A Paixão de Deus por Sua glória!
RESPOSTA À PERGUNTA DO CONFERENCISTA WADSON CALAIS: "DEUS SOFRE POR SUA GLÓRIA?".
Recentemente no Facebook criei um grupo denominado “A paixão de Deus por Sua glória”. Neste grupo pretendo expor grandes verdades do santo evangelho relacionadas a Deus e a Sua paixão pela Sua glória.
E dos nossos irmãos, Wadson Calais, companheiro de juventude e irmão em Cristo Jesus, fez-nos uma pergunta com relação ao tema do grupo: “A paixão de Deus por sua Glória. Paixão = [igual] sofrimento, Deus sofre por sua glória?”.
Vamos responder a pergunta de nosso companheiro com algumas observações que se seguem.
A LÓGICA:
Nós sabemos que a lógica lida com os métodos de pensamento válido. Revela como tirar conclusões adequadas de premissas e é um pré-requisito de todo pensamento. Na verdade, ela se baseia em leis fundamentais da realidade e da verdade, os princípios que tornam possível o pensamento racional.
Então, se a lógica é base de todo o pensamento, é a base de todo pensamento sobre Deus (teologia). Alguns se opõem, dizendo que isso deixa Deus sujeito à lógica. Mas Deus é soberano e não está sujeito a nada além de Si mesmo. Na realidade, Ele não pode agir de forma contrária a ela.
Por um lado Deus não está sujeito à lógica; na verdade, nossas afirmações sobre Deus estão sujeitas à lógica. Todas as afirmações racionais devem ser lógicas. Já que a teologia procura fazer afirmações racionais, afirmações teológicas estão sujeitas às regras do pensamento racional, assim como qualquer outra afirmação.
Em relação a nós, nunca poderíamos falar sobre Deus sem a lei da não-contradição (lógica). Neste caso, a lógica é anterior a Deus porque precisamos usar a lógica antes de poder sequer pensar Nele racionalmente. A lógica é anterior a Deus na ordem do conhecimento, mas Deus é anterior à lógica na ordem da existência. A lógica é anterior a Deus epistemologicamente, mas Deus é anterior à lógica ontologicamente.
Tendo isto em mente desenvolvo meu argumento.
Uma resposta curta a pergunta do meu amigo, mas extremamente profunda é JESUS! Ou seja, ele me perguntou se Deus sofre, minha resposta é JESUS! Jesus sofreu, então Deus sofre, pois Jesus é Deus.
A LÓGICA da minha resposta é:
Premissa 01: Jesus Cristo sofreu;
Premissa 02: Jesus Cristo é Deus;
Conclusão: Logo Deus sofreu.
Agora vejam, para que a minha conclusão esteja certa (Deus sofreu), as duas premissas precisam ser verdadeiras. Acredito que o irmão Wadson seja um crente ortodoxo-evangélico que crê nas duas premissas expostas acima: (1) Jesus Cristo sofreu e (2) Jesus Cristo é Deus. Caso não acredite, nossa discussão caminhará para outros aspectos teológicos. Mas, crendo que o amado ainda é um crente em Jesus Cristo (Deus-Homem = a Pessoa Teantrópica – como ensina a cristologia), prossigo na minha defesa de que Deus é apaixonado pela Sua glória.
Notem que as Escrituras não escondem, mas revelam que o Senhor Jesus sofreu como Deus-Homem.
Lucas 22.15: E disse-lhes: Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do Meu sofrimento.
Hebreus 2.9: vemos, todavia, Aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos, Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi coroado de glória e de honra, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem. V.10: Porque convinha que Aquele, por cuja causa e por quem todas as coisas existem, conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse, por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles.
2Coríntios 1.5: Porque, assim como os sofrimentos de Cristo se manifestam em grande medida a nosso favor, assim também a nossa consolação transborda por meio de Cristo.
Filipenses 3.10: para O conhecer, e o poder da Sua ressurreição, e a comunhão dos Seus sofrimentos, conformando-me com Ele na Sua morte.
1Pedro 1.11: Investigando, atentamente, qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as glórias que os seguiriam.
1Pedro 4.13: Pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de Sua glória, vos alegreis exultando.
“Ao SENHOR agradou moê-Lo”.
A morte e o sofrimento de Cristo foram vontade e obra de Deus Pai. Isaías escreve: “Nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. [...] Ao SENHOR agradou moê-Lo, fazendo-O enfermar. (53.4,10). Mesmo assim, certamente, quando Deus Pai viu à agonia do Seu Filho amado e a maldade que O levou à cruz, não teve prazer nessas coisas em si (vistas pela lente estreita). Deus abomina o pecado como tal e o sofrimento do inocente.
Apesar disso, de acordo com Hebreus 2.10 (que citamos acima), Deus Pai achou apropriado aperfeiçoar o Pioneiro da nossa salvação por meio do sofrimento. Deus quis aquilo que Ele abomina. Ele o abominou na visão da lente estreita, mas não visão de ângulo aberto da eternidade (o propósito Maior). Quando considerava a universalidade das coisas, o Pai via a morte e o sofrimento do Filho de Deus como uma forma magnífica de demonstrar Sua justiça (Rm 3.25,26), de conduzir Seu povo à glória (Hb 2.10) e de manter os anjos louvando por todo o sempre (Ap 5.9-13).
Então, Deus usa Sua soberania para mostrar o grande objeto do Seu prazer, Sua GLÓRIA, a beleza das Suas perfeições multiformes. Ele faz tudo o que faz para exaltar o valor da Sua glória. Ele é apaixonado pela Sua glória! Jesus chamou a obra que veio realizar para a glória da graça e justiça divina de “minha paixão”. Deus Filho sofreu para a manifestação da glória eterna do Pai (de toda a Trindade é claro!) na salvação dos Seus eleitos e para a eterna alegria de Seu povo. Ele seria injusto se valorizasse qualquer coisa além daquilo que tem valor supremo, que é Ele mesmo. Por isso, afirmamos juntamente com os grandes teólogos: “O principal propósito de Deus, é glorificar a Deus e ter prazer em Si mesmo para sempre!”. Nas memoráveis palavras de Paulo logo após sua grande exposição do plano redentor de Deus para Sua glória e salvação do Seu povo, afirmamos: “Porque Dele, e por meio Dele, e para Ele são todas as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm 11.36).
As Escrituras afirmam categoricamente que Jesus Cristo é o Deus encarnado.
Como disse Tomé: “Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20.28).
Com essas palavras, Tomé declarou a sua firme crença na ressurreição e, portanto, na divindade de Jesus, o Messias e o Filho de Deus (Tt 2.13). Essa é a confissão mais importante que uma pessoa poder fazer. A confissão de Tomé serve de clímax apropriado ao propósito de João ao escrever o Evangelho (cf. 20.30-31).
O Senhor Jesus Cristo é completamente divino. O Senhor Jesus e o Pai, em essência, são Um (Jo 10.30).
O Senhor Jesus Cristo era completamente Deus e corporificou toda a essência e perfeições divinas (Fp 2.6; Cl 1.15; 2.9; Hb 1.3).
O Senhor Jesus Cristo revelou a natureza e o caráter de Deus aos homens (Jo 1.14,18; 14.9-11; Hb 1.2).
O Senhor Jesus é citado como parte integrante da Trindade Divina (Mt 28.19; 2Co 13.13 ou 14).
Tendo posto isto, agora falaremos o que pretendemos dizer com “paixão”.
O que é paixão?
É claro que esta palavra no contexto teológico, em certo sentido, está relacionada com o grande teólogo e filósofo Jonathan Edwards. O pastor e teólogo John Piper fala de “Jonathan Edwards, uma mente apaixonada por Deus”. Temos, aqui, dois termos voltados para Deus: mente e paixão (a palavra que incomodou o amado irmão Wadson). Essas duas palavras correspondem a uma das lições mais profundas que Edwards ensinou. A mente (ou entendimento) e a paixão (ou sentimento) correspondem a dois atos importantes de Deus e a duas maneiras de os seres humanos feitos à Sua imagem, refletirem a glória de Deus. Vejamos como Edwards se expressa:
“Deus é glorificado em Si mesmo destas duas maneiras: 01. Ao revelar-Se [...] em Seu entendimento perfeito [de Si mesmo], ou no Seu Filho, que é o resplendor da Sua glória. 02. Ao desfrutar a Si mesmo e deleitar-Se em Si mesmo, fluindo em amor infinito e deleite para Consigo mesmo, ou no Seu Espírito Santo [...] Assim, Deus glorifica a Si mesmo em relação às Suas criaturas também de duas maneiras: 01. Ao revelar-Se [...] ao entendimento delas. 02. Ao comunicar-Se ao coração delas, no regozijo e no prazer delas nas manifestações divinas que lhes são concedidas pelo próprio Deus [...] Deus é glorificado não apenas no fato de Sua glória ser vista, mas no fato de essa glória ser objeto de deleite. Quando aqueles que a veem se deleitam nela, Deus é mais glorificado do que quando eles apenas a veem. Sua glória é, então, recebida por toda alma, tanto pelo intelecto quanto pelo coração. Deus fez o mundo a fim de poder transmitir a Sua glória [Sl 19], e fez as criaturas a fim de poderem receber essa glória [cf. Is 43.7; Rm 3.23 8.29; 2Co 3.18], não apenas na mente, mas também no coração. Aquele que demonstra ter uma ideia da glória de Deus [não] glorifica a Deus tanto quanto aquele que demonstra de que aprova e se deleita nessa glória.”.
Neste ângulo vemos que a mente corresponde ao prazer na excelência da verdade dos atributos perfeitos de Deus. A paixão (no sentido que usamos) corresponde ao prazer na excelência e na beleza desses atributos. Deus é glorificado tanto ao ser compreendido (mente = racional) quanto ao ser desfrutado (coração = paixão). Deus nunca será tão glorificado pelos evangélicos que separam o prazer (paixão = coração) da compreensão (mente = racional). E não é tão glorificado pelos evangélicos de outro tipo, que separam a compreensão (racional) do prazer (paixão). Há verdades que devem ser entendidas corretamente e há beleza que deve ser desfrutada corretamente. Há doutrinas a serem compreendidas e há glória a ser experimentada.
Então, na visão teológica de Edwards, Piper e outros grandes estudiosos “paixão” fala de “afeições”. Ou seja, “uma emoção ou sentimento”; “um estado mental para com alguma coisa: disposição para”. Assim Deus tem afeições, emoções, sentimento, uma disposição para Sua glória. Ele é glorificado nos Seus atributos e na revelação do Seu Ser. Ele é glorificado no Seu Filho. Na criação. Na salvação. Na condenação. E em todas as coisas que Ele planejou e executa.
O próprio Edwards define “afeições”, “emoções”, “paixão” como as ações mais vivas e intensas da inclinação da alma e da vontade. Ele continua dizendo que Deus deu às almas humanas dois poderes principais: o primeiro é a compreensão, pela qual examinamos e julgamos as coisas; o segundo poder nos permite ver as coisas, não como espectadores indiferentes, mas gostando ou não delas, agradando-nos ou não nelas, aprovando-as ou rejeitando-as. Às vezes chamamos a esse segundo poder, nossa inclinação. Relacionando-as com nossas decisões, normalmente damos-lhes o nome de vontade. Quando a mente exercita sua inclinação ou vontade, então muitas vezes chamamos à mente “o coração”.
Então quando usamos a palavra “paixão” ela tem o significado que a palavra moderna “amor” tem. Deus ama a Sua glória! Deus é apaixonado pela Sua glória! Deus está inclinado, segundo a Sua soberana vontade, para fazer tudo para Sua glória!
Poderíamos falar muitas coisas sobre isso, mas acredito que ficou bastante claro!
Agora, vou descrever outras verdades teologicamente.
DEUS SOFRE?
Alguém pode afirma: “Não acredito que Deus possa realmente sofrer. Como você pode dizer que Deus é Todo-Poderoso, Soberano, e está totalmente no controle para, em seguida, dizer que Ele pode ser afetado pelos problemas e pela maldade em Sua criação?”.
A resposta pode ser que por Deus Ser Todo-Poderoso, Ele é capaz de sofrer sem que isso cause danos ao Seu caráter e a Seus propósitos. Porque Ele é verdadeiramente soberano, Ele é capaz de tomar a maldade existente no mundo decaído e usá-la para Seus próprios propósitos (Gn 50.20). Por estar totalmente no controle do universo, Ele é capaz de administrar Sua tristeza, sabendo que o resultado eterno final terá valido a pena suportar. Foi pela “alegria que lhe fora proposta” (Hb 12.2) que o Senhor Jesus foi à cruz, e tanto a encarnação quanto a crucificação demonstram a realidade do sofrimento de Deus; não em função de Sua fraqueza, mas a favor da nossa (1Pe 2.21) e do louvor de Sua glória e graça (Ef 1.6,12). O escritor aos Hebreus nos revela que o sofrimento de Cristo foi um dos aspectos importantes do ministério de Cristo como nosso sumo sacerdote: “Por isso mesmo convinha que, em todas as coisas [até no sofrimento] Se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus, e para fazer propiciação pelos pecados do povo.” (Hb 2.17 leia todo o contexto para melhor compreender).
Posto estas verdades, surge outra pergunta: “Mas se Deus realmente sofre, Ele não está à mercê da desordem e da dor? Como isso se harmoniza com um Deus Todo-Poderoso?”.
A nossa resposta é que Deus não está à mercê do sofrimento ou de qualquer outra coisa ou mesmo de alguém. Ele escolheu soberanamente entrar em sofrimento, suportá-lo e, ainda assim, triunfar nele e sobre ele (cf. Lc 24.43-46; At 3.18). Sua alternativa é separar-Se de Sua criação, abandoná-la a um universo deísta e sair de cena. Mas muito antes da encarnação, Deus escolheu entrar plenamente no sofrimento de um mundo e identificar-Se completamente com todos os sofrimentos possíveis que, até aquele momento, nunca os tinha experimentado; Ele é o “Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo” (Ap 13.8).
TEXTOS BÍBLICOS SOBRE O “SOFRIMENTO” DE DEUS.
Citarei apenas dois textos:
Isaías 63.8-9: “Porque ele dizia: Certamente, eles são meu povo, filhos que não mentirão; e se lhes tornou o seu Salvador. Em toda a angústia [NVI reza “aflição”] deles, foi Ele angustiado [NVI reza “Ele se afligiu”], e o Anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor e pela Sua compaixão, Ele os remiu, os tomou e os conduziu todos os dias da antiguidade.”.
Vemos nesse texto a condescendência divina em favor de Seu povo. Ele é um Deus misericordioso que se refere aos profundos sentimentos que Ele expressa por causa da angústia do povo (v.7-8).
O SENHOR (Yahweh) estava ligado tão intimamente aos israelitas (v.9) que “em toda a angústia deles foi Ele angustiado”. Como um pai sofre juntamente com seus filhos, Yahweh foi afligido pela aflição deles (Deus sofreu juntamente com Seu povo) – uma expressão antropopática (que descreve Deus em afeições/sentimentos humanas), mas uma expressão que indica como Ele Se envolveu profundamente, e foi comovido pelas tristezas deles.
Ezequiel 6.9: “Ali, nas nações para onde vocês tiverem sido levados cativos, aqueles que escaparem se lembrarão de Mim; lembrarão como fui entristecido por seus corações adúlteros, que se desviaram de Mim, e, por seus olhos, que cobiçaram os seus ídolos [...].”.
DEUS REALMENTE SENTE?
“Jesus estará em agonia até o fim do mundo. Não devemos adormecer durante esse tempo”. Blaise Pascal.
Os cristãos primitivos não pareciam se maravilhar muito com essa questão. Certamente, os discípulos que estiveram com Jesus nunca pareceram se preocupar com ela; eles o viram irritado, triste, sofrendo, feliz e decidido; eles podem ter se perguntado por que Ele estava triste, mas é duvidoso que tenham debatido se o tipo de “tristeza” era de alguma forma realmente ao tipo de tristeza deles. Eles viram Deus se mostrar nessas características de Jesus; afinal, a descrição favorita para Si mesmo era “Filho do Homem”.
Onde a Confissão do credo diz que Deus “não tem partes ou paixões”, (talvez seja daí que o irmão Wadson não queira conectar a palavra “paixão” a Deus), parece que os pais de Westminster estavam se referindo às partes ou paixões “corpóreas” (i.e., que Ele é um espírito incorpóreo).
Como C. S. Lewis destaca, essas declarações de credo foram escritas primariamente para mostrar quão maior, e mais maravilhoso, Deus é quando comparado às nossas limitações humanas.: “Os grandes profetas e santos possuem uma intuição positiva e concreta de Deus, no mais alto grau. Pelo fato de terem observado que Ele é a plenitude de vida, energia e contentamento (tendo tocado apenas a fímbria do Seu Ser), veem-se portanto, obrigados (por essa única razão) a declarar que Ele transcende aquelas limitações que chamamos de personalidade, paixão, mudança, matéria e outras. [...] O propósito desse despojamento não é levar nossa ideia de Deus até o ponto da nudez, mas revesti-la. Quando removemos de nosso conceito de Deus alguma característica humana secundária, [...] não temos recursos que nos forneçam aquele atributo ofuscante e concreto da divindade que possa substituí-la”.
APATIA DIVINA? DEUS NÃO TEM PAIXÕES!
A “apatia divina” é uma ideia filosófica, desenvolvida primeiramente pelos filósofos gregos e adaptada por alguns dos teólogos do cristianismo primitivo. Podemos facilmente enxergar o porquê – queriam proteger a ideia cristã de Deus impedindo qualquer identificação Dele com as coisas sujeitas à falha, mudança e decadência. Certamente é impensável que o Deus onipotente esteja sujeito à dor física ou susceptível a dano. Talvez também fosse errado pensar que Ele tem até mesmo sentimentos emocionais de dor como nós. Os gregos pensavam que a diferença, a diversidade, o movimento e o sofrimento eram inapropriados à natureza divina.
Assim, alguns pais da igreja primitiva, utilizando a filosofia grega, viram a apatia como a essência da natureza divina, e com a manifestação mais pura da salvação humana na comunhão com Deus. Enquanto, na prática, adorassem o Cristo crucificado como Deus, e pregassem sobre o sofrimento de Deus, muitos se sentiram obrigados a adaptar sua teologia para seguir a indicação filósofos. O “Sujeito Absoluto” [Deus] da filosofia nominalista e idealista certamente não poderia sofrer; caso contrário não seria absoluto.
Ainda assim, textos simples da Escritura parecem mostrar que Deus realmente experimenta alegria e sofrimento. Como podemos explicar isso? C. S. Lewis comenta: “Se Deus fala algumas vezes como se o Impassível pudesse sofrer paixão e a plenitude eterna pudesse ter qualquer carência, [...] isto só pode significar, caso represente algo inteligível para nós, que o Deus dos milagres tornou-Se capaz de sentir tal anseio e criar em Si mesmo aquilo que podemos satisfazer. Se Ele nos quer, esse desejo é de Sua própria escolha [não uma necessidade inerente ao Seu Ser]. Se o coração imutável pode ser entristecido pelas marionetes que Ele mesmo fez, foi a onipotência divina, e nada mais, que assim o sujeitou, voluntariamente, e com humildade que excede todo entendimento [...] Se Aquele, que em Si mesmo tem tudo, escolhe necessitar de nós, é porque necessitamos de quem nos necessite.”.
TEOPATIA – SENTIMENTOS DIVINO.
“Uma criança saudável é, de alguma forma, muito parecida com Deus. Uma criança em sofrimento é parecida com Seu Filho”. Calvin Miller.
Em seu detalhado estudo da Trindade, Jürgen Moltmann é um dos teólogos que optam pela teopatia – a doutrina dos sentimentos de Deus, em lugar de sua apatia. Ele afirma que é mais consistente entender o sofrimento de Cristo como o sofrimento de um Deus enternecido “se deixarmos de colocar o axioma da apatia de Deus como o ponto de partida e, em vez disso, partirmos do axioma que Deus tem fortes sentimentos”.
“Impassível, inamovível, unida e autossuficiente, a divindade se confronta com um mundo móvel, sofredor e dividido, que nunca é suficiente para si mesmo. [...]” Mas, em contraste, o sentimento de Deus e Seu sofrimento são o próprio centro da história e da tradição cristã. Então, essas são as únicas alternativas; um Deus que é incapaz de sofrer ou um Deus que está à mercê do sofrimento? Não, Moltmann sugere:
“Existe uma terceira forma de sofrimento – o sofrimento ativo – colocar-se voluntariamente aberto ao outro, permitindo-se ser intimamente afetado por esse outro; ou seja, o sofrimento do amor apaixonado. [...] Na teologia cristã, o axioma da apatia diz apenas que Deus não está sujeito ao sofrimento da mesma forma que estão as criaturas transitórias, criadas. Não é, de fato, sequer um axioma real. É uma declaração comparativa. Não exclui a dedução de que, em outro aspecto, Deus certamente pode sofrer e realmente sofre. Se Deus fosse incapaz de sofrer em todos os aspectos, Ele, então, seria incapaz de amar. Ele seria, no máximo, capaz de amar a Si mesmo, mas não de amar o outro como a Si mesmo [...] Mas se Ele é capaz de amar algo mais, então Ele Se coloca aberto para o sofrimento que o amor pelo outro lhe traz; e ainda assim, em virtude de Seu amor, Ele permanece Senhor sobre a dor que o amor lhe causou. Deus não sofre por causa da deficiência de Seu Ser, como seres criados. [...] Mas Ele sofre por causa do amor que Nele é superabundante e transbordante.”. Ele sofre por que quis sofrer. E o ponto alto e demonstrativo de Seu sofrimento está na encarnação. O Deus bendito se fez homem! Este é um grande mistério que devemos, dada à profundidade da revelação, nos quedar humildemente em louvor e adoração.
Orígenes escreveu: “Ele, o Redentor, desceu a terra por causa de Sua simpatia pela raça humana. Ele levou nossos sofrimentos sobre Si, antes de suportar a cruz, [...], pois se não tivesse sentido tais sofrimentos, Ele não chegaria a participar da vida humana. O que é essa paixão que Ele sofreu por nós? É a paixão do amor. E o próprio Pai, Deus do Universo, ‘mui paciente e cheio de amor’ (Sl 103.8), também não sofre de certa maneira? Ou você não sabe que Ele, quando condescende com o homem, sofre o sofrimento humano? Pois o Senhor, teu Deus, tomou teus caminhos sobre Si, ‘como um pai carrega seu filho’ (Dt 1.31). [...] Mesmo o Pai não é incapaz de sofrer. Quando clamamos a Ele, Ele é misericordioso, e sente nossa dor conosco. Ele sofre o sofrimento do amor, tornando-se algo que, por causa da grandeza de Sua natureza, Ele não pode ser, e suporta o sofrimento humano em favor de nós”.
Até mesmo o grande teólogo Charles Hodge chama a atenção para isso quando comenta: “Os escolásticos, e com frequência os teólogos filosóficos, dizem que não existe sentimento em Deus. Isso, segundo eles, implicaria passividade ou suscetibilidade de impressão vinda de fora, o que se presume incompatível com a natureza de Deus. [...] Tal doutrina está em real contradição com as representações de Deus no Antigo Testamento. [...] Aqui, novamente temos de escolher entre a mera especulação filosófica e o claro testemunho da Bíblia e de nossa própria natureza moral e religiosa. Amor necessariamente implica sentimento, e, se não há em Deus sentimento algum, então não pode existir amor”.
Conclusão: Será que Deus sofre? Minha resposta é a mesma que se deve dar a pergunta: Qual sangue nos comprou? A resposta está descrita por Paulo em Atos 20.28: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual Ele comprou com o Seu próprio sangue.”. Ou seja, fomos comprados pelo sangue de Deus! Deus tem sangue? Sim e não! Ele é Espírito e não tem corpo e muito menos sangue. Mas, na encarnação Deus tem corpo e tem sangue. Então, soteriologicamente nós fomos comprados pelo sangue de Deus. Ontologicamente Deus não tem sangue, mas soteriologicamente na encarnação Ele derramou Seu eterno sangue para nos remir e comprar. Não é um sangue temporal, por ser de Deus é o sangue da eterna aliança, conforme Hebreus 13.20: “Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança”.
Então, Deus sofreu! Deus sofreu soteriologicamente por Sua glória no sacrifício eterno de Cristo Jesus, Seu amado Deus Filho. Ontologicamente Deus nunca está sujeito aos sofrimentos e limitações humanas, mas na encarnação Ele despojou do exercício de Seus atributos e sofreu, e até morreu a morte de cruz para Sua glória em todas as coisas.
O nosso grande problema é que às vezes cometemos o que o estudo exegético chama de “anacronismo semântico”. Ou seja, damos significados às palavras que elas, quando escritas ou usadas em determinado período da história, não tinham. Quantos de nós não cometemos este “crime” afirmando que o evangelho é a dinamite de Deus. Isto é uma falsa interpretação da expressão paulina que diz: “o evangelho é o poder de Deus” (Rm 1.16). A palavra poder vem da palavra grega que traz em alguns dicionários atuais os seguintes desdobramentos: “dinâmico, dínamo e dinamite”. É daí que vemos muitos pregadores, como também fiz anteriormente, afirmando que Deus vai “despedaçar, explodir, destruir” tudo pelo evangelho. Mas, a questão é: Quando Paulo escreveu ele pensava em dinamite? Aliás, tinha dinamite em sua época? É claro que não! Isso é um exemplo clássico que nós podemos dar a uma palavra o significado não pretendido pelo seu autor original.
O evangelho é poder de Deus para a salvação (Rm 1.16). Não uma dinamite para destruição. O poder de Deus, dado pela virtude do Espírito Santo, é para nos transformar em testemunhas do evangelho de Cristo (At 1.8). Não em máquinas destruidoras de vidas. O dynamis (palavra grega para poder) é a virtude miraculosa do Espírito Santo para regenerar e renovar todo aquele que crer (Tt 3.5).
Diante do explicado acima, o meu amigo Wadson cometeu exatamente um anacronismo semântico. Ou seja, ele não entendeu o significado da palavra “paixão” em minha frase: A paixão de Deus por Sua glória (grupo que criei no facebook). Por isso, talvez, olhando o significado da palavra “paixão” na Wikipédia ele me fez a pergunta curta, mas sútil! Acredito que na Wikipédia o termo tenha mais uma influência psicológica do que teológica.
Notamos que num dicionário bíblico e teológico como o de Vine o termo paixão vem do substantivo grego pathema, que deriva de pathos, ou seja, “sofrimento”, “aflição”, “afeto”. A palavra é usada para descrever as aflições dos cristãos (Rm 8.18); e os sofrimentos de Cristo (Deus Filho) (1Pe 1.11; 5.1; Hb 2.9). Citamos até aqui só pra termos um exemplo. É o contexto, outra regra da exegese, que determina o significado da palavra e não a etimologia dela. (esse erro é chamado de “falácia do radical”. Talvez o irmão Wadson também tenha “caído” nele).
Posto tudo isso, continuo afirmando:
Deus é apaixonado pela Sua glória revelada sumamente em Cristo Jesus!
Soli Deo Gloria!
RESPOSTA À PERGUNTA DO CONFERENCISTA WADSON CALAIS: "DEUS SOFRE POR SUA GLÓRIA?".
Recentemente no Facebook criei um grupo denominado “A paixão de Deus por Sua glória”. Neste grupo pretendo expor grandes verdades do santo evangelho relacionadas a Deus e a Sua paixão pela Sua glória.
E dos nossos irmãos, Wadson Calais, companheiro de juventude e irmão em Cristo Jesus, fez-nos uma pergunta com relação ao tema do grupo: “A paixão de Deus por sua Glória. Paixão = [igual] sofrimento, Deus sofre por sua glória?”.
Vamos responder a pergunta de nosso companheiro com algumas observações que se seguem.
A LÓGICA:
Nós sabemos que a lógica lida com os métodos de pensamento válido. Revela como tirar conclusões adequadas de premissas e é um pré-requisito de todo pensamento. Na verdade, ela se baseia em leis fundamentais da realidade e da verdade, os princípios que tornam possível o pensamento racional.
Então, se a lógica é base de todo o pensamento, é a base de todo pensamento sobre Deus (teologia). Alguns se opõem, dizendo que isso deixa Deus sujeito à lógica. Mas Deus é soberano e não está sujeito a nada além de Si mesmo. Na realidade, Ele não pode agir de forma contrária a ela.
Por um lado Deus não está sujeito à lógica; na verdade, nossas afirmações sobre Deus estão sujeitas à lógica. Todas as afirmações racionais devem ser lógicas. Já que a teologia procura fazer afirmações racionais, afirmações teológicas estão sujeitas às regras do pensamento racional, assim como qualquer outra afirmação.
Em relação a nós, nunca poderíamos falar sobre Deus sem a lei da não-contradição (lógica). Neste caso, a lógica é anterior a Deus porque precisamos usar a lógica antes de poder sequer pensar Nele racionalmente. A lógica é anterior a Deus na ordem do conhecimento, mas Deus é anterior à lógica na ordem da existência. A lógica é anterior a Deus epistemologicamente, mas Deus é anterior à lógica ontologicamente.
Tendo isto em mente desenvolvo meu argumento.
Uma resposta curta a pergunta do meu amigo, mas extremamente profunda é JESUS! Ou seja, ele me perguntou se Deus sofre, minha resposta é JESUS! Jesus sofreu, então Deus sofre, pois Jesus é Deus.
A LÓGICA da minha resposta é:
Premissa 01: Jesus Cristo sofreu;
Premissa 02: Jesus Cristo é Deus;
Conclusão: Logo Deus sofreu.
Agora vejam, para que a minha conclusão esteja certa (Deus sofreu), as duas premissas precisam ser verdadeiras. Acredito que o irmão Wadson seja um crente ortodoxo-evangélico que crê nas duas premissas expostas acima: (1) Jesus Cristo sofreu e (2) Jesus Cristo é Deus. Caso não acredite, nossa discussão caminhará para outros aspectos teológicos. Mas, crendo que o amado ainda é um crente em Jesus Cristo (Deus-Homem = a Pessoa Teantrópica – como ensina a cristologia), prossigo na minha defesa de que Deus é apaixonado pela Sua glória.
Notem que as Escrituras não escondem, mas revelam que o Senhor Jesus sofreu como Deus-Homem.
Lucas 22.15: E disse-lhes: Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do Meu sofrimento.
Hebreus 2.9: vemos, todavia, Aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos, Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi coroado de glória e de honra, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem. V.10: Porque convinha que Aquele, por cuja causa e por quem todas as coisas existem, conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse, por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles.
2Coríntios 1.5: Porque, assim como os sofrimentos de Cristo se manifestam em grande medida a nosso favor, assim também a nossa consolação transborda por meio de Cristo.
Filipenses 3.10: para O conhecer, e o poder da Sua ressurreição, e a comunhão dos Seus sofrimentos, conformando-me com Ele na Sua morte.
1Pedro 1.11: Investigando, atentamente, qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as glórias que os seguiriam.
1Pedro 4.13: Pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de Sua glória, vos alegreis exultando.
“Ao SENHOR agradou moê-Lo”.
A morte e o sofrimento de Cristo foram vontade e obra de Deus Pai. Isaías escreve: “Nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. [...] Ao SENHOR agradou moê-Lo, fazendo-O enfermar. (53.4,10). Mesmo assim, certamente, quando Deus Pai viu à agonia do Seu Filho amado e a maldade que O levou à cruz, não teve prazer nessas coisas em si (vistas pela lente estreita). Deus abomina o pecado como tal e o sofrimento do inocente.
Apesar disso, de acordo com Hebreus 2.10 (que citamos acima), Deus Pai achou apropriado aperfeiçoar o Pioneiro da nossa salvação por meio do sofrimento. Deus quis aquilo que Ele abomina. Ele o abominou na visão da lente estreita, mas não visão de ângulo aberto da eternidade (o propósito Maior). Quando considerava a universalidade das coisas, o Pai via a morte e o sofrimento do Filho de Deus como uma forma magnífica de demonstrar Sua justiça (Rm 3.25,26), de conduzir Seu povo à glória (Hb 2.10) e de manter os anjos louvando por todo o sempre (Ap 5.9-13).
Então, Deus usa Sua soberania para mostrar o grande objeto do Seu prazer, Sua GLÓRIA, a beleza das Suas perfeições multiformes. Ele faz tudo o que faz para exaltar o valor da Sua glória. Ele é apaixonado pela Sua glória! Jesus chamou a obra que veio realizar para a glória da graça e justiça divina de “minha paixão”. Deus Filho sofreu para a manifestação da glória eterna do Pai (de toda a Trindade é claro!) na salvação dos Seus eleitos e para a eterna alegria de Seu povo. Ele seria injusto se valorizasse qualquer coisa além daquilo que tem valor supremo, que é Ele mesmo. Por isso, afirmamos juntamente com os grandes teólogos: “O principal propósito de Deus, é glorificar a Deus e ter prazer em Si mesmo para sempre!”. Nas memoráveis palavras de Paulo logo após sua grande exposição do plano redentor de Deus para Sua glória e salvação do Seu povo, afirmamos: “Porque Dele, e por meio Dele, e para Ele são todas as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm 11.36).
As Escrituras afirmam categoricamente que Jesus Cristo é o Deus encarnado.
Como disse Tomé: “Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20.28).
Com essas palavras, Tomé declarou a sua firme crença na ressurreição e, portanto, na divindade de Jesus, o Messias e o Filho de Deus (Tt 2.13). Essa é a confissão mais importante que uma pessoa poder fazer. A confissão de Tomé serve de clímax apropriado ao propósito de João ao escrever o Evangelho (cf. 20.30-31).
O Senhor Jesus Cristo é completamente divino. O Senhor Jesus e o Pai, em essência, são Um (Jo 10.30).
O Senhor Jesus Cristo era completamente Deus e corporificou toda a essência e perfeições divinas (Fp 2.6; Cl 1.15; 2.9; Hb 1.3).
O Senhor Jesus Cristo revelou a natureza e o caráter de Deus aos homens (Jo 1.14,18; 14.9-11; Hb 1.2).
O Senhor Jesus é citado como parte integrante da Trindade Divina (Mt 28.19; 2Co 13.13 ou 14).
Tendo posto isto, agora falaremos o que pretendemos dizer com “paixão”.
O que é paixão?
É claro que esta palavra no contexto teológico, em certo sentido, está relacionada com o grande teólogo e filósofo Jonathan Edwards. O pastor e teólogo John Piper fala de “Jonathan Edwards, uma mente apaixonada por Deus”. Temos, aqui, dois termos voltados para Deus: mente e paixão (a palavra que incomodou o amado irmão Wadson). Essas duas palavras correspondem a uma das lições mais profundas que Edwards ensinou. A mente (ou entendimento) e a paixão (ou sentimento) correspondem a dois atos importantes de Deus e a duas maneiras de os seres humanos feitos à Sua imagem, refletirem a glória de Deus. Vejamos como Edwards se expressa:
“Deus é glorificado em Si mesmo destas duas maneiras: 01. Ao revelar-Se [...] em Seu entendimento perfeito [de Si mesmo], ou no Seu Filho, que é o resplendor da Sua glória. 02. Ao desfrutar a Si mesmo e deleitar-Se em Si mesmo, fluindo em amor infinito e deleite para Consigo mesmo, ou no Seu Espírito Santo [...] Assim, Deus glorifica a Si mesmo em relação às Suas criaturas também de duas maneiras: 01. Ao revelar-Se [...] ao entendimento delas. 02. Ao comunicar-Se ao coração delas, no regozijo e no prazer delas nas manifestações divinas que lhes são concedidas pelo próprio Deus [...] Deus é glorificado não apenas no fato de Sua glória ser vista, mas no fato de essa glória ser objeto de deleite. Quando aqueles que a veem se deleitam nela, Deus é mais glorificado do que quando eles apenas a veem. Sua glória é, então, recebida por toda alma, tanto pelo intelecto quanto pelo coração. Deus fez o mundo a fim de poder transmitir a Sua glória [Sl 19], e fez as criaturas a fim de poderem receber essa glória [cf. Is 43.7; Rm 3.23 8.29; 2Co 3.18], não apenas na mente, mas também no coração. Aquele que demonstra ter uma ideia da glória de Deus [não] glorifica a Deus tanto quanto aquele que demonstra de que aprova e se deleita nessa glória.”.
Neste ângulo vemos que a mente corresponde ao prazer na excelência da verdade dos atributos perfeitos de Deus. A paixão (no sentido que usamos) corresponde ao prazer na excelência e na beleza desses atributos. Deus é glorificado tanto ao ser compreendido (mente = racional) quanto ao ser desfrutado (coração = paixão). Deus nunca será tão glorificado pelos evangélicos que separam o prazer (paixão = coração) da compreensão (mente = racional). E não é tão glorificado pelos evangélicos de outro tipo, que separam a compreensão (racional) do prazer (paixão). Há verdades que devem ser entendidas corretamente e há beleza que deve ser desfrutada corretamente. Há doutrinas a serem compreendidas e há glória a ser experimentada.
Então, na visão teológica de Edwards, Piper e outros grandes estudiosos “paixão” fala de “afeições”. Ou seja, “uma emoção ou sentimento”; “um estado mental para com alguma coisa: disposição para”. Assim Deus tem afeições, emoções, sentimento, uma disposição para Sua glória. Ele é glorificado nos Seus atributos e na revelação do Seu Ser. Ele é glorificado no Seu Filho. Na criação. Na salvação. Na condenação. E em todas as coisas que Ele planejou e executa.
O próprio Edwards define “afeições”, “emoções”, “paixão” como as ações mais vivas e intensas da inclinação da alma e da vontade. Ele continua dizendo que Deus deu às almas humanas dois poderes principais: o primeiro é a compreensão, pela qual examinamos e julgamos as coisas; o segundo poder nos permite ver as coisas, não como espectadores indiferentes, mas gostando ou não delas, agradando-nos ou não nelas, aprovando-as ou rejeitando-as. Às vezes chamamos a esse segundo poder, nossa inclinação. Relacionando-as com nossas decisões, normalmente damos-lhes o nome de vontade. Quando a mente exercita sua inclinação ou vontade, então muitas vezes chamamos à mente “o coração”.
Então quando usamos a palavra “paixão” ela tem o significado que a palavra moderna “amor” tem. Deus ama a Sua glória! Deus é apaixonado pela Sua glória! Deus está inclinado, segundo a Sua soberana vontade, para fazer tudo para Sua glória!
Poderíamos falar muitas coisas sobre isso, mas acredito que ficou bastante claro!
Agora, vou descrever outras verdades teologicamente.
DEUS SOFRE?
Alguém pode afirma: “Não acredito que Deus possa realmente sofrer. Como você pode dizer que Deus é Todo-Poderoso, Soberano, e está totalmente no controle para, em seguida, dizer que Ele pode ser afetado pelos problemas e pela maldade em Sua criação?”.
A resposta pode ser que por Deus Ser Todo-Poderoso, Ele é capaz de sofrer sem que isso cause danos ao Seu caráter e a Seus propósitos. Porque Ele é verdadeiramente soberano, Ele é capaz de tomar a maldade existente no mundo decaído e usá-la para Seus próprios propósitos (Gn 50.20). Por estar totalmente no controle do universo, Ele é capaz de administrar Sua tristeza, sabendo que o resultado eterno final terá valido a pena suportar. Foi pela “alegria que lhe fora proposta” (Hb 12.2) que o Senhor Jesus foi à cruz, e tanto a encarnação quanto a crucificação demonstram a realidade do sofrimento de Deus; não em função de Sua fraqueza, mas a favor da nossa (1Pe 2.21) e do louvor de Sua glória e graça (Ef 1.6,12). O escritor aos Hebreus nos revela que o sofrimento de Cristo foi um dos aspectos importantes do ministério de Cristo como nosso sumo sacerdote: “Por isso mesmo convinha que, em todas as coisas [até no sofrimento] Se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus, e para fazer propiciação pelos pecados do povo.” (Hb 2.17 leia todo o contexto para melhor compreender).
Posto estas verdades, surge outra pergunta: “Mas se Deus realmente sofre, Ele não está à mercê da desordem e da dor? Como isso se harmoniza com um Deus Todo-Poderoso?”.
A nossa resposta é que Deus não está à mercê do sofrimento ou de qualquer outra coisa ou mesmo de alguém. Ele escolheu soberanamente entrar em sofrimento, suportá-lo e, ainda assim, triunfar nele e sobre ele (cf. Lc 24.43-46; At 3.18). Sua alternativa é separar-Se de Sua criação, abandoná-la a um universo deísta e sair de cena. Mas muito antes da encarnação, Deus escolheu entrar plenamente no sofrimento de um mundo e identificar-Se completamente com todos os sofrimentos possíveis que, até aquele momento, nunca os tinha experimentado; Ele é o “Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo” (Ap 13.8).
TEXTOS BÍBLICOS SOBRE O “SOFRIMENTO” DE DEUS.
Citarei apenas dois textos:
Isaías 63.8-9: “Porque ele dizia: Certamente, eles são meu povo, filhos que não mentirão; e se lhes tornou o seu Salvador. Em toda a angústia [NVI reza “aflição”] deles, foi Ele angustiado [NVI reza “Ele se afligiu”], e o Anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor e pela Sua compaixão, Ele os remiu, os tomou e os conduziu todos os dias da antiguidade.”.
Vemos nesse texto a condescendência divina em favor de Seu povo. Ele é um Deus misericordioso que se refere aos profundos sentimentos que Ele expressa por causa da angústia do povo (v.7-8).
O SENHOR (Yahweh) estava ligado tão intimamente aos israelitas (v.9) que “em toda a angústia deles foi Ele angustiado”. Como um pai sofre juntamente com seus filhos, Yahweh foi afligido pela aflição deles (Deus sofreu juntamente com Seu povo) – uma expressão antropopática (que descreve Deus em afeições/sentimentos humanas), mas uma expressão que indica como Ele Se envolveu profundamente, e foi comovido pelas tristezas deles.
Ezequiel 6.9: “Ali, nas nações para onde vocês tiverem sido levados cativos, aqueles que escaparem se lembrarão de Mim; lembrarão como fui entristecido por seus corações adúlteros, que se desviaram de Mim, e, por seus olhos, que cobiçaram os seus ídolos [...].”.
DEUS REALMENTE SENTE?
“Jesus estará em agonia até o fim do mundo. Não devemos adormecer durante esse tempo”. Blaise Pascal.
Os cristãos primitivos não pareciam se maravilhar muito com essa questão. Certamente, os discípulos que estiveram com Jesus nunca pareceram se preocupar com ela; eles o viram irritado, triste, sofrendo, feliz e decidido; eles podem ter se perguntado por que Ele estava triste, mas é duvidoso que tenham debatido se o tipo de “tristeza” era de alguma forma realmente ao tipo de tristeza deles. Eles viram Deus se mostrar nessas características de Jesus; afinal, a descrição favorita para Si mesmo era “Filho do Homem”.
Onde a Confissão do credo diz que Deus “não tem partes ou paixões”, (talvez seja daí que o irmão Wadson não queira conectar a palavra “paixão” a Deus), parece que os pais de Westminster estavam se referindo às partes ou paixões “corpóreas” (i.e., que Ele é um espírito incorpóreo).
Como C. S. Lewis destaca, essas declarações de credo foram escritas primariamente para mostrar quão maior, e mais maravilhoso, Deus é quando comparado às nossas limitações humanas.: “Os grandes profetas e santos possuem uma intuição positiva e concreta de Deus, no mais alto grau. Pelo fato de terem observado que Ele é a plenitude de vida, energia e contentamento (tendo tocado apenas a fímbria do Seu Ser), veem-se portanto, obrigados (por essa única razão) a declarar que Ele transcende aquelas limitações que chamamos de personalidade, paixão, mudança, matéria e outras. [...] O propósito desse despojamento não é levar nossa ideia de Deus até o ponto da nudez, mas revesti-la. Quando removemos de nosso conceito de Deus alguma característica humana secundária, [...] não temos recursos que nos forneçam aquele atributo ofuscante e concreto da divindade que possa substituí-la”.
APATIA DIVINA? DEUS NÃO TEM PAIXÕES!
A “apatia divina” é uma ideia filosófica, desenvolvida primeiramente pelos filósofos gregos e adaptada por alguns dos teólogos do cristianismo primitivo. Podemos facilmente enxergar o porquê – queriam proteger a ideia cristã de Deus impedindo qualquer identificação Dele com as coisas sujeitas à falha, mudança e decadência. Certamente é impensável que o Deus onipotente esteja sujeito à dor física ou susceptível a dano. Talvez também fosse errado pensar que Ele tem até mesmo sentimentos emocionais de dor como nós. Os gregos pensavam que a diferença, a diversidade, o movimento e o sofrimento eram inapropriados à natureza divina.
Assim, alguns pais da igreja primitiva, utilizando a filosofia grega, viram a apatia como a essência da natureza divina, e com a manifestação mais pura da salvação humana na comunhão com Deus. Enquanto, na prática, adorassem o Cristo crucificado como Deus, e pregassem sobre o sofrimento de Deus, muitos se sentiram obrigados a adaptar sua teologia para seguir a indicação filósofos. O “Sujeito Absoluto” [Deus] da filosofia nominalista e idealista certamente não poderia sofrer; caso contrário não seria absoluto.
Ainda assim, textos simples da Escritura parecem mostrar que Deus realmente experimenta alegria e sofrimento. Como podemos explicar isso? C. S. Lewis comenta: “Se Deus fala algumas vezes como se o Impassível pudesse sofrer paixão e a plenitude eterna pudesse ter qualquer carência, [...] isto só pode significar, caso represente algo inteligível para nós, que o Deus dos milagres tornou-Se capaz de sentir tal anseio e criar em Si mesmo aquilo que podemos satisfazer. Se Ele nos quer, esse desejo é de Sua própria escolha [não uma necessidade inerente ao Seu Ser]. Se o coração imutável pode ser entristecido pelas marionetes que Ele mesmo fez, foi a onipotência divina, e nada mais, que assim o sujeitou, voluntariamente, e com humildade que excede todo entendimento [...] Se Aquele, que em Si mesmo tem tudo, escolhe necessitar de nós, é porque necessitamos de quem nos necessite.”.
TEOPATIA – SENTIMENTOS DIVINO.
“Uma criança saudável é, de alguma forma, muito parecida com Deus. Uma criança em sofrimento é parecida com Seu Filho”. Calvin Miller.
Em seu detalhado estudo da Trindade, Jürgen Moltmann é um dos teólogos que optam pela teopatia – a doutrina dos sentimentos de Deus, em lugar de sua apatia. Ele afirma que é mais consistente entender o sofrimento de Cristo como o sofrimento de um Deus enternecido “se deixarmos de colocar o axioma da apatia de Deus como o ponto de partida e, em vez disso, partirmos do axioma que Deus tem fortes sentimentos”.
“Impassível, inamovível, unida e autossuficiente, a divindade se confronta com um mundo móvel, sofredor e dividido, que nunca é suficiente para si mesmo. [...]” Mas, em contraste, o sentimento de Deus e Seu sofrimento são o próprio centro da história e da tradição cristã. Então, essas são as únicas alternativas; um Deus que é incapaz de sofrer ou um Deus que está à mercê do sofrimento? Não, Moltmann sugere:
“Existe uma terceira forma de sofrimento – o sofrimento ativo – colocar-se voluntariamente aberto ao outro, permitindo-se ser intimamente afetado por esse outro; ou seja, o sofrimento do amor apaixonado. [...] Na teologia cristã, o axioma da apatia diz apenas que Deus não está sujeito ao sofrimento da mesma forma que estão as criaturas transitórias, criadas. Não é, de fato, sequer um axioma real. É uma declaração comparativa. Não exclui a dedução de que, em outro aspecto, Deus certamente pode sofrer e realmente sofre. Se Deus fosse incapaz de sofrer em todos os aspectos, Ele, então, seria incapaz de amar. Ele seria, no máximo, capaz de amar a Si mesmo, mas não de amar o outro como a Si mesmo [...] Mas se Ele é capaz de amar algo mais, então Ele Se coloca aberto para o sofrimento que o amor pelo outro lhe traz; e ainda assim, em virtude de Seu amor, Ele permanece Senhor sobre a dor que o amor lhe causou. Deus não sofre por causa da deficiência de Seu Ser, como seres criados. [...] Mas Ele sofre por causa do amor que Nele é superabundante e transbordante.”. Ele sofre por que quis sofrer. E o ponto alto e demonstrativo de Seu sofrimento está na encarnação. O Deus bendito se fez homem! Este é um grande mistério que devemos, dada à profundidade da revelação, nos quedar humildemente em louvor e adoração.
Orígenes escreveu: “Ele, o Redentor, desceu a terra por causa de Sua simpatia pela raça humana. Ele levou nossos sofrimentos sobre Si, antes de suportar a cruz, [...], pois se não tivesse sentido tais sofrimentos, Ele não chegaria a participar da vida humana. O que é essa paixão que Ele sofreu por nós? É a paixão do amor. E o próprio Pai, Deus do Universo, ‘mui paciente e cheio de amor’ (Sl 103.8), também não sofre de certa maneira? Ou você não sabe que Ele, quando condescende com o homem, sofre o sofrimento humano? Pois o Senhor, teu Deus, tomou teus caminhos sobre Si, ‘como um pai carrega seu filho’ (Dt 1.31). [...] Mesmo o Pai não é incapaz de sofrer. Quando clamamos a Ele, Ele é misericordioso, e sente nossa dor conosco. Ele sofre o sofrimento do amor, tornando-se algo que, por causa da grandeza de Sua natureza, Ele não pode ser, e suporta o sofrimento humano em favor de nós”.
Até mesmo o grande teólogo Charles Hodge chama a atenção para isso quando comenta: “Os escolásticos, e com frequência os teólogos filosóficos, dizem que não existe sentimento em Deus. Isso, segundo eles, implicaria passividade ou suscetibilidade de impressão vinda de fora, o que se presume incompatível com a natureza de Deus. [...] Tal doutrina está em real contradição com as representações de Deus no Antigo Testamento. [...] Aqui, novamente temos de escolher entre a mera especulação filosófica e o claro testemunho da Bíblia e de nossa própria natureza moral e religiosa. Amor necessariamente implica sentimento, e, se não há em Deus sentimento algum, então não pode existir amor”.
Conclusão: Será que Deus sofre? Minha resposta é a mesma que se deve dar a pergunta: Qual sangue nos comprou? A resposta está descrita por Paulo em Atos 20.28: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual Ele comprou com o Seu próprio sangue.”. Ou seja, fomos comprados pelo sangue de Deus! Deus tem sangue? Sim e não! Ele é Espírito e não tem corpo e muito menos sangue. Mas, na encarnação Deus tem corpo e tem sangue. Então, soteriologicamente nós fomos comprados pelo sangue de Deus. Ontologicamente Deus não tem sangue, mas soteriologicamente na encarnação Ele derramou Seu eterno sangue para nos remir e comprar. Não é um sangue temporal, por ser de Deus é o sangue da eterna aliança, conforme Hebreus 13.20: “Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança”.
Então, Deus sofreu! Deus sofreu soteriologicamente por Sua glória no sacrifício eterno de Cristo Jesus, Seu amado Deus Filho. Ontologicamente Deus nunca está sujeito aos sofrimentos e limitações humanas, mas na encarnação Ele despojou do exercício de Seus atributos e sofreu, e até morreu a morte de cruz para Sua glória em todas as coisas.
O nosso grande problema é que às vezes cometemos o que o estudo exegético chama de “anacronismo semântico”. Ou seja, damos significados às palavras que elas, quando escritas ou usadas em determinado período da história, não tinham. Quantos de nós não cometemos este “crime” afirmando que o evangelho é a dinamite de Deus. Isto é uma falsa interpretação da expressão paulina que diz: “o evangelho é o poder de Deus” (Rm 1.16). A palavra poder vem da palavra grega que traz em alguns dicionários atuais os seguintes desdobramentos: “dinâmico, dínamo e dinamite”. É daí que vemos muitos pregadores, como também fiz anteriormente, afirmando que Deus vai “despedaçar, explodir, destruir” tudo pelo evangelho. Mas, a questão é: Quando Paulo escreveu ele pensava em dinamite? Aliás, tinha dinamite em sua época? É claro que não! Isso é um exemplo clássico que nós podemos dar a uma palavra o significado não pretendido pelo seu autor original.
O evangelho é poder de Deus para a salvação (Rm 1.16). Não uma dinamite para destruição. O poder de Deus, dado pela virtude do Espírito Santo, é para nos transformar em testemunhas do evangelho de Cristo (At 1.8). Não em máquinas destruidoras de vidas. O dynamis (palavra grega para poder) é a virtude miraculosa do Espírito Santo para regenerar e renovar todo aquele que crer (Tt 3.5).
Diante do explicado acima, o meu amigo Wadson cometeu exatamente um anacronismo semântico. Ou seja, ele não entendeu o significado da palavra “paixão” em minha frase: A paixão de Deus por Sua glória (grupo que criei no facebook). Por isso, talvez, olhando o significado da palavra “paixão” na Wikipédia ele me fez a pergunta curta, mas sútil! Acredito que na Wikipédia o termo tenha mais uma influência psicológica do que teológica.
Notamos que num dicionário bíblico e teológico como o de Vine o termo paixão vem do substantivo grego pathema, que deriva de pathos, ou seja, “sofrimento”, “aflição”, “afeto”. A palavra é usada para descrever as aflições dos cristãos (Rm 8.18); e os sofrimentos de Cristo (Deus Filho) (1Pe 1.11; 5.1; Hb 2.9). Citamos até aqui só pra termos um exemplo. É o contexto, outra regra da exegese, que determina o significado da palavra e não a etimologia dela. (esse erro é chamado de “falácia do radical”. Talvez o irmão Wadson também tenha “caído” nele).
Posto tudo isso, continuo afirmando:
Deus é apaixonado pela Sua glória revelada sumamente em Cristo Jesus!
Soli Deo Gloria!
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