser santa, tanto no corpo como no espírito...” (I Co 7.34); “Como o corpo sem o espírito está morto, assim a fé sem as obras é morta” (Tg 2.25).
Na primeira referência notamos que Paulo fala “que o espírito seja salvo”, com isso ele não está dizendo que a alma não será, ou esqueceu dela; simplesmente recorre à palavra “espírito” para referir-se a toda a existência imaterial da pessoa. Do mesmo modo quando Paulo fala do crescimento da santidade, na segunda referência, aprova a mulher que se preocupa em ser santa, assim no corpo como no espírito, sugerindo que isso abarca toda a vida da pessoa. Do mesmo modo a expressão de Tiago. Tiago não faz nenhuma distinção de alma e espírito, mas faz referência a um aspecto da substância imaterial – o espírito.
Em II Co 7.1 Paulo mais explicitamente diz: “...Purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus”. Notamos que o que Paulo tem em mente não é uma distinção de espírito e alma – ele nem cita alma –, mas fala da purificação do físico (da carne) e do espiritual (do espírito) nada falando da purificação da alma. Outra coisa é que essa purificação faz parte de um aperfeiçoamento da santificação no temor de Deus. E se Paulo não cita a alma então ela não faz parte deste aperfeiçoamento, mas se é aperfeiçoamento nada falta para ser purificado. O homem total, e é sempre isso que a Escritura tem em mente quando se fala de espírito, alma e corpo, está sendo exortado a purificação. Em outras palavras, a purificação é espírito, alma e corpo. Como já falamos, a ênfase das Escrituras é na unidade do homem, e não em separá-lo em partes. O ensino geral das Escrituras e não textos isolados devem concluir um assunto ou doutrina.

2. A dor é atribuída tanto à alma como ao espírito: “Levantou-se Ana e, com amargura de espírito, orou ao SENHOR, e chorou abundantemente” (1 Sm 1.10); “Porque o SENHOR te chamou como a mulher desamparada e de espírito abatido; como a mulher da mocidade, que fora repudiada, diz o teu Deus” (Is 54.6); “Agora está angustiada a minha alma” (Jo 12.27); “Ditas estas cousas, angustiou-se Jesus em espírito” (Jo 13.21); “Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava, em face da idolatria dominante na cidade” (At 17.16); “(Porque este justo [Ló], pelo que via e ouvia quando habitava entre eles, atormentava a sua alma justa, cada dia, por causa das obras iníquas daqueles)” (1 Pe 2.8).

3. O louvor e o amor a Deus são atribuídos tanto a alma como ao espírito: “A minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador” (Lc 1.46-47); “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” (Mc 12.30).

4. A salvação é associada tanto à alma como ao espírito: “Acolhei com mansidão a palavra implantada em vós, a qual é poderosa para salvar as vossas almas” (Tg 1.21); “... entregue a Satanás, para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo, no dia do Senhor” (1 Co 5.5).

5. O morrer é descritivo tanto como uma partida da alma como do espírito: “Ao sair-lhe a alma (porque morreu), deu-lhe o nome de Benoni” (Gn 35.18); “E estendendo-se três vezes sobre o menino, clamou ao SENHOR, e disse: Ó SENHOR meu Deus, que faças a alma deste menino tornar a entrar nele” (1 Rs 17.21); “Não temais os que matam o corpo e não podem matar alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Mt 10.28); “Nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Sl 31.5); “E Jesus clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito” (Mt 27.50); “Voltou-lhe o espírito, ela imediatamente se levantou”(Lc 8.55); “Então Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lc 23.46); “E apedrejavam a Estevão que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito!” (At 7.59).

6. Aqueles que já haviam morrido eram algumas vezes chamados tanto de almas e outras vezes de espíritos: Mt 10.28, citado acima; “Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam” (Ap 6.9); “e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb 12.23); “Pois também Cristo morreu... para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado em espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão, os quais noutro tempo foram desobedientes quando a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé” (1 Pe 3.18-20).

07. A “alma” pode pecar, ou o “espírito” pode pecar[15].
Aqueles que defendem a tricotomia geralmente concordam que a alma pode pecar, pois crêem que a alma inclui o intelecto, as emoções e a vontade. (Vemos que nossa alma pode pecar em versículos como I Pe 1.22; Ap 18.14).
O tricotomista, porém, geralmente considera que o espírito é mais puro do que a alma e, quando renovado, livre do pecado e sensível ao chamado do Espírito Santo. Essa concepção (que às vezes se insinua na pregação e nos escritos cristãos populares) não encontra realmente apoio no texto bíblico. Quando Paulo encoraja os coríntios a se purificar “de toda impureza, tanto da carne como do espírito” (II Co 7.1), ele sugere nitidamente que pode haver impureza (ou pecado) no espírito. Outros versículos podem ser examinados (II Co 7.34 – “santificação do espírito”; Dt 2.30 – “espírito endurecido”; Sl 78.8 – “espírito infiel”; Pv 16.18 – “espírito altivo”; Ec 7.8 – “espírito orgulhoso”; Is 29.24 – “espírito que erra”; Dn 5.20 – “espírito soberbo e arrogante”).

08. Tudo o que se diz que a alma faz, diz-se que o espírito também faz; e tudo o que se diz que o espírito faz, diz-se que a alma também faz
[16].
Os defensores da tricotomia enfrentam um problema difícil na definição clara e exata da diferença entre alma e espírito (segundo o seu ponto de vista). Se as Escrituras dessem claro apoio à idéia de que o espírito é a parte de nós que diretamente se relaciona com Deus em adoração e oração, enquanto a alma abarca o intelecto (pensamento), as emoções (sentimentos) e a vontade (decisões), então os tricotomistas teriam em mãos um forte argumento.
Todavia, a Bíblia parece não dar apoio a tal distinção.
Por outro lado, não se diz que as atividades de pensar, sentir e decidir sejam realizados somente pela alma. Por exemplo, o espírito também pode viver emoções, como em Atos 17.16, quando “o seu espírito [de Paulo] se revoltava”, ou quando “angustiou-se Jesus em espírito” (Jo 13.21). É também possível tem um “espírito abatido”, o oposto de um “coração alegre” (Pv 17.22).
Além disso, também se diz que as funções de conhecer, perceber e pensar são executados pelo espírito. Por exemplo, Marcos retrata o Senhor Jesus “percebendo [gr. epiginõskõ, “conhecer, reconhecer, saber”[17]] logo por Seu espírito” (Mc 2.8). Quando o Espírito Santo “testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16), nosso espírito recebe e compreende esse testemunho, o que certamente equivale à faculdade de conhecer algo. De fato, nosso espírito parece conhecer nossos pensamentos com bastante profundidade, pois Paulo pergunta: “Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está” [18]?

09. O registro da criação do homem (Gn 2.7), no qual, como resultado do sopro do Espírito Divino, o corpo torna-se possuído e vitalizado por um só princípio: ALMA VIVENTE.
Gn 2.7: “E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida, e o homem foi feito alma vivente”. Aqui não se diz que o homem era primeiro alma vivente e depois Deus soprou nele um espírito; mas que Deus soprou o espírito e o homem tornou-se alma vivente – a vida de Deus apossou-se do barro e, como resultado, o homem teve uma alma (cf. Jó 27.3; 32.8; 33.4)[19]. Em Jó 27.3, (neshãmãh[20])‘alento’, ‘vida’, ‘alma’, ‘hálito’ e (ruah[21])‘sopro’, ‘espírito’, ‘hálito’ parecem ser usados intercambiavelmente (cf. Jó 33.18).

10. Observa-se que tanto o espírito quanto a alma são atribuídos à criação irracional.
Ec 3.19-21: Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais, e lhes sucede a mesma coisa; como morre um assim morre o outro; e todos têm o mesmo fôlego ([22]), e a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade. Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó. Quem sabe que o fôlego do homem vai para cima, e que o fôlego dos animais vai para baixo? Ap 16.3: E da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do falso profeta vi sair três espíritos imundos, semelhantes a rãs. Mas como Pardington obaserva: “Acredita-se que o princípio vivente nos animais irracionais (alma ou espírito) seja irracional e mortal; no homem, racional e imortal”.
No começo do Antigo Testamento é feita a associação entre o “sopro” de Deus e o “princípio de vida” no ser humano (Gn 2.7; 6.17; 7.15-22). E também diz que a vida ou vitalidade dos animais também provém do espírito de Deus (Gn 6.17; 7.15, 22; Ec 3.19-21). Portanto, e espírito é o sopro e o princípio vital no ser humano (e nos animais?)[23].
As Escrituras, também, referem-se aos animais como “seres vivos” (nêphesh ha-hayah[24] = “seres vivos” ARA; “alma vivente” ARCF, Gn 1.21, 24; 2.19; 9.10, 15, 16; Lv 11.46). Isaías 10.18 fala metaforicamente de nephesh e bãsãr, “alma” e “corpo” da floresta e da terra[25].

11. É digno de nota que se atribui alma a Yahweh. Is 421: Eis aqui o meu Servo, a quem sustenho, o meu Eleito, em quem se apraz a minha alma; pus o meu Espírito sobre Ele; Ele trará justiça aos gentios. Veja ainda: Jr 9.9; Is 53.10-12; Hb 10.38.

12. Atribui-se os mais elevados exercícios da religião tanto à alma como ao espírito.
Mc 12.30: “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus... de toda a tua alma”; Hb 6.18-19: “...a esperança proposta; a qual temos como âncora da alma”; Tg 1.21: “...a Palavra em vós enxertada, a qual pode salvar as vossas almas”; Lc 1.46: “A minha alma engrandece ao Senhor”.
Lc 1.47: “E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador”; Jo 4.24: “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”; Rm 1.9: “Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no Evangelho de Seu Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós”; Fp 3.3: “Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne”.

13. Pode ser observado que, as Escrituras fala do corpo e da alma (ou espírito) como constituindo o todo do homem (Mt 10.28; I Co 5.3; III Jo 2).

A estes itens pode-se acrescentar que o consciente testifica que há dois elementos no ser humano; podemos distinguir uma parte material e uma imaterial. Mas o consciente de ninguém consegue distinguir entre a alma e o espírito.


Textos Usados em Favor da Tricotomia e uma Resposta a Tricotomia
Os tricotomistas freqüentemente apelam para duas passagens do Novo Testamento: Hb 4.12 e 1 Ts 5.23, para dar suporte ao seu conceito, mas nenhuma dessas passagens prova o ponto deles.

Hebreus 4.12 diz o seguinte: Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.

Estas palavras descrevem o poder penetrante da palavra de Deus. O autor de Hebreus não pretende dizer que a palavra de Deus causa uma divisão entre uma “parte” da natureza humana chamada alma e outra “parte” chamada espírito, assim como não pretende dizer que a palavra causa uma divisão entre as juntas do corpo e a medula encontrada nos ossos. A linguagem é figurativa. A cláusula seguinte aponta para o intento do autor: ele deseja dizer que a palavra de Deus discerne “os pensamentos e atitudes (ou intenções) do coração”. A palavra de Deus (seja ela entendida como a Escritura ou como o Senhor Jesus Cristo) penetra nos recônditos mais interiores de nosso ser, trazendo à luz os motivos secretos de nossas ações. Esta passagem, na verdade, está em paralelo com um texto de Paulo: “[o Senhor] não somente trará à plena luz as cousas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações” (1 Co 4.5). Não há, portanto, nenhuma razão para se entender Hb 4.12 como ensinando uma distinção psicológica entre alma e espírito como sendo duas partes constituintes do homem. Ou mesmo, duas substanciais como atualmente se ensina.

A outra passagem é 1 Tessalonicenses 5.23, onde se lê: “O mesmo Deus da paz voz santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo, sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nossos Senhor Jesus Cristo”.

Deveríamos observar primeiro que esta passagem não é uma afirmação doutrinária[26], mas uma oração. Paulo ora para que seus leitores tessalonicenses possam ser santificados e completamente preservados ou guardados por Deus até que Cristo volte novamente. A totalidade da santificação, pela qual Paulo ora, é expressa no texto por duas palavras gregas. A primeira, holoteleis, é derivada de holos, significando a totalidade, e telos, significando a finalidade ou o alvo; a palavra significa “a totalidade de modo que se alcance o alvo”. A Segunda palavra, holokleron, derivada de holos e kleros, porção ou parte, significa “completa em todas as suas partes”. É interessante observar que na segunda metade da passagem, ambos os adjetivos holokleron e o verbo teretheie (“possam ser guardados ou preservados”) estão no singular, indicando que a ênfase do texto está sobre a totalidade da pessoa. Quando Paulo ora pelos tessalonicenses para que o espírito, alma e corpo possam ser guardados, ele não está tentando separar o homem em três partes, mais do que Jesus pretendeu fazer em quatro partes quando disse: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” (Lc 10.27). Esta passagem, portanto, também não proporciona qualquer base para a visão tricotômica da constituição do homem[27].

[1] Ver Louis Berkhof, History of Christian Doctrines (Grand Rapids: Eerdmans, 1937), p. 106-107; J. L. Neve, A History of Christian Thought (Philadelphia: United Lutheran Publication House, 1943), p. 126; Anderson, On Being Human, p. 207-8.
[2] Man, p. 209. Ver também o comentário de A. Grillmeier citado em n.20. Dichotomy é a idéia de que o homem deve ser entendido como consistindo de duas “partes”, corpo e alma.
[3] J. N. D. Kelly, Early Christian Doctrines (London: Black, 1958), p. 292.
[4] System of Biblical Psychology, pp. Vii, 247-66.
[5] The Tripartite Nature of Man (Edinburgh: T & T Clark, 1866).
[6] Outlines of Biblical Psychology, (Edinburgh: T & T Clark, 1877), p. 38.
[7] Theology of the Old Testament, edit. G. E. Day (1873; Grand Rapids: Zondervan), 149-51.
[8] The Release of the Spirit (Indianapolis: Sure Foundation, 1956), 6.
[9] The Handbook of Happiness (Denver: Heritage House Publications, 1971), 28; ver também p. 27-58.
[10] Wilfred Brockelman, Gothard, The Man and his Ministry: An Evaluation (Santa Barbara: Quill Publications, 1976), 85-96.
[11] The Scofield Reference Bible (New York: Oxford University Press, 1909), no texto de 1 Ts 5.23; The New Scofield Reference Bible (New York: Oxford University Press, 1967) no texto de 1 Ts 5.23.
[12] Infelizmente em nosso meio há quem diga que uma dessas posições é herética. O dicotomista afirma que o tricotomista é um herege. E o tricotomista reverbera que o dicotomista aceita uma heresia. Só quero deixar claro que não devemos fazer este tipo de julgamento – infelizmente muitos o fazem em sua ignorância em teologia. Prefiro chamar “pessoas que possuem pontos de vistas diferentes”. Descobrir as verdades bíblicas é como o escalar de uma grande montanha. Os que sobem pelo lado sul contemplarão o norte; os que pelo norte avistarão o sul. Ambos terão uma visão diferente da mesma verdade. É como em escatologia, uns são pré-tribulacionistas, outros midi-tribulacionistas e ainda outros pós-tribulacionistas. Portanto, percebemos que tanto um, como outro, professam o verdadeiro cristianismo e amam o mesmo Senhor que os resgatou.
[13] Bijbelsche en Religieuze Psychologie, 53. Cf. TDNT, 6:395.
[14] Wayne Grudem, Teologia Sistemática, pág. 390 – Edições Vida Nova – Reimpressão: 2000.
[15] Wayne Grudem, Teologia Sistemática, pg. 391 – Edições Vida Nova, Reimpressão, 2000.
[16] Ibid., pg. 391-392.
[17] Waldyr Carvalho Luz, Novo Testamento Interlinear, Com o texto grego de Nestlé (26ª Edição) – Editora Cultura Cristã, 2003. E Fritz Rienecker com Cleon Rogers em Chave Lingüística do Novo Testamento Grego – Edições Vida Nova, 1ª Edição em português: 1985 e 5ª Reimpressão de 2003.
[18] Para mais detalhes sobre o assunto veja Teologia Sistemática, Wayne Grudem, pg. 392.
[19] Augustus Hopkins Strong, Teologia Sistemática Vol. II, Editora Hagnos, pg. 45. 1ª Edição – Março 2003.
[20] Abraham Hatzamri e Shoshana More-Hatzamri em seu Dicionário Português-Hebraico e Hebraico-Português, afirmam que “alma” significa neshãmãh, nêphesh e ruah. Neste último caso pode está referindo-se a um significado ou, a um sinônimo. E ainda podemos acrescenta que a tradução exata de uma palavra depende do contexto em que ela se encontra na frase. Strong’s define neshãmãh; em seu Léxico Português Hebraico Online, como 1) respiração, espírito: 1a) fôlego (referindo-se a Deus); 1b) fôlego (referindo-se ao homem); 1c) tudo o que respira e 1d) espírito (do homem).
[21] A definição de Strong’s é: 1) vento, hálito, mente, espírito: 1a) hálito; 1b) vento: 1b1) dos céus; 1b2) pontos cardeais ("rosa-dos-ventos"), lado; 1b3) fôlego de ar; 1b4) ar, gás; 1b5) vão, coisa vazia. 1c) espírito (quando se respira rapidamente em estado de animação ou agitação): 1c1) espírito, entusiasmo, vivacidade, vigor; 1c2) coragem; 1c3) temperamento, raiva; 1c4) impaciência, paciência; 1c5) espírito, disposição (como, por exemplo, de preocupação, amargura, descontentamento); 1c6) disposição (de vários tipos), impulso irresponsável ou incontrolável; 1c7) espírito profético. 1d) espírito (dos seres vivos, a respiração do ser humano e dos animais); 1d1) como dom, preservado por Deus, espírito de Deus, que parte na morte, ser desencarnado. 1e) espírito (como sede da emoção): 1e1) desejo; 1e2) pesar, preocupação. 1f) espírito: 1f1) como sede ou órgão dos atos mentais; 1f2) raramente como sede da vontade; 1f3) como sede especialmente do caráter moral. 1g) Espírito de Deus, a terceira pessoa do Deus triúno, o Espírito Santo, igual e coeterno com o Pai e o Filho: 1g1) que inspira o estado de profecia extático; 1g2) que impele o profeta a instruir ou admoestar; 1g3) que concede energia para a guerra e poder executivo e administrativo; 1g4) que capacita os homens com vários dons; 1g5) como energia vital; 1g6) manifestado na glória da Sua habitação; 1g7) jamais referido como força despersonalizada.
[22] Veja a nota de roda pé anterior para o significado deste termo em hebraico. Esse termo ocorre 378 vezes no texto hebraico e 11 vezes nas porções aramaicas da Bíblia. Mais ou menos 113 rûah se refere a “vento” ou “ar em movimento”. Em 136 lugares rûah se refere ao “espírito de Deus”, deixando 130 referências para o “espírito humano” e outros significados.
[23] Veja mais detalhes com Ralph L. Smith, Teologia do Antigo Testamento – História, Método e Mensagem, pg. 255-56 – Edições Vida Nova, 1ª Edição: 2001.
[24] Strong’s define nephesh como: 1) alma, ser, vida, criatura, pessoa, apetite, mente, ser vivo, desejo, emoção, paixão: 1a) aquele que respira; a substância ou ser que respira; alma, o ser interior do homem; 1b) ser vivo; 1c) ser vivo (com vida no sangue); 1d) o próprio homem, ser, pessoa ou indivíduo; 1e) lugar dos apetites; 1f) lugar das emoções e paixões; 1g) atividade da mente: 1g1) duvidoso; 1h) atividade da vontade: 1h1) ambíguo; 1i) atividade do caráter: 1i1) duvidoso.
[25] Veja mais detalhes com Ralph L. Smith, Teologia do Antigo Testamento – História, Método e Mensagem, pg. 255-56 – Edições Vida Nova, 1ª Edição: 2001.
[26] Paulo não diz, doutrinariamente, “O homem é constituído de espírito, alma e corpo”; e nem que o “homem é dividido em três partes constituintes”; e muito menos que “o homem possui três substâncias: espírito, alma e corpo”.
[27] Sobre a interpretação de Hb 4.12 e 1 Ts 5.23, ver Bavinck, Bijbelsche Psychologie, 58-59; Louis Berkhof, Teologia Sistemática (Campinas: Luz Para o Caminho); Berkouwer, Man, 210; Sobre Hb 4.12 ver também F. F. Bruce, The Epistle to the Hebrews, in the New International Commentary sobre a série do Novo Testamento (Grand Rapids: Eerdmans, 1964), 80-83; Para uma defesa do pensamento tricotômico, ver F. Delitzsch, The Epistle to the Hebrews, (Edinburgh: T. & T. Clark, 202-14, especialmente 212-14.


Este Estudo faz parte da nossa Apostila de Introdução à Antropologia Bíblica - Cujas aulas foram ministradas em Salvador no STC - Seminário Teológico Cristocêntrico.

Visto que o homem só é conhecido em sua relação com Deus se faz necessário um estudo bíblico e sistemático das verdades contidas nas Escrituras Sagradas.

Shalom!

A Provação e a Queda do Homem

A provação do homem foi absolutamente essencial, a fim de capacitá-lo à completa expressão e exercício de sua liberdade intelectual e moral.
"Suponhamos que não tivesse havido proibição no jardim; que teria sucedido à livre agência moral de nossos primeiros pais? Ainda que criados com tal capaci­dade, não teriam tido oportunidade de exercê-la, e isso os teria transformado, virtualmente, em escravos da vontade de Deus. O mesmo teria sucedido se Deus não os tivesse criado com o poder do livre arbítrio. Em ambos os casos teriam sido seres diferentes do homem, conforme o conhecemos hoje, e, assim sendo, não poderiam ter sido os progenitores da raça humana. Se o homem tivesse sido criado pecaminoso, isso faria com que Deus fosse o Autor do pecado – um pen­samento intolerável, e teria destruído parcialmente a livre agência do homem, visto que lhe daria uma propensão para o mal." – Keyser.

O homem também não foi criado numa condição moral neutra; antes, foi-lhe outorgada uma natureza santa que, se permitida a exercer-se plenamente, sem incitamento externo em direção ao pecado e sem reação interna favorável ao mesmo, ter-se-ia expressado em caráter e conduta que também seriam santos. Esse exercício sem obstáculos da natureza moral, fora de qualquer teste, teria sido uma infração do exercício de sua liberdade moral. Era-lhe necessário ter o direito e a liberdade de escolher a retidão, e a liberdade de escolher tanto o mal como o bem.


Seu Significado.
Por provação do homem referimo-nos àquele período durante o qual ele foi sujeito a determinada prova, que consistiu de um mandamento positivo concernente à árvore do conhecimento do bem e do mal. Os resultados seriam: ou o favor continuado de Deus, por motivo de sua obediência; ou a imposição da penalidade da morte por motivo de sua desobediência.

Sua Realidade.
Gn 2.15-17 - Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. E lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.

Seu Período.
O período abrangido pela provação prolongou-se desde a criação de Adão e Eva até o tempo de seu fracasso e desobediência.
A provação do homem, que teve o propósito de submetê-lo à prova, abrangeu evidentemente o período de sua inocência.



A QUEDA
O homem não foi criado pecador, mas o pecado entrou no mundo dos homens através de usa própria escolha, consciente e voluntária.
Por quanto tempo nossos primeiros pais permaneceram em estado de inocência, durante o qual retiveram a imagem de Deus, da qual foram dotados por ocasião da criação, é impossível dizer.

I. Sua Realidade.
Rm 5.12: Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. (Gn 3.1-6; Rm 5.13-19; 1 Tm 2.14).
Adão e Eva, os primeiros membros da raça humana, pecaram contra Deus, e assim caíram da posição de favor e do estado de inocência em que foram criados.


II. Sua Maneira.
1. O Tentador: Satanás, por meio da Serpente.
Gn 3.1 - Mas a Serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o Senhor Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? (Ap 12.9; 20.2).

2. A Tentação.
(1) Primeiro passo (dado pela mulher).
A mulher ouviu a tentação aparentemente sozinha, desprotegida, e próxima do local proibido.

(2) Segundo passo (dado pela serpente).
A insinuante pergunta da serpente, aparentemente inocente, mas que continha uma insinuação de dúvida acerca da palavra de Deus: “É assim que Deus disse ... ?" Também insinuou dúvida quanto ao amor e justiça de Deus, ampliando a proibição única e reduzindo as extensas permissões.

(3) Terceiro passo (dado pela mulher).
A mulher replicou e debateu com o caluniador. Ela demonstrou haver compreendido as palavaras de Gn 2.16-17.

(4) Quarto passo (dado pela mulher).
Falsificou a Palavra de Deus. Ela deixou de lado “todas” e “livremente”, e acrescentou: “nem tocareis nele”; e também abrandou as palavras “no dia em que dela comerdes, certamente morrerás” para “para que não morrais”.
(Gn 3.2, 3; Gn 2.17).

(5) Quinto passo (dado pela serpente).
Este consistiu de uma aberta negação do castigo devido ao pecado, e de acusar Deus de haver proferido mentira. Também continha outra ousada acusação. Satanás acusou Deus de egoísmo, inveja e a firme resolução de degradar Suas criaturas e dominá-las.

(6) Sexto passo (dado pela mulher).
Ela crê no tentador. Ela viu que a árvore era (ver 1 Jo 2.16) boa para comer (concupiscência da carne), agradável à vista (concupiscência dos olhos), e desejável para transmitir sabedoria (soberba da vida).

(7) Sétimo passo (dado pela mulher).
Obedecendo ao tentador, ela tomou do fruto e o comeu (a mulher cedeu, sendo enganada).

(8) Oitavo passo (dado pela mulher).
Assumiu a posição de tentadora. Ela deu do fruto a seu marido, e ele comeu também (o homem cedeu, mas não por ter sido enganado) (1 Tm 2.14). Adão desobedeceu de olhos abertos, propositadamente, em lugar de procurar ajudar sua esposa e pedir perdão para ela e proteção para si mesmo. Para ele é que a proibição e a advertência tinham sido diretamente feitas (Gn 2.16, 17). Ele é o cabeça da raça, e assim trouxe o pecado sobre toda a raça (Rm 5.12, 16-19).


III. Seus Resultados.
1 . Para Adão e Eva em particular.
(1) Evidente perda de aparência pessoal apropriada, acompanhada da consciência de nudez e senso de vergonha (Gn 3.7; Sl 104.2; Mt 13.43; Dn 12.3).
Parece mesmo que os espíritos não-caídos de Adão e Eva possuíam um halo circundante de luz, que os livrava da aparência e da consciência de nudez. Tal proteção aparentemente se perdeu por ocasião de sua desobediência e pecado, causando neles o senso de impropriedade de aparência na presença de Deus e, talvez, na presença um do outro.

(2) Medo de Deus (Gn 3.8-10).
Antes do pecado, Adão e Eva tinham sem dúvida um santo temor de Deus, no sentido de respeito reverente, mas esse temor lhes proporcionava alegria e prazer na presença de Deus. O casal, sem dúvida, tinha profunda comunhão com Deus. Eles “corriam” para Deus ao ouvirem Sua voz. Mas, agora, infelizmente nasceu-lhes uma aversão pecaminosa por Deus e pelas coisas de Deus. E esta atitude acovardada de mente e coração os impeliu a fugir da presença de Deus e se esconderam.

(3) Expulsão do Jardim (Gn 3.23-24).
Para proteger o homem de ficar eternamente fixado em seu estado caído, Deus enviou Adão e Eva para fora do Jardim. O fato de Deus ter criado o homem para ser imortal e de que a morte é conseqüência do pecado está pelo menos implícito aqui. Comer da “árvore da vida” será o destino dos redimidos, pois a árvore da vida aparece na nova Jerusalém (Ap 22.2).
Ao homem foi dado originalmente o privilégio de comer livremente da árvore da vida (Gn 2.9, 16-17), mas por causa do pecado, o homem perdeu esse direito e Deus colocou essa árvore na lista de proibidos para esta vida.
O homem foi expulso (“divorciado”) do Jardim para cultivar o solo e Deus colocou querubins à porta do Éden “guardando o caminho para a árvore da vida”. Por causa do pecado, o único caminho de volta à presença de Deus é através do Senhor Jesus Cristo.

(4) Auto-justificação (Gn 3.7).

(5) A Imagem Maculada (corrompida ou caída) de Deus no Homem.
Sobre este assunto reservamos um bom espaço, e não há necessidade de falar a seu respeito. Mas se o leitor quiser anteceder, por favor, reporte-se à epígrafe “A Imagem de Deus”.

(6) Maldição sobre Eva (Gn 3.16).
Embora Deus havia criado a mulher para a reprodução e havia ordenado à Eva que fosse frutífera e se multiplicasse, esse papel funcional designado por Deus agora haveria de ser desempenhado com grandes dores. Assim sendo, as tremendas dores de parto são resultantes da queda, para as mulheres, assim como o “trabalho” para os homens.

E o conflito entre o homem e a mulher também foi resultante do pecado. A palavra “desejo”, conforme é usada em 3.16, não tem sentido sexual ou emocional, mas carrega no seu bojo a idéia que é expressa em Gn 4.7 acerca da natureza do pecado – “ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo” (NVI).

Repare especialmente que Deus declara que o homem terá domínio (senhorio) – “e ele a dominará”. Também em Gn 3.20, Adão exerce senhorio ao dar o nome de Eva à mulher, como fizera com os animais. Por outro lado, a mulher natural desejará controlar seu marido, e daí surge o conflito. Antes da queda, a submissão não era problema. Após a queda, a submisaõ da mulher ao homem tem lugar através de bastante tensão e rivalidade. Somente em Cristo, com o poder do Espírito, essa submissão ocorre.

2. Para a Raça em Geral.
Visto quer Adão era o cabeça federal da raça humana, sal ação foi representativa. Por conseguinte, aquele pecado, além de individual, foi a mesmo tempo racial. Houve, portanto, resultados que caíram sobre toda a espécie humana em conseqüência do pecado de Adão.

(1) A terra foi amaldiçoada par não produzir apenas o que é bom, exigindo trabalho laborioso por parte do homem (Gn 3.17-19).

(2) Resultou em tristeza e dor para a mulher no parto, bem como sua sujeição ao homem (Gn 3.16).

(3) Todos os homens são pecadores e estão debaixo da condenação (Rm 5.12; Rm 3.19; 3.9-10, 22, 23; Is 53.6; Gl 3.10; Ef 2.3; Jo 3.36).

(4) Resultou na morte física e espiritual dentro do tempo, e na penalidade ameaçada da morte eterna (Gn 2.17; Rm 6.23; Ez 18.4; gn 3.19; Gn 5.5; Rm 5.12).

(5) Os homens não-redimidos acham-se em impotente cativeiro ao pecado e a Satanás, e são considerados filhos do diabo (Rm 7.14, 15, 23, 24; I Jo 3.8-10; Jo 8.33-35; Ef 2.3; Jo 8.44; I Jo 5.19).
A transgressão do homem foi, como crime, a pior enormidade. Quanto à sua natureza, não foi mera desobediência à lei divina por parte do ofensor. Foi a mais crassa infidelidade, o dar crédito antes ao diabo do que a Deus; foi descontentamento e inveja, ao pensar que Deus lhe havia negado aquilo que era essencial para sua felicidade; foi um orgulho imenso, ao desejar ser igual a Deus; foi furto sacrílego, ao intrometer-se naquilo que Deus havia reservado para Si, como sinal de Sua soberania; foi suicídio e homicídio, ao trazer a morte contra si e contra toda a sua posteridade.

(6) Violência e homicídio.
Sendo Caim o primeiro assassino, pois matou ser irmão Abel (Gn 4.8). Desde então, a violência tem sido constante e a criminalidade aumenta cada vez mais.

(7) A corrupção geral do gênero humano.
A maldade do homem se multiplicou por toda a terra (Gn 6.5, 11, 12). Não obstante, o castigo de Deus pelo dilúvio, o homem não deixou de praticar a maldade.

(8) Enfermidades
Is 1.6, fala do estado lastimável do pecador.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Cinco Elementos Essenciais da Conversão Verdadeira

Leitura Selecionada: Mt.11.25-30.

COMENTÁRIO: O convite do Evangelho não é uma súplica aos pecadores, para que estes permitam que o Salvador entre em suas vidas. É, sim, um apelo e uma ordem a que se arrependam e sigam-No. Exige não somente uma aceitação passiva de CRISTO, mas também uma submissão ativa a Ele. Os que não querem render-se a JESUS não podem recrutá-Lo para tomar parte de uma vida tumultuada. Ele não irá atender aos acenos de um coração que acalenta o pecado, e nem fará aliança com quem vive para satisfazer as paixões da carne. Não atenderá o pedido de um rebelde, que meramente quer que Ele entre e, por Sua presença, santifique uma vida de contínua desobediência.

I. HUMILDADE (v:25).

JESUS ora: Ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Ele não quis dizer que “estas coisas” – as realidades espirituais do Reino – estão escondidas das pessoas inteligentes. Mas, que, aqueles que são orgulhosos em sua inteligência não poderão receber tão grande revelação Salvífica (I Co.1.26-30; Jr.9.23-24).
I Co.2.8-11 = As verdades da Salvação não são conhecidas empírica, objetiva e subjetivamente, mas pela revelação dAquele que penetra às profundezas de DEUS.
Sl.138.6 = Ainda que o SENHOR é excelso, atenta para os humildes; mas ao soberbo conhece-o de longe.
Is.57.15 = Porque assim diz o Alto e Sublime, o que habita na eternidade, e cujo o Nome é Santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos abatidos.


II. REVELAÇÃO (v:25 e 27).

A Salvação é para os humildes que recebem uma revelação de DEUS em JESUS CRISTO.
Se quisermos conhecer a DEUS conheçamos o Calvário. O Calvário revela, dentre outros, o Amor de DEUS.
O que é revelado é um conhecimento pessoal do PAI e do FILHO. Os únicos a recebê-lo são aqueles que foram escolhidos soberanamente.


III. ARREPENDIMENTO (v:28).

Ainda que a palavra arrependimento não seja usada aqui especificamente, é para isso que o SENHOR está chamando. “Vinde a Mim” requer uma reviravolta total, uma completa mudança de direção.
A palavra “cansados”, no grego, é Kopiao. Significa trabalhar ao ponto de suar e exaurir-se. À maneira como foi usada por JESUS, refere-se à futilidade de se tentar agradar a DEUS por meio de esforços humanos, descrevendo uma pessoa cansada de buscar a verdade, alguém que perdeu a esperança de tentar ganhar a salvação.
“Oprimido ou Sobrecarregado” traz à mente a triste imagem de alguém trabalhando duro, carregando um fardo que se torna mais e mais pesado. Os rabinos ensinavam que o caminho para se encontrar o descanso estava em obedecer as minúcias da Lei. Todavia, a Lei criava um jugo pesado demais para carregar (Cf. At.15.10), e o resultado do ensino dos rabinos foi uma nação inteira de gente completamente esgotada e em necessidade, desesperados de serem aliviados da carga esmagadora de uma consciência carregada de pecado e oprimida pela culpa.


IV. FÉ (v:28).

“Vinde a Mim” também equivale a dizer “creiam em Mim”. Em Jo.6.35 Ele disse: “Eu Sou o Pão da Vida; aquele que vem a Mim não terá fome; e quem crê em Mim nunca terá sede”.
A fé é o outro lado do arrependimento. Enquanto o arrependimento fala em abandonar o pecado, a fé fala de ir ao Salvador.
O objeto da fé salvadora não é um credo, nem uma Igreja, nem um pastor, nem um conjunto de rituais ou cerimônias. JESUS é o objeto da fé salvadora.


V. SUBMISSÃO (v:29 e 30).

A conversão verdadeira implica em sermos submissos ao Senhorio de JESUS. O convite de JESUS não termina com “Eu vos aliviarei”. Ele continua, dizendo: “Tomai sobre vós o Meu jugo...”

q Que símbolo encerra o jugo:
1) jugo era um símbolo de submissão.

Em Israel os jugos eram feitos de madeira, talhados cuidadosamente pela mão do carpinteiro para adaptarem-se ao pescoço dos animais que deveriam usá-los. O jugo usado pelo animal para puxar uma carga era utilizado pelo condutor para dirigir o animal.

2) jugo também significava discipulado.

Quando o SENHOR acrescentou a expressão “aprendei de Mim”, a figura foi bem clara para os seus ouvintes judeus. Nos escritos antigos, quando um aluno se submetia a um professor, dizia-se que ele tomava o jugo do professor. Um autor registra este provérbio: “Coloque o seu pescoço sob o jugo e deixe que a sua alma receba instrução”. Os rabinos falavam do jugo da instrução, do jugo da Torah, e do jugo da Lei.

3) jugo também envolve obediência.

É impossível crer nEle como Salvador se não nos submetermos a Ele como SENHOR.
JESUS não convida as pessoas a virem, se não querem tomar o Seu jugo e submeter-se a Ele.
A Salvação verdadeira ocorre quando um pecador em desespero dá as costas ao seu pecado e vai a JESUS disposto a que Ele assuma o controle.


SOLA GRATIA !

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Apascentando ovelha ou entretendo bode?


Um mal acontece no arraial professo do Senhor, tão flagrante na sua impudência, que até o menos perspicaz dificilmente falharia em notá-lo. Este mal evoluiu numa proporção anormal, mesmo para o erro, no decurso de alguns anos. Ele tem agido como fermento até que a massa toda levede.

O demônio raramente fez algo tão engenhoso, quanto insinuar à Igreja que parte da sua missão é prover entretenimento para o povo, visando alcançá-los. De anunciar em alta voz, como fizeram os puritanos, a Igreja, gradualmente, baixou o tom do seu testemunho e também tolerou e desculpou as leviandades da época. Depois, ela as consentiu em suas fronteiras. Agora, ela as adota sob o pretexto de alcançar as massas.

Meu primeiro argumento é que prover entretenimento ao povo, em nenhum lugar das Escrituras, é mencionado como uma função da Igreja. Se fosse obrigação da Igreja, porque Cristo não falaria dele? "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura" (Lc.16:15). Isto é suficientemente claro. Assim também seria, se Ele adicionasse "e provejam divertimento para aqueles que não tem prazer no evangelho". Tais palavras, entretanto, não são encontradas. Nem parecem ocorrer-Lhe.

Em outra passagem encontramos: "E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres"(Ef.4:11). Onde entram os animadores? O Espírito Santo silencia, no que se refere a eles. Os profetas foram perseguidos por agradar as pessoas ou por oporem-se a elas?

Em segundo lugar, prover distração está em direto antagonismo ao ensino e vida de Cristo e seus apóstolos. Qual era a posição da Igreja para com o mundo? "Vós sois o sal da terra" (Mt.5:13), não o doce açúcar – algo que o mundo irá cuspir, não engolir. Curta e pungente foi a expressão: "Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos"(Mt.8:22). Que seriedade impressionante!

Cristo poderia ter sido mais popular, se tivesse introduzido mais brilho e elementos agradáveis a sua missão, quando as pessoas O deixaram por causa da natureza inquiridora do seu ensino. Porém, eu não O escuto dizer: "Corre atrás deste povo Pedro, e diga-lhes que teremos um estilo diferente de culto amanhã; algo curto e atrativo, com uma pregação bem pequena. Teremos uma noite agradável para eles. Diga-lhes que, por certo, gostarão. Seja rápido, Pedro, nós devemos alcançá-los de qualquer jeito!".

Jesus compadeceu-se dos pecadores, lamentou e chorou por eles, mas nunca pretendeu entretê-los.

Em vão as epístolas serão examinadas com o objetivo de achar nelas qualquer traço do evangelho do deleite. A mensagem que elas contêm é: "Saia, afaste-se, mantenha-se afastado!"
Eles tinham enorme confiança no evangelho e não empregavam outra arma.

Depois que Pedro e João foram presos por pregar o evangelho, a Igreja reuniu-se em oração, mas não oraram: "Senhor, permite-nos que pelo sábio e judicioso uso da recreação inocente, possamos mostrar a este povo quão felizes nós somos". Dispersados pela perseguição, eles iam por todo mundo pregando o evangelho. Eles "viraram o mundo de cabeça para baixo". Esta é a única diferença! Senhor, limpe a tua Igreja de toda futilidade e entulho que o diabo impôs sobre ela e traze-a de volta aos métodos apostólicos.

Por fim, a missão do entretenimento falha em realizar o objetivo a que se propõe. Ela produz destruição entre os jovens convertidos. Permitam que os negligentes e zombadores, que agradecem a Deus porque a Igreja os recebeu no meio do caminho, falem e testifiquem! Permitam que falem os negligentes e zombadores, que foram alcançados por um evangelho parcial; que falem os cansados e oprimidos que buscaram paz através de um concerto musical. Levante-se e fale o bebado para quem o entretenimento na forma de drama foi um elo no processo de sua conversão! A resposta é óbvia: a missão de promover entretenimento não produz convertidos verdadeiros.

O que os pastores precisam hoje, é crer no conhecimento aliado a espiritualidade sincera; um jorrando do outro, como fruto da raiz. Necessitam de doutrina bíblica, de tal forma entendida e experimentada, que ponham os homens em chamas.


C.H. Spurgeon

quarta-feira, janeiro 04, 2006

A Divindade de Deus


Introdução: A verdadeira fé é aquela que dá a Deus o lugar que Lhe é devido. E se dermos a Deus o Seu lugar devido, assumiremos o lugar que nos é próprio –– no pó. E o que pode trazer a criatura orgulhosa e auto-suficiente mais rápido ao pó senão uma visão da Divindade de Deus? Nada é tão humilhante para o coração humano como o verdadeiro reconhecimento da absoluta soberania de Deus. O principal problema é que muito do que é considerado fé, hoje, não passa de frágil sentimentalismo. A fé da Cristandade, neste século XX, é mera credulidade, e o “deus” de muitas das nossas igrejas não é o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, mas um mero fruto da imaginação, que mentes finitas possam entender, cujos caminhos sejam agradáveis ao homem natural (não nascido de novo), um “deus” totalmente “igual” (Salmos 50:21) àqueles que professam adorá-lo, um “deus” a respeito do qual quase não há mistério. Mas como é diferente o Deus que as Escrituras revelam! DEle é dito, Seus caminhos são “inescrutáveis” (Romanos 11:33).
Para ser mais específico:

1. O “deus” moderno é completamente carente de poder.

A idéia popular, nos dias de hoje, é que a deidade é cheia de amigáveis intenções para com os homens, mas que Satanás está impedindo que se lhes faça algum bem. Não é da vontade de Deus, assim nos dizem, que haja guerras, pois as guerras são algo que os homens são incapazes de reconciliar com suas idéias da misericórdia divina. Então, a conclusão é que todas as guerras são do Diabo. Pragas e terremotos, fomes e furacões não são enviados por Deus, mas são atribuídos somente às causas naturais. Afirmar que o Senhor Deus enviou a recente epidemia de gripe (na época, matava –– Nota do Editor) como um golpe de julgamento, iria chocar a sensibilidade da mente moderna. Coisas como estas causam dor a “deus” pois “ele” NÃO deseja senão a felicidade de todos.


2. O “deus” moderno é completamente carente de sabedoria.

A crença popular é que Deus ama a todos, e que é da Sua vontade que cada filho de Adão seja salvo. Mas, se isto for verdade, Ele está estranhamento carecendo de sabedoria, pois Ele sabe muito bem que, sob as condições existentes, a maioria se perderá.


3. O “deus” moderno é carente de santidade.

Que o crime merece punição é aceito em parte, embora cada vez mais uma crença esteja ganhando terreno: a de que o criminoso é realmente mais objeto de pena do que de censura, e que ele precisa de educação e reforma ao invés de punição. Mas que o PECADO –– tanto pecados em pensamentos como em atos, pecados de coração como pecados da vida, pecados de omissão bem como de comissão, tanto a própria raiz pecaminosa como o seu fruto –– deva ser odiado por Deus, pecado contra o qual a Sua santa natureza se inflama, é um conceito que saiu quase que completamente de moda; e que o próprio pecador é odiado por Deus é negado com indignação mesmo por aqueles que se ufanam em alta voz da sua ortodoxia.


4. O “deus” moderno é completamente carente de prerrogativas de soberania.

Quaisquer que sejam os direitos que a deidade da Cristandade atual possa supostamente possuir em teoria, de fato eles devem ser subordinados aos “direitos” da criatura. Nega-se, quase universalmente, que os direitos do Criador sobre Suas criaturas seja o do Oleiro sobre o barro. Quando se afirma que Deus tem o direito de fazer um vaso para honra e outro vaso para desonra, o grito de injustiça ergue-se instantaneamente. Quando se afirma que a salvação é um dom e que este dom é conferido àqueles a quem Deus se agrada em dar, é dito que Ele é parcial e injusto. Se Deus tem algum dom para partilhar, Ele deve distribuir a todos igualmente, ou pelo menos distribuí-los àqueles que merecem, não importa quem possam ser. E assim é dada a Deus menos liberdade do que a mim, que posso distribuir minha caridade como bem quero, dando a um mendigo um pouco mais, a outro um pouco menos, e a um terceiro nada se assim achar por bem.
Como o Deus da Bíblia é diferente do “deus” moderno! O Deus da Escritura é Todo-Poderoso
Ele é aquele que fala e é feito, que ordena e há prontidão. Ele é Aquele para quem “todas as coisas são possíveis” e “faz todas as cousas segundo o conselho da sua vontade” (Efésios 1:1)...


I. O Deus da Escritura é infinito em sabedoria

Nenhum segredo pode ser escondido dEle, nenhum problema pode confundi-Lo, nada é difícil demais para Ele. Deus é onisciente - “Grande é o Senhor nosso e mui poderoso; o seu entendimento não se pode medir” (Salmos 147:5). Portanto se diz, “Não se pode esquadrinhar o seu entendimento” (Isaías 40:28). Daí a razão porque numa revelação dEle nós esperamos encontrar verdades que transcendem o alcance da mente da criatura, e, portanto, é evidente a tolice presunçosa e a impiedade daqueles que não passam de “pó e cinza” ao tentarem pronunciar a racionalidade ou irracionalidade das doutrinas que estão acima da razão!


II. O Deus da Escritura é infinito em santidade

O “único Deus verdadeiro” é aquele que odeia o pecado com uma perfeita repulsa, e cuja natureza eternamente se inflama contra ele. Ele é Aquele que contemplou a impiedade dos antediluvianos e que abriu as janelas do céu derramando o dilúvio da Sua justa indignação. Ele é Aquele que fez chover fogo e enxofre sobre Sodoma e Gomorra e destruiu completamente aquelas cidades da planície. Ele é Aquele que enviou pragas ao Egito, e destruiu seu orgulhoso monarca juntamente com seus exércitos no Mar Vermelho. Deus é tão santo e tal é o antagonismo da Sua natureza para com o mal que, por um pecado, Ele baniu nossos pais do Éden, por um pecado Ele amaldiçoou a posteridade de Cão; por um pecado Ele transformou a esposa de Ló numa coluna de sal; por um pecado Ele enviou fogo e devorou os filhos de Arão; por um pecado Moisés morreu no deserto; por um pecado Acã e sua família foram todos apedrejados até à morte; por um pecado o servo de Elias foi ferido com lepra. Contemplem, portanto, não somente a bondade, mas também “a severidade de Deus” (Romanos 11:22). E este é o Deus com quem todo aquele que rejeita a Cristo tem que se encontrar no julgamento!


III. O Deus da Escritura tem uma vontade que é irresistível

O homem fala e se orgulha da sua vontade, mas Deus também tem uma vontade! Os homens tiveram uma vontade nas planícies de Sinear e a dedicaram a construir uma torre cujo topo alcançasse o céu; mas em que resultou? O esforço cheio de vontade deles resultou em nada. Faraó tinha uma vontade quando ele endureceu seu coração e se recusou a permitir que o povo de Jeová fosse ao deserto e lá O adorasse, mas em que resultou? Deus tinha uma vontade, também, e sendo Todo-Poderoso Sua vontade foi realizada. Balaque tinha uma vontade quando contratou Balaão para vir a amaldiçoar os hebreus; mas de que adiantava? Os cananitas tinham uma vontade quando eles determinaram impedir Israel de ocupar a terra prometida; mas até onde eles foram bem sucedidos? Saul tinha uma vontade quando ele arremessou sua lança contra Davi, mas, ao invés de matar o ungido do Senhor, a lança foi parar na parede.
Sim, meu leitor, e você também tinha uma vontade quando fez seus planos sem buscar primeiro o conselho do Senhor, e por isso Ele os fez cair por terra. Assim como uma criança pode tentar impedir o oceano de se mover, assim também a criatura pode tentar resistir ao desenrolar do propósito do Senhor –– “Ah! SENHOR, Deus de nossos pais, porventura não és tu que dominas sobre todos os reinos dos povos? Na tua mão está a força e o poder, e não há quem te possa resistir” (2 Crônicas 20:6).


IV. O Deus da Escritura é Soberano absoluto.

Tal é a Sua própria reivindicação: “Este é o desígnio que se formou concernente a toda a terra; e esta é a mão que está estendida sobre todas as nações. Porque o SENHOR dos Exércitos determinou; quem, pois, o invalidará? A sua mão está estendida; quem, pois, a fará voltar atrás?” (Isaías 14:26 e 27). A Soberania de Deus é absoluta e irresistível: “Todos os habitantes da terra são por ele reputados em nada; e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Daniel 4:35). A Soberania de Deus é verdadeira não só hipoteticamente, mas de fato. Isto quer dizer, Deus exercita Sua soberania, a exercita tanto na esfera natural quando na espiritual. Um nasce negro, outro branco. Um nasce em riqueza, outro em pobreza. Um nasce com um corpo saudável, outro enfermo e defeituoso. Um é cortado na infância, outro vive até a velhice. A um são dados cinco talentos, a outros só um. Em todos estes casos é Deus o Criador que faz com que um seja diferente do outro, e “ninguém pode deter Sua mão”. É assim também na esfera espiritual. Um nasce em lar piedoso e é criado no temor e na admoestação do Senhor; o outro é nascido de pais criminosos e é criado no meio do vício. Um é objeto de muitas orações, por outro não se ora. Um ouve o Evangelho desde a infância, outro nunca o ouve. Um senta-se sob o ministério de alguém que ensina as Escrituras, outro não ouve nada senão erros e heresias. Daqueles que ouvem ao Evangelho, um tem o seu coração “aberto pelo Senhor” para receber a verdade, enquanto outro é deixado para si mesmo. Um é “ordenado para a vida eterna” (Atos 13:48), enquanto que outro é “ordenado” para condenação (Judas 4). Para quem Deus quer Ele mostra misericórdia, e para com quem Ele quer, Ele “endurece” (Romanos 9:18).
Arthur W. Pink

Fonte: Revista Os Puritanos.

terça-feira, janeiro 03, 2006

A Urgência da Ceifa

Leitura Seleta: Jl 3.13ª; Jo 4.31-38

Comentário: Nos versículos 31 e 33, os discípulos estavam preocupados com a satisfação física. Mas nos versículos 32 e 34, o Senhor Jesus estava preocupado em satisfazer a Vontade de Deus.
Para satisfazer a Vontade de Deus temos que renunciar nossos apetites.
A preocupação maior, ou melhor, a única do Senhor Jesus era realizar a Vontade de Deus, a qual Ele veio submeter-se e cumprir (Mt 26.39-44).
No Evangelho de João vemos como a Vontade de Deus estava no centro do ministério do Senhor Jesus: 5.30b: ...Porque não busco a Minha Vontade, mas a Vontade do Pai que me enviou. 6.38: Porque Eu desci do céu, não para fazer a minha Vontade, mas a Vontade dAquele que me enviou. Veja ainda 8.29. O Senhor Jesus foi enviado para realizar a Vontade e a Obra delineada por Deus e assim Deus foi glorificado no ministério do Senhor Jesus (Jo 17.4). Devemos, da mesma forma, imitar o nosso Amado Senhor realizando a Sua Vontade. A urgência e satisfação do Senhor estavam em realizar a Vontade do Pai. Não deveria ser essa nossa ocupação e satisfação?
Estamos mais interessados em que Deus faça o que queremos, do que em fazemos o que Deus quer. Quando começarmos a compreender que, fazendo a Vontade de Deus, seremos abençoados em tudo, então começaremos a ter uma visão real do que é ser um verdadeiro cristão (seguidor de Cristo, ou, aquele que imita a Cristo).
Estamos mais interessados em que Deus atenda os nossos pedidos, do que em atendermos as Suas ordens.
Estamos mais interessados em que Deus nos sirva, do que em servirmos a Deus.
Estamos mais preocupados em que Deus realize nossas obras, do que em realizarmos as Obras de Deus.
Estamos mais interessados em que Deus envie os Seus anjos para nos ajudar em nossos caprichos, do que em sermos enviados para fazer a Sua Obra (Jo 15.16).
Queremos ser mestres em vez de alunos. Ser senhores em vez de servos. Deuses em vez de homens.

v.35: Não dizeis vós... Jesus vai de encontro com a opinião errado dos discípulos. Na Obra de Deus o que prevalece não é a opinião de “A” ou “B”, mas a Palavra do Senhor. Não é o Senhor que está dizendo que não chegou o tempo de realizar a Vontade de Deus, mas os discípulos segundo suas opiniões.
Temos a mania (excentricidade – desviar-se do centro) de dar preferência a nossa opinião do que a Palavra de Deus. Estamos, muitas vezes, relegando a Palavra de Deus como uma opção em vez de um mandamento. E assim relegamos a Visão Divina para segundo ou último plano. Tentamos postergar a urgente Obra do Senhor para satisfazer os nossos anseios imediatos. Mantemos a nossa visão em detrimento da de Deus.
A nossa atenção não deve está no ...Dizeis vós..., mas no ...Eis que Eu vos digo... Veremos o que o nosso Senhor nos diz.

I. ORDEM DIVINA.
1. Levantai os vossos olhos – NVI – Abram os olhos.
Levantar os olhos é colocá-los acima de alguma coisa. Se a expressão “Levanta-te” quer dizer: “Coloque-se a minha disposição, porque Eu quero te usar”; então podemos afirma da expressão em apreço, que o Senhor Jesus está dizendo: “Coloquem os seus olhos a minha disposição, porque Eu quero usá-los”.
Há dois tipos de olhos: os Materiais e os Espirituais

Como os nossos olhos são abertos?
a) Pela Oração
(II Rs 6.17 – Observe no contexto que o profeta orou, mas foi Deus que abriu os olhos e cegou – v.18-20);
b) Pela Fé (Jo 11.40 – A visão espiritual é um ato de fé; Mc 10.46-52 – O cego, filho de Timeu);
c) Pela Saliva de Jesus (Mc 8.22-26).

2. Vede as terras – NVI – Vejam os campos.
Onde devemos por nossos olhos? Nos Campos (Jo 4.35). Nossos olhos são abertos pela Oração, pela Fé e pela Saliva de Jesus, mas só podemos ver pelo colírio (Ap 3.18: ...E que unjas os teus olhos com colírio para que vejas).

Há, atualmente, três tipos de campos:
a) O Campo da Evangelização: A Ação de proclamar as Boas Novas.
b) O Campo da Integração: A Ação de integrar ou introduzir o decidido à Igreja.
c) O Campo do Discipulado: A Ação de tornar o decidido em um discípulo maduro (Mt 28.19).

Há, também, três verdades sobre os campos:
a) Precisam ser vistos.
b) Estão maduros.
c) Eles já estão prontos para a colheita.

Três maneiras de atender à visão dos Campos Brancos para a ceifa:
a) Indo como missionário.
b) Contribuindo para o sustento daqueles que vão.
c) Orando em favor da Obra Missionária e dos obreiros enviados e mantenedores.

II. DOIS TIPOS DE VISÃO.
Visão Humana – Faltam quatro meses para a colheita.
Visão Divina – Os campos já estão maduros para a colheita.

III. DOIS TIPOS DE OBREIROS.
Os que semeiam – Os que realizam o trabalho árduo.
Os que ceifam – Os que usufruem do trabalho dos semeadores.
Dentro da óptica destes versículos, vivemos a ERA DA COLHEITA.
Semelhante ao Pai de família, da parábola dos trabalhadores da vinha, Deus sai para assalariar trabalhadores, não para semear, mas para ceifar (Mt 20.1-16).
Estamos na hora undécima no calendário profético Divino.
I Co 3.6-9: Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.

Soli Deo Gloria!
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Os Sete Símbolos da Salvação - S.S.S

COMENTÁRIO: Estes símbolos são o auge da salvação em Cristo, mediante a obra regeneradora do Espírito Santo (Tt 3.5).

01. O CHIFRE – A força da salvação – Lc 1.69; II Sm 22.3.
E nos levantou uma salvação poderosa na casa de Davi, seu servo,
Deus é o meu rochedo, e nele confiarei; o meu escudo, e a força de minha salvação, e o meu alto retiro, e o meu refúgio. Ó meu Salvador, de violência me salvaste.

02. O ROCHEDO – A firmeza da salvação – Sl 95.1.
Vinde, cantemos ao SENHOR! Cantemos com júbilo à rocha da nossa salvação!

03. A CIDADELA – A segurança da salvação – II Sm 22.2.
Disse, pois: O SENHOR é o meu rochedo, e o meu lugar forte (a minha cidadela ARA), e o meu libertador.

04. O CAPACETE – A conservação da salvação – Ef 6.17.
Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus,

05. O CÁLICE – A alegria da salvação – Sl 116.13.
Tomarei o cálice da salvação e invocarei o nome do SENHOR.

06. A FONTE – O refrigério da salvação – Is 12.3.
E vós, com alegria, tirareis águas das fontes da salvação.

07. AS VESTES – A beleza da salvação – Is 61.10.
Regozijar-me-ei muito no SENHOR, a minha alma se alegra no meu Deus, porque me vestiu de vestes de salvação, me cobriu com o manto de justiça, como um noivo que se adorna com atavios e como noiva que se enfeita com as suas jóias.