Discípulos de Cristo Jesus

Vivendo Para a Glória de Deus!

A vida cristã deve ser vivida para a glória de Deus somente. Em tudo o que nos empenhamos e fazemos devemos procurar a glória de Deus. Paulo chegou a dizer que até mesmo as coisas mais curriqueiras da vida como o beber e o comer devem ser feitos para a glória de Deus (1Co 10.31).

Nenhum de nós viveremos na plenitude se não vivermos voltados para a glória de Deus. Pois, a plenitude da vida está em viver para a glória de Deus. A glória de Deus produzirá a verdadeira vida plena de satisfação em Deus.

O pastor e escritor John Piper foi feliz quando afirmou que Deus é mais glorificado em nós quanto mais nos alegramos Nele. A glória de Deus e nossa alegria são faces de uma mesma moeda. Quando procuramos verdadeira satisfação vislumbramos e refletiremos a glória de Deus. Pois, a verdadeira alegria resulta na contemplação apaixonada do único ser no universo que tem toda a glória e beleza. A contemplação da beleza de Deus nos deixa encantados e sobressaltados ante inenarrável resplendor.

O Breve Catecismo de Westminster indaga: Qual o fim principal de todo o homem? Ele mesmo responde: O fim principal de todo homem é glorificar a Deus e se alegrar Nele para sempre.

A nossa alegria e a glória de Deus é o propósito de Deus para nossas vidas e o alvo da vida cristã. Toda a plenitude da vida cristã se resume na contemplação do Ser eterno de Deus na Pessoa maravilhosa de Cristo Jesus pela obra persuadora e renovadora do Espírito Santo.

Soli Deo Gloria!

terça-feira, agosto 31, 2010

A Centralidade da Cruz na Igreja de Cristo


A pregação da cruz deve ser central em nossa vida e ministério. A cruz de Cristo é a pedra de toque de todo ministério cristão. A cruz deve ser vista “como o teste e o padrão de todo ministério cristão autêntico”[1]. A cruz de Cristo não deve ser vista apenas como um meio de nossa salvação, mas também devemos observar as múltiplas funções que perpassa a doutrina da cruz em todo o Novo Testamento.
A centralidade da cruz precisa ser evidenciada em todos os aspectos de nosso ministério. Precisamos enfatizar a cruz de Cristo na adoração a Deus, na edificação da igreja, no discipulado cristão, na disciplina eclesiástica e na evangelização do mundo. A cruz é central! A glória da igreja está em sua ênfase sobre a cruz de Cristo. A glória da igreja é a glória da cruz de Cristo. Paulo disse: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo [...]” (Gl 6.14). Na vida cristã e em todo o universo nada se compara com a glória da cruz de Cristo Jesus.
Por que um homem como Paulo se gloriava unicamente na cruz de Cristo? Ele tinha muitas credenciais que poderiam ser sua glória. Mas, ele não se gloria em nenhuma de suas credenciais ou mesmo em nenhum de seus antigos mestres. Sua glória estava na cruz de Cristo. O Cristo da cruz era sua paixão e seu bem maior. Paulo sabia que através da cruz Cristo lhe conquistara e o atraíra. O Senhor Jesus disse em João 12.32: “E Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a Mim mesmo”. A cruz ergueu a Cristo como o grande alvo e como nossa grande esperança de salvação e reconciliação com o Deus irado.

A doutrina da cruz de Cristo sustém a igreja de Deus em todos os aspectos de sua vida e ministério. A cruz é a base, e o meio e o alvo do ministério cristão e também de nossa vida como cristãos.

Não importa a situação do mundo, não podemos abandonar a pregação da cruz de Cristo. Não é o mundo que dita o conteúdo de nossa pregação, mas é Deus! E Deus nos diz em Sua Palavra que a cruz de Cristo é central em nossa mensagem ao mundo. Paulo disse: “Porque decidi nada saber entre vós, senão Jesus Cristo, e este crucificado” (1Co 2.2).
O que o mundo precisa não é de mensagens motivacionais. Não é de mensagens terapêuticas ou psicológicas. Mas o que o mundo precisa é da mensagem da Cruz!
Talvez os pregadores motivacionais digam: “não, não podemos pregar sobre a cruz, pois isso vai desmotivar as pessoas”!
Ou podemos ouvir os psicólogos vociferarem: “não podemos falar da cruz, pois isto é um golpe na auto-estima das pessoas! Nós devemos elevar a auto-estima delas”!
Paulo chama estes pensadores de inimigos da cruz de Cristo (Fp 3.18). Paulo disse em 1Coríntios 1.17: “Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho, não com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cristo”.
A missão da igreja é pregar o evangelho da cruz e não um “evangelho” da auto-estima. A missão da igreja é pregar o evangelho, não em sabedoria de palavra das novas idéias aplaudidas pelo mundo, para que não anule a cruz de Cristo.

A mentalidade do mundo nunca foi e nunca será favorável a mensagem da cruz. E Paulo elenca pelo menos três concepções do mundo com relação à cruz de Cristo:
(1) Escândalo: A pregação da cruz de Cristo para os judeus é escândalo. A palavra grega que Paulo usa é skandalon significando “qualquer impedimento colocado no caminho e que faz alguém tropeçar ou cair”. Figuradamente “aplicado a Jesus Cristo, cuja pessoa e ministério foram tão contrários as expectativas dos judeus a respeito do Messias, que o rejeitaram e, pela sua obstinação, fizeram naufragar a própria salvação”.
O que há de magnífico em um rei perdurado num madeiro, diziam eles! Não vemos nem um milagre, mas apenas impedimento.
A cruz é um impedimento e pedra de tropeço para os judeus porque ela vai de encontro e contra todas as suas expectativas e idéias.
A mensagem da cruz de Cristo nunca satisfará os anseios egoístas das pessoas. Pelo contrário, a mensagem da cruz é um golpe certeiro no egoísmo humano.
A cruz de Cristo sempre será um alvo de desprezo para este mundo.

(2) Loucura: Para os gentios/gregos a pregação da cruz é para loucos e não para pessoas sábias. Eles se achavam os detentores da sabedoria. Eles destilavam em seus discursos grandes palavras de persuasão humana. Eles eram mestre na técnica da retórica. Eram peritos em eloqüência. Para eles a pregação da cruz não tinha nada de atrativo. Era coisa de louco.
Para muitos “sábios” na cidade grega de Atena, a capital da sabedoria, Paulo era um tagarela (At 17.18).

(3) Fraqueza: Para todos os povos e principalmente para os judeus a cruz é sinônima de fraqueza.
Não há, diziam eles, nenhum poder demonstrado num homem pendurado num madeiro. Isso não é força, mas fraqueza.

Para o mundo a cruz de Cristo é escândalo, loucura e fraqueza. Não a nada de atrativo nisso, diz o mundo.

Devemos operar sobre dois princípios apresentados na seguinte frase: “Devemos pregar de tal maneira para confrontar/perturbar os confortados e, consolar os perturbados”.
A pregação da cruz de Cristo é um confronto a mentalidade confortada pelo pecado. As pessoas amam o pecado e quando pregamos a mensagem da cruz de Cristo elas são confrontadas com a revelação de que Deus odeia o pecado. A cruz revela o caráter santo de Deus e Ele não tolera o pecado. O pecado é uma afronta a Deus. E as pessoas que pecam estão afrontando a Deus. E na cruz de Cristo Deus mostra para essas pessoas que Ele trata com severidade o pecado. Pois, a cruz revela a Sua justa ira contra o pecado.

Mas, também a pregação da cruz de Cristo é um consolo para os perturbados, para os cansados e sobrecarregados (Mt 11.28-30). A mensagem da cruz é um alívio para aqueles que estão em desespero e não sabem o que fazer. É pela mensagem da cruz que mostramos a estas pessoas que Deus já fez tudo por elas em Cristo Jesus na cruz. E que elas precisam apenas se arrepender de seus pecados e voltar-se com fé para Cristo Jesus. Pois, a cruz de Cristo revela o grande amor de Deus por elas sendo elas ainda pecadoras. A cruz de Cristo não revela o valor da humanidade, mas revela o valor do amor/caráter de Deus. Paulo disse isso quando escreveu em Romanos 5.8:

“Mas Deus prova o Seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores”.

O apóstolo João disse isso em outras palavras quando escreveu em 1João 3.1:

“Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a Ele mesmo.”.

O teólogo e pastor John Piper disse acertadamente:

“O amor de Deus por nós não se revela principalmente em que Ele nos valoriza, e sim em que Ele nos dá a capacidade de nos regozijarmos em apreciá-Lo para sempre. Se centralizamos e focalizamos o amor de Deus em nosso valor, estamos nos afastando do que é mais precioso, ou seja, Ele mesmo. O amor labuta e sofre para nos cativar com aquilo que é infinita e eternamente satisfatório: Deus mesmo. Por conseguinte, o amor de Deus labuta e sofre para aniquilar nossa escravidão ao ídolo do “eu” e focalizar nossas afeições no tesouro de Deus”
[2].

A cruz de Cristo mostra que o homem não é o centro do universo, mas Deus o é. Para a maioria das pessoas o amor de Deus tem de colocá-las no centro de tudo. Mas a cruz nos mostra que Deus ama as pessoas para Sua glória. Não é o bem-estar das pessoas que em última análise Deus almeja, mas Sua glória e a demonstração para Suas criaturas de que a verdadeira felicidade delas está em Cristo Jesus, a dádiva de Deus para a humanidade (Jo 3.16).
John Piper nos diz: “O amor é fazer tudo que for necessário para ajudar os outros a verem e experimentarem a glória de Deus em Cristo, para todo o sempre. O amor mantém a Deus no centro, porque a alma foi criada para Deus”
[3]. E só encontrará verdadeira felicidade, prazer e descanso em Deus.
[1] D. A. Carson em A Cruz e o Ministério Cristão, pg. 11. Editora Fiel.
[2] Em Penetrado Pela Palavra, pg. 09,10. Editora Fiel.
[3] Op. Cit., pg. 12.

terça-feira, agosto 10, 2010

O Pregador Atalaia



“Também pus atalaias sobre vós, dizendo: Estai atentos ao som da trombeta; mas eles dizem não escutaremos” (Jr 6.17).



A tarefa das atalaias eram advertir o povo do perigo que se aproximava. Os profetas de Deus continuamente recebiam a Palavra de Deus para avisar o povo do perigo iminente. Deus disse a Ezequiel: “Filho do homem: Eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; da Minha Boca ouvirás a Palavra, e os avisarás da Minha parte” (3.17).
Notem que o profeta-atalaia não inventava a mensagem, mas apenas e sublimemente transmitia a Palavra que ouvia da boca do Senhor Deus.
Deus é contra todos aqueles profetas, pregadores, ensinadores; educadores e mestres que falam o que Deus não falou. Costumo dizer em minhas pregações que Deus não tem compromisso com as palavras do pregador, mas com a Sua Palavra que o pregador transmite ao povo. Deus honrar não o que eu penso sobre Sua Palavra, mas aquilo que paro para ouvir o que Deus está dizendo em Sua Palavra para mim e para a Igreja do Senhor. Deus não zela pela minha palavra, pelos meus sonhos e pelas minhas idéias alegóricas, mas a Escritura é bastante peremptória quando diz em Jeremias 1.12: “[...] porque Eu velo sobre a Minha Palavra para cumpri-la”.
Todo o Ser de Deus está voltado para o cumprimento de Sua Palavra! O Senhor Jesus disse em Mateus 24.35: “Passará o céu e a terra, porém, as Minhas Palavras não passarão”. Nesta mesma sintonia o salmista declarou: “Para sempre, ó SENHOR, está firmada a Tua Palavra no céu” (Sl 119.89). Quero vê como encaram este versículo aqueles que dizem que no céu só teremos louvor, se a Palavra do SENHOR está para sempre FIRMADA no CÉU!

Sabemos que a Palavra de Deus é a expressão externa de Seu Ser manifestando a Sua vontade. Então podemos está seguros de que Deus fará toda a Sua vontade revelada em Sua Palavra. Veja esta verdade perene em Isaías 46.9-11:
“Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que Eu Sou Deus, e não há outro, Eu Sou Deus, e não há outro semelhante a Mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o Meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade; que chamo a ave de rapina desde o Oriente e de uma terra longínqua, o homem do Meu conselho. Eu o disse, Eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei.”
É a Sua Palavra e não às minhas idéias que Deus cumprirá e executará!
Então, ai do profeta, pregador ou mestre que não esteve no conselho do SENHOR, e enchem de vãs esperanças o povo do SENHOR falando das visões do seu coração corrompido, proclamando uma paz fictícia, e não o que vem da Boca do SENHOR (cf. Jr 23.16-18).

Devemos seguir o exemplo altaneiro de Paulo. Escrevendo aos cristãos da cidade de Corinto diz: “Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a Palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus” (2Co 2.17).
O obreiro não manipula a Palavra da Verdade. O obreiro não mercadeja ou negocia com a Palavra da Verdade, falsificando-a. O obreiro não se preocupa ou se ocupa em expor suas idéias, opiniões, visões do seu coração (Jr 23.16), profecias mentirosas (Jr 23.25), sonhos (Jr 23.25-28; 27.9; 29.8) e etc., mas a Palavra do SENHOR (Jr 23.28). Devemos ter o cuidado para não furtar e torcer as Palavras do SENHOR ao nosso próximo (Jr 23.30, 36). Corremos o perigo de usar a nossa própria linguagem (Jr 23.31), em vez da linguagem do SENHOR – Sua Palavra Escrita (Rm 15.18-21; 1Co 2.2; 2Tm 2.2; 1Pe 4.11). Oh! Que sejamos como Jeremias quando disse: Eis que não sei falar; porque ainda sou um menino (Jr 1.6). Só assim, o SENHOR estenderá a Sua mão, e tocará a nossa boca, dizendo: Eis que ponho as Minhas Palavras na tua boca (Jr 1.9). Bem como Moisés, que disse: Ah, meu Senhor! Eu não sou homem eloqüente, nem de ontem nem de anteontem, nem ainda desde que tens falado ao Teu servo; porque sou pesado de boca e pesado de língua (Ex 4.10). Ouçamos a resposta divina: Vai, pois, agora, e Eu serei com a tua boca e Te ensinarei o que hás de fazer (Ex 4.12). Creio, piamente, que só deixaremos o nosso palavreado profano quando vislumbrarmos a Santidade do Deus soberano (Is 6.5-7). E depois disso, ouviremos o Senhor dizendo: “Vai, e dize a este povo...”. Só digamos algo se Ele nos mandar! Por isso, falemos as Suas Palavras e não as nossas palavras contaminadas!
Atenciosamente,
Pastor F. Ivan Teixeira da Silva
escravo da Palavra.

segunda-feira, julho 05, 2010

O Obreiro e a Palavra!


Cito pelo menos três motivos porque acho oportuno falar sobre o Obreiro e a Palavra de Deus.
O Primeiro deles é:
1) Se os obreiros pregarem fielmente a Palavra de Deus, nossas igrejas não se tornarão refúgios para pecadores obstinados.
Os crentes serão convencidos de seus pecados, e a maioria dos incrédulos ou se arrependerá, ou sairá (Jo 3.20; 6.60-71).
Hoje a maioria dos obreiros tornam-se mestres em entreter o auditório.
Infelizmente, muitas congregações estão tornando-se refúgios de pecadores obstinados. São pessoas que vêem às igrejas para fazerem campanhas, sanguessedentas pelas bênçãos de Deus, mas sem nenhum compromisso pessoal com o Deus das bênçãos.
Pecadores são convidados para fazerem campanhas, mas nunca são exortados a se arrependerem de seus pecados. Continuando no lamaçal do pecado eles exigem e determinam “bênçãos” de Deus para suas vidas. Oh! Miseráveis pecadores! Quem vos ensinou a fugir da ira vindoura, produzi, pois frutos dignos de arrependimento e não presumais de vós mesmos dizendo: “Somos fiéis no comparecimento de nossas campanhas; cumprimos nossos votos”, pois Deus não terá o culpado por inocente e nem o inocente por culpado! Arrependei-vos e crede no Evangelho do Senhor Jesus Cristo! Evangelho este, que exige renúncia do pecado e de outros entraves que impossibilitam uma comunhão com o Deus que é santíssimo.
Sim, obreiros de Deus! Pregai a Palavra, instando a tempo e fora de tempo, repreendendo, corrigindo e exortando com toda a paciência e doutrina. Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; ao contrário, sentido coceira nos ouvidos, juntarão mestre para si mesmos, segundo os seus próprios desejos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos. Vocês, obreiros de Deus, sejam moderados em tudo, suportando os sofrimentos, façam a obra de um obreiro digno de aprovação de Deus (cf. 2Tm 2.15), cumpram plenamente o vosso ministério (cf. 2Tm 4.2-5). Não abram mão da verdade revelada. Preguem esta Palavra com afinco e esmero até a exaustão (cf. 1Tm 5.17), pois fazendo isto, haverá salvação, tanto de vós mesmos como dos que vos ouvem (cf 1Tm 4.16).
O Segundo deles é:
2) Pelo motivo do SENHOR Deus ter exaltado a Sua Palavra acima do Seu Nome (Sl 138.2 ACF), ou como diz a ARA, “magnificaste acima de tudo o Teu Nome e a Tua Palavra”.
Derek Kidner considera esta expressão entranha e uma declaração estranha se “Teu Nome” tiver o significado usual empregado nas Escrituras da revelação Pessoal de Deus, pois Deus Se revela pelo Seu Nome (cf Ex 3.14,15; 6.2,3; Jr 16.21). A resolução quanto a esta tradução é que o único sentido de uma frase assim pode ser que Deus cumpriu Sua promessa de tal modo que ultrapassa tudo quanto até então tem sido revelado acerca dEle. Mas, Derek Kidner ainda diz que esta expressão seria um modo estranho de declarar a resolução acima mencionada. Então se chega à conclusão que um copista omitiu a letra “w”, com o significado de “e” , de um texto que dizia: “pois magnificaste acima de tudo o Teu Nome e a Tua Palavra” .
Já o Terceiro motivo de desenvolver este tema do obreiro e a Palavra é:
3) Pelo motivo de que o Senhor Jesus almeja que a nossa fé seja alicerçada nas Escrituras.
A nossa fé pode ser alicerçada (a) nos milagres (Jo 6.60), como também (b) em experiências (Lc 24.27; Jo 20.24-29) e (c) bem como em Deus e Sua Palavra (Mc 11.22; Rm 10.17; Hb 4.2,6,12,13).

I. A Importância da Palavra de Deus Para o Obreiro Cristão.
O lugar de importância da Palavra de Deus em nossas vidas determinará a produtividade de nosso ministério na casa do SENHOR.
Caso a Bíblia não tenha importância, ou tenha apenas uma importância secundária em nossa vida e ministério, sofreremos naufrágio na certa.
Qual é a importância da Palavra de Deus para mim? Essa deveria ser uma indagação na avaliação do candidato ao santo ministério. Dentre várias concepções cito três por que creio abranger as demais.
1. Alguns dizem que a Bíblia é apenas mais um livro.
2. Outros dizem que ela é até importante, visto que o seu pastor fala dela. Mas não têm interesse de lê-la e estudá-la. Há exortações e promessas para os que lêem e estudam as Escrituras Sagradas (cf 1Tm 4.13; Ap 1.3; Lc 4.16 e Js 1.8; Sl 1.2; 1Tm 4.15 ).
3. Ainda outros, enlevam a importância da Bíblia para sua vida e ministério.

A Bíblia é a Palavra de Deus e é por isso que ela se torna importante para o obreiro cristão.
E, por a Bíblia ser a Palavra de Deus, significa que ela tem várias características e qualidades que a torna extremamente importante em nossa vida. Veremos as mais importantes:

01. Por que Estudar a Bíblia?
Antes de considerarmos as razões para estudar a Bíblia, faz-se necessário fazê-lo antecipando com duas razões invocadas para não se estudar a Bíblia.
Essas “razões” freqüentemente revelam mitos como truímos por força de constante repetição . Ou seja, há o perigo de repetirmos algo constantemente aponto de tornar-se verdade.
1) A Bíblia é de difícil compreensão.
Há pessoas que evocam o mito de que as Escrituras Sagradas é tão difícil de compreender que apenas teólogos altamente especializados e com treinamento técnico podem ocupar-se de seu estudo.
2) A Bíblia é enfadonha.
Tal afirmação reflete não tanto uma incapacidade de entender o que está escrito, mas um gosto e uma preferência por aquilo que se considera interessante ou empolgante.
Há alguns que citam o texto de Ec 12.12, interpretando-o erroneamente, para apoiar essa posição.
Só consideramos algo como enfadonho quando não nos interessa. Se afirmarmos tal coisa é porque precisamos de um genuíno arrependimento. Precisamos mudar nossa mente a respeito deste particular.
Somente os insensatos rejeitam, desprezam e endurecem seus corações e não ouvem e entendem as Palavras do Senhor (Sl 50.17; Is 5.24; Jr 6.10; 26.23; Zc 7.12).

Tabela 1: Atitudes dos Ímpios quanto à Bíblia.
Desprezam-na Am 2.4.
Esquecem-se dela Os 4.6.
Abandonam-na 2Cr 12.1; Jr 9.13.
Recusam-se dar-lhe ouvidos Is 30.9; Jr 6.19.
Recusam-se a anda nela Sl 78.10.
Rejeitam-na Is 5.24.

3) Razões erradas para um estudo das Escrituras.
Como pode ser observado, infelizmente, há aqueles que estudando as Escrituras Sagradas são levados a fazê-lo com motivações erradas. Quando assim sucede somos prejudicados em vez de beneficiados pelo estudo das Escrituras. Eis alguns exemplos:
a) Alguns estudam as Escrituras a fim de satisfazerem seu orgulho literário.
b) Outros estudam a Bíblia para satisfazer seu senso de curiosidade, como o fariam com qualquer outro livro famoso.
c) Ainda outros estudam para satisfazer seu orgulho sectarista.
d) E por fim, há aqueles que estudam o Livro Sagrado com a finalidade de argumentar com êxito com aqueles que discordam de suas opiniões.

4) Razões para um estudo proveitoso das Escrituras.
a) Devemos estudar as Escrituras porque “...nem só de pão viverá o homem, mas de toda a Palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4.4).

b) O povo de Israel deveria estudar as Escrituras – ensinando, falando, atando e escrevendo – para “...que não te esqueças do SENHOR, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão” (cf. Dt 6.6-9,12).

c) Há necessidade de estudar-se as Escrituras “...como obreiro que não tem de se envergonhar, que maneja bem a Palavra da verdade” (2Tm 2.15).

d) Precisamos estudar devagar as Sagradas Letras “...que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (2Tm 3.15). As Escrituras é o poder de Deus para a salvação (cf. Rm 1.16).

e) Devemos estudar as Escrituras “...como meninos novamente nascidos...”, que anelam ardentemente “... o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo para a salvação” (1Pe 2.2 ARA).
O estudo detido da Palavra de Deus torna-se de suma importância para o crescimento do cristão salvo em Cristo Jesus. Quando o cristão ou obreiro anela/deseja intensamente pela Palavra de Deus, ou seja, tem prazer na Lei do SENHOR e na Sua Lei medita de dia e de noite (cf. Sl 1.2), como crianças que almejam afetuosamente o leite materno, chegará a um alvo concreto. O leite racional da Palavra de Deus objetiva o crescimento para a salvação. O crescimento não é obra dos obreiros, mas lhes é dado por Deus (cf. 1Co 3.6). “O crescimento é para a salvação, que é o alvo do processo (1Pe 1.9). Para Pedro a salvação é colocada no fim dos tempos (cf. 1Pe 1.5), sendo trazida quando Cristo vier novamente ao mundo (1Pe 1.13); atualmente, para os crentes, é objetivo de “viva esperança” (cf. 1Pe 1.3)” .
Nesta seqüência temos a afirmação de Paulo:

“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1Tm 4.16).

Se realmente quisermos ser uma bênção para a obra de Deus nós, ministros, diáconos, presbíteros – naquela época Timóteo –, devemos casar o viver santo – “Tem cuidado de ti mesmo...” – e o ensino íntegro – “...e da doutrina”. Aqui o obreiro é admoestado por Paulo a continuar atentando para si mesmo, ou seja, para seus deveres, sua vida, seus dons, seu privilégio de atingir as profundezas da promessa de Deus – “...te salvarás...”; particularmente, também, para a doutrina. O obreiro precisa permanecer ou perseverar nessas coisas, ou seja, na vida santa e na vigilância em referência ao ensino. A promessa é: “...porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem”. Não há dúvidas de que a salvação não se consegue por meio das obras (cf. Tt 3.3; Ef 2.6-8); todavia, uma vez que o viver santo e a sã doutrina são o fruto da fé, Paulo está apto a dizer que “ao agir assim” o obreiro salvará a si e aos seus ouvintes .
O obreiro deve também desenvolver a salvação com temor e com tremor (cf. Fp 2.12), ou seja, levá-la à sua conclusão, digeri-la completamente e aplicá-la ao viver diário. Deve envidar todo esforço para produzir o fruto do Espírito Santo (cf. Gl 5.22,23). O obreiro deve almejar nada menos que a perfeição moral e espiritual.
William Hendriksen afirma sobre o texto de Fp 2.12 que:

Não nos equivocamos ao afirmarmos que, em tal contexto, o tempo do verbo indica que Paulo tinha em mente a idéia de um esforço contínuo, vigoroso, estrênuo: “Continuai a operar (=a desenvolver)”. Os crentes não são salvos de um só golpe, por assim dizer. Sua salvação é um processo (cf. Lc 13.23; At 2.47; 2Co 2.15). É um processo no sentido em que eles mesmos, longe de permanecerem passivos ou inativos, tomam parte ativa. É um prosseguir, um seguir após, um avançar com determinação, uma contenda, uma luta, uma corrida (vd. Fp 3.12; também Rm 14.18; 1Co 9.24-27; 1Tm 6.12) .

É Deus quem está operando em nós esta tão grande salvação (cf. Fp 2.13). Se não fosse o fato de Deus estar operando em nós, jamais estaríamos a operar a nossa própria salvação.

f) É preciso debruçar-se no Livro Sagrado, pois é “a palavra de Deus, a qual também opera em vós, os que crestes” (1Ts 2.13).

Que possamos adorar a Deus e estudar Sua Palavra para sermos obreiros aprovado para Sua glória e edificação da igreja.


Soli Deo Gloria!

sábado, julho 03, 2010

CONTENTAMENTO CRISTÃO!



Como cristãos salvos por Deus por meio de Cristo Jesus devemos aprender a estar contentes tanto com o que Deus nos dá quanto com o que Ele não nos dá. A graça de Deus é Seu eterno favor imerecido para nós, mas Sua soberana graça também nos priva de muitas coisas que Deus não quer que nós usufruamos.
No conhecido texto de 2Samuel 11–12 o rei Davi aprende a respeito da graça de Deus. Neste texto vemos o processo, apresentado pelo narrador, por meio do qual Davi, mesmo sendo rei, aprende o contentamento com a graça de Deus, isto é, a aceitar o que Deus graciosamente dá e graciosamente retém. Deus não deu Bate-Seba a Davi. Ela era de Urias. Veja no texto que Urias teve mais honra embriagado do que Davi quando estava sóbrio! Quando não estamos contentes com o que Deus nos dá um ébrio é mais sóbrio do que nós!
Urias mesmo embriagado honrou a Deus, ao rei e aos soldados que ficaram na batalha. Mas, infelizmente o rei Davi em sua sobriedade embriagou-se na promiscuidade. Querendo aquilo que a graça de Deus não lhe deu.

Cada cristão precisa aprender a aceitar o que a graça de Deus lhe concedeu e o que a graça não concedeu. Ou seja, os cristãos precisam aprender a ficar satisfeitos com os presentes generosos de Deus.
Paulo disse: "Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação" (Fp 4.11). Há aqueles que só se contentam com o que Deus dá, mas ficam irritados com aquilo que o Soberano Deus não os dá. Para Paulo o verdadeiro contentamento não está em receber e não-receber, mas na decisão soberana da graça de Deus! O que Deus em Sua eterna graça decidisse para Paulo ele abraçaria alegremente, pois em todas essas coisas ele era fortalecido em Cristo (Fp 4.13).

Quem ou o que deve ser a fonte do contentamento cristão?
Para Paulo e para todo o cristão verdadeiro a resposta é Deus! O Deus que Se revelou por meio de Jesus Cristo!
Então, a vida cristã é uma vida de contentamento em Deus por meio de Cristo no usufruto da presença de Deus Espírito Santo!
Paulo estaria contente em toda e qualquer situação porque a fonte de sua alegria não estava nas circunstâncias, mas Naquele que o fortalecia em todas elas – o próprio Deus por meio de Cristo!
Agostinho disse que “feliz é aquele que possui a Deus”. Ele também disse em suas Confissões: “Tu nos fizestes para Ti mesmo, e nossos corações não acham paz, enquanto não descansam em Ti”. Agostinho trabalhou com todo o seu vigor para fazer conhecido e amado, no mundo, este Deus de graça e alegria soberanas para nosso contentamento.
Infelizmente, a nota de contentamento em Deus descrita por Agostinho está ausente da maioria das pregações e de nossas igrejas hoje. Ainda com tristeza digo que, infelizmente “teologias” que colocam o homem como o centro de todas as coisas e um “contentamento” baseado na busca frenética nos prazeres temporários desta vida imperam nas nossas comunidades.
Como disse o teólogo R. C. Sproul que ainda hoje “não ficamos livres do cativeiro pelagiano na igreja”. Pelágio, um monge britânico, era um pregador popular nos anos 401 a 409 d. C. Ele era o arquiinimigo de Agostinho porque rejeitava a noção de que a vontade do homem era escravizada pelo pecado e necessitava de graça especial para crer em Cristo e fazer o bem. Ele rejeitava a oração de Agostinho: “Dá-me graça [ó Senhor] para fazer o que Tu ordenas e ordena-me fazer o que Tu queres”. R. C. Sproul disse: “Precisamos de um Agostinho ou de um Lutero para falar conosco novamente, para que a graça de Deus não seja obscurecida nem obliterada em nossa época”.
Mas, mesmo que outro Lutero ou Agostinho não se levantem, Deus pode nos usar! Nós que nos deleitamos em Deus para Sua eterna glória na manifestação de Seu eterno Filho. E isto acontecerá quando nos arrependermos das fontes erradas que a igreja atual busca para encontrar o contentamento. Nosso Senhor disse para a mulher Samaritana que enquanto ela buscvaa o contentamento na prostituição, indo de marido em marido, de cama em cama, ela nunca estaria satisfeita, ela sempre teria sede e procuraria saciá-la na promiscuidade, mas no dia em que ela bebesse da água que Ele tinha para oferecer ela nunca mais buscaria o contentamento nas cisternas rotas da vida. Pelo contrario, ela estaria satisfeita e contente unicamente Nele. Pois, o contentamento no Deus que Se revelou por meio de Cristo é como uma fonte que salta para a vida eterna.
Só assim oraremos e confessaremos como Agostinho:
“Como foi maravilhoso eu ficar repentinamente livre daquelas alegrias infrutíferas que antes eu tinha medo de perder! [...] Tu as expulsastes de mim; Tu, que és a verdadeira e a soberana alegria. Tu as expulsastes de mim e ocupastes o lugar delas [...] Ó Senhor, meu Deus, minha Luz, minha Riqueza, minha Salvação” .

DEUS AMA GLORIFICAR A SI MESMO PARA NOSSA ALEGRIA!
John Piper nos lembra que o alicerce do prazer [contentamento] cristão é o fato de que Deus é supremo em Suas afeições:
“O principal propósito de Deus é glorifica a Deus e ter prazer em Si mesmo para sempre”.
Parece-me que esta frase do Dr. Piper no evangelicalismo moderno soaria totalmente estranha. Os cristãos triunfalistas a colocariam desta maneira:
“O principal propósito de Deus é glorificar o homem e ter prazer no homem para sempre”.
Infelizmente, o contentamento de muitos que se dizem crentes em Jesus está neles mesmos e na satisfação de seus desejos egoístas em detrimento da glória de Deus e da edificação dos irmãos.
Hoje, parece que Deus foi destronado e o homem entronizado. Deus tornou-Se um mero meio para a satisfação dos desejos de homens sanguessedentos por si mesmos e por suas próprias platéias e famas. Deus vive para nós, reverbera o evangelicalismo humanista brasileiro!

Sacudindo esse humanismo podemos dizer como o velho Catecismo coloca: “O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus ao gozá-Lo plena e eternamente”.
Veja que a nossa alegria não está nos dons de Deus, nem em nós mesmos, mas UNICAMENTE NELE PARA ELE E POR ELE! Então glórias, pois a Nome Dele por meio de Cristo Jesus para nossa eterna alegria Nele! Amém!
É totalmente arrogante e antibíblico tentar adorar a Deus por qualquer outra razão que não o prazer de estar Nele, diz John Piper . Adorar a Deus é reconhecer que Ele é supremo em Suas afeições procurando glorificar a Si mesmo para nossa eterna alegria! A nossa alegria e a glória de Deus são faces da mesma moeda. Deus, como coloca muito bem o Dr. Piper, é mais glorificado em nós quanto mais nos alegramos Nele. Quanto mais procuramos nos deleitar em Deus como a fonte de nossa verdadeira e perene alegria mais glórias Deus terá por meio de nossa busca da alegria Nele. Pois, quando Nele buscamos a alegria Ele é glorificado como a fonte da verdadeira alegria.

Buscar a felicidade não é pecado; isto é um traço comum da natureza humana. Pecado é buscá-la na fonte errada (nós mesmos, nas coisas desta vida passageira) e não na certa (no Deus que Se revelou em Cristo Jesus).
Não devemos jogar a nossa vida fora buscando o contentamento em nós mesmos e nas coisas não eternas. Só buscando-o (contentamento) em Cristo Jesus, nós conseguiremos salvar nossa vida. Foi Cristo mesmo quem disse: “Se alguém perder a sua vida por amor de Mim achá-la-á”.

Que Deus possa continuar abrindo nossos olhos para que tenhamos a visão de que somente na presença Dele há plenitude de alegria e delícias perpétuas (cf. Sl 16.11).


Soli Deo Gloria!

quarta-feira, junho 09, 2010

JESUS um Simples Mestre e Grande Psicólogo?


O1. Perfil de Personalidade.
Depois de Philip Yancey falar sobre alguns aspectos cativante da personalidade do Senhor Jesus, como “um homem com carisma”, que o povo ficava sentado por três dias sem intervalo, sem comer, apenas para ouvir suas palavras instigantes. Um homem emocionado, impulsivamente “movido pela compaixão” ou “cheio de piedade”. Três vezes, pelo menos, Ele chorou na frente dos Seus discípulos. Ele teve súbita simpatia por uma pessoa leprosa (Mt 8). Um rasgo de raiva diante dos legalistas frios, tristeza por causa de uma cidade não receptiva.
Contudo, diz Philip Yancey, devido a todas as qualidades que remetem para o que os psicólogos gostam de chamar auto-realização, Jesus quebrou o protocolo. Como C. S. Lewis diz: “Ele não foi de maneira nenhuma o quadro que os psicólogos pintam de cidadão integrado, equilibrado, ajustado, feliz no casamento, bem-empregado, popular. Não podemos realmente estar “bem-ajustados” ao nosso mundo se ele nos diz ‘vá para o inferno’ e nos acaba pregando nus a um poste de madeira” .


02. As Bem-Aventuranças.
As bem-aventuranças podem ser consideradas a introdução do Sermão do Monte pregada pelo nosso Senhor. Parece-nos, como alguns têm acreditado que as bem-aventuranças são desenvolvidas em todo o Sermão em si. Aliás, podemos afirmar que as declarações do Senhor Jesus contidas neste maravilhoso Sermão é o âmago de toda a Sua mensagem e Sua Pessoa. Como disse acertadamente Philip Yancey “Se fracasso em entender esse ensinamento [Sermão do Monte], fracasso em entendê-Lo” .

Que significado podem as bem-aventuranças ter para uma sociedade que honra o agressivo, o confiante e o rico? Bem-aventurados são os felizes e os fortes, diz a sociedade em que vivemos. Bem-aventurados os que têm fome e sede de divertimentos, os que procuram se vingar e ainda os que procuram agradar o N0 1.
Alguns psicólogos e psiquiatras, seguindo a liderança de Freud, apontam para as bem-aventuranças como prova do desequilíbrio de Jesus. Um notável psicólogo britânico disse num discurso preparado para a Sociedade Real de Medicina:

“O espírito de auto-sacrifício que permeia o cristianismo e é tão altamente valorizado na vida religiosa cristã é masoquismo moderadamente consentido. Uma expressão muito forte dele se encontra nos ensinamentos de Cristo no Sermão do Monte. Esse abençoa os pobres, os mansos, os perseguidos; exorta-nos a não resistir ao mal, mas oferecer a outra face para ser esbofeteada; e a fazer o bem aos que nos odeiam, perdoando aos homens as transgressões. Tudo isso tem cheiro de masoquismo” .

Com essas palavras vemos a falta de compreensão tanto da Pessoa de Cristo quanto de Seus ensinos. Outro exemplo disso é o grande escritor Augusto Cury com mais de cinco (5) milhões de livros vendidos no Brasil. Podemos admirá-lo pelas suas penetrantes palavras dentro do seu contexto psicológico. Mas, infelizmente, como aconteceu com muitos, o Dr. Cury erra em interpretar muitos dos textos das Escrituras sob sua ótica psicológica. Talvez ele, como muitos outros cientistas que afirmam que as Escrituras não são precisas, por exemplo, quando dizem que o sol se põe e outros detalhes neste sentido, erram em não reconhecer o propósito teológico dos fatos e, as palavras registradas nas Escrituras numa visão fenomenológica.
Por exemplo, depois de Cury receber críticas de suas idéias errôneas de que “Deus sente necessidades psíquicas e que experimentou solidão”, ele diz:

“[...] insisto que a análise de determinados textos bíblicos, sob o ângulo da psicologia e da filosofia – e não da teologia –, demonstra que, se o Deus real e auto-existente não experimentasse uma indecifrável solidão no teatro da Sua psique, provavelmente continuaria vivendo numa clausura eterna. A eternidade seria para Ele uma prisão. Não teria nenhuma necessidade de inspirar, criar, relacionar-Se” .

Na página 14 Cury diz: “[...] E como tal [ou seja, Deus] possui uma personalidade concreta com necessidades psíquicas vitais” . E continua dizendo que “[...] Deus não é um computador universal, uma energia cósmica ou um criador insensível e auto-suficiente. Deus é Pai. Como Pai, Ele foi preso na armadilha da própria emoção, onde se destaca uma dramática solidão. Como Pai, Ele tem necessidade incontida de construir uma rede de relacionamentos com a humanidade, para trocar experiências, interagir, irrigar sua emoção com prazer”.
Infelizmente, esta é uma visão bastante distorcida do Deus revelada nas Escrituras Sagradas. Cury erra em muitos pontos em seu livro A Sabedoria nossa de Cada Dia: Os Segredos do Pai Nosso 2.
O problema da análise do Dr. Cury é que ele encaixota Deus dentro das limitadas necessidades humanas vistas pela psicologia. No final de sua análise (Cury), não temos o Deus revelado nas Escrituras, mas um grande homem com necessidades psíquicas, que não está satisfeito com sua vida eterna solitária que chamamos pelo nome de “Deus”. O que temos não é o Deus que Se auto-revelou nas Escrituras, mas a própria imagem de Augusto Cury. Ou seja, um deus feito a própria imagem do entendimento psicológico do Dr. Cury.

Deus não é um Grande Homem Cósmico com profundas necessidades psíquicas enclausurado na eternidade.
Porque Deus é a Realidade Última, devemos medir tudo em relação ao critério de Sua auto-revelação e de Sua obra, a partir do que Ele diz, sem tentar fazê-Lo se encaixar em nossas próprias imagens e imaginações pessoais como faz Cury. O grande problema de Cury é que ele encaixota a personalidade de Deus dentro da moldura da personalidade humana. Ou seja, ele descreve a Deus como um simples ser humano. Ele “analisa” Deus como se Ele tivesse as mesmas necessidades psíquicas que um ser finito como o homem possui. Ele esquece que Deus é o Criador auto-suficiente de toda a personalidade e não uma réplica grande do homem e suas necessidades. Com isso afirmo que a personalidade de Deus é infinitamente maior e diferente da do homem. Sendo a deste um reflexo turvo da personalidade do Deus Infinito.

James I. Packer comenta corretamente sobre o perigo de concebermos uma imagem de Deus que, em última análise é produto de nossa especulativa imaginação:

“Ouvimos freqüentemente expressões como esta ‘Eu gosto de pensar em Deus como o grande Arquiteto (ou Matemático, ou Artista)’. ‘Eu não penso em Deus como um juiz: gosto de pensar nEle simplesmente como um Pai’. Sabemos por experiência como essas expressões servem de prelúdio à negação de alguma coisa que a Bíblia nos diz a respeito de Deus. É necessário que se diga com a maior ênfase possível que quem se considera livre para pensar em Deus como gosta está infringindo o Segundo Mandamento. Na melhor das hipóteses, podem pensar em Deus apenas como um homem, talvez um homem ideal ou um super-homem, mas Deus não se iguala a nenhum tipo humano” .


É exatamente isso que observamos na psicologização das Escrituras feitas por Augusto Cury. Quando a Escritura diz que somos feitos à imagem de Deus (Gn 1.26,27), não significa que devemos pensar nEle de acordo com nossa imagem, pois pensar em Deus desse modo é ser ignorante a Seu respeito, não O conhecendo. Pensar desta forma é cair no erro da especulação filosófica e psicológica em vez de nos debruçarmos na revelação bíblica. Fazer isto é nos tornar adoradores de imagens produzidas por nossa imaginação e especulação. No final tudo se reduz a pura idolatria. O deus de Augusto Cury, que sente necessidades psíquicas, é um produto de sua própria imaginação especulativa, portanto é idolatria.
Outra vez leiamos o alerta do Dr. James I. Packer:

“As imagens enganam os homens. Elas projetam idéias falsas a respeito de Deus. O modo inadequado como O representam perverte nossos pensamentos a Seu respeito, e incutem em nossas mentes erros de todos os tipos sobre Seu caráter e vontade” .

A Bíblia não ordena a crença num deus; mas ordena a crença no Deus. O primeiro dos Dez Mandamentos proíbe a idolatria, não o ateísmo. O grande perigo da civilização não é que ela não crerá em Deus, mas que eles se entregarão a fantasias, a imaginações ímpias e a demônios .

O que salientou James Kennedy com respeito à doutrina da predestinação serve como verdade para o que estamos falando. Ele diz: “O motivo por que tantas pessoas se opõem a essa doutrina [predestinação] é que elas querem um Deus que seja qualquer coisa, menos Deus. Talvez lhe permitam ser algum psiquiatra cósmico, um pastor prestativo, um líder, um mestre, qualquer coisa, talvez... contanto que Ele não seja Deus. E isso por uma razão muito simples [...] elas mesmas querem ser Deus. Essa sempre foi a essência do pecado – o fato que o homem pretende ser Deus” .
A nossa grande tragédia é que pensamos sobre Deus em nossos moldes finitos. O que devemos fazer é nos quedar humildemente diante da revelação de Deus de Si mesmo e, não ficar especulando sobre Deus.

No texto do Evangelho do Senhor Jesus Segundo João (14.7-14) temos uma clássica exposição de nosso Senhor mostrando (revelando) quem Ele é. Nosso Senhor revela quem realmente Ele é em termos inconfundíveis, incontestáveis e aurifulgentes: “Quem Me vê a Mim vê o Pai” (v.9); “[...] Eu estou no Pai e que o Pai está em Mim” (v.10).
O que o Senhor Jesus revelou aos Seus discípulos e a nós neste texto? Uma coisa é certa: ELE É DEUS! Eles tinham ouvido as Suas afirmações de deidade antes e haviam presenciado a prova disso em Suas obras. Ele tinha acabado de dizer que era o caminho para Deus, a verdade sobre Deus e a própria vida em Deus (v.6). E, agora, Ele vai um passo adiante nos versículos 7 a 10 e afirma em termos inequívocos ser Deus. Suas Palavras devem ter sido surpreendentes porque a declaração era tremenda para os judeus.
Nenhuma pessoa razoável vai simplesmente desconsiderar a alegação de Jesus de ser Deus (só Cury e outros estudiosos). A simples, central e mais importante de todas as questões sobre Jesus é a que trata da Sua deidade. Qualquer pessoa que estude a vida de Jesus tem de confrontar esse assunto, por causa do que o Novo Testamento ensina. Alguns concluem que Jesus era um insano, que tinha mania de grandeza. Outros acreditam que Ele era uma fraude. Outras ainda tentam dizer que Ele era apenas um bom mestre (olá dr. Cury!), mas isso na realidade não é uma solução, porque bons professores não afirmam ser Deus. Se não fosse Deus encarnado o Emanuel Ele seria um insano, ou uma fraude e ainda um mestre da moral louco. Em vista dessas opções, o ensaísta cristão, C. S. Lewis, corretamente observou que “a única coisa que nós não podemos dizer” sobre Jesus é que Ele foi “um grande mestre de moral”, mas não Deus. Lewis mais adiante anotou:
“Um homem que fosse meramente um homem e dissesse as coisas que Jesus disse não seria um grande mestre de moral. Seria um lunático – como o homem que diz ser um ovo frito – ou então seria o Diabo do Inferno. Você tem que fazer a sua escolha. Esse homem era, e é, o Filho de Deus ou então é um lunático ou alguma coisa pior” .

Sabélio, um herege e o precursor da seita dos unitarianos, ensinou que Jesus era somente uma radiação, uma manifestação de Deus. Mas Ele não é meramente uma manifestação de Deus; Ele é o Deus bendito eternamente. O Senhor Jesus é o Deus bendito que Se manifestou. Como disse o grande defensor da divindade do Senhor Jesus na História da Igreja, Atanásio: “Ele tornou-Se o que não era (Homem, não simples homem, mas teologicamente falando, DEUS-HOMEM); mas continuou sendo o que sempre foi (DEUS!)”. Existe uma significante diferença. Jesus é, de modo único, um com, mas distinto de, o Pai – Deus evidente em carne humana.
Em João 14.7-10 o Senhor Jesus faz a muito simples, indisfarçada reivindicação de que Ele é não menos que o próprio Deus.

A minha exortação a todos é fazer coro a voz do profeta Oséias que falou destemidamente em alguns textos:
“O Meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também Eu te rejeitei, para que não sejas sacerdote diante de Mim; visto que te esqueceste da Lei do teu Deus, também Eu Me esquecerei de teus filhos” (Os 4.6). Que tragédia quando um pastor, líder ou cristão ficam inventados conhecimento em vez de se debruçarem na revelação da Palavra de Deus!

“[...] o povo que não tem entendimento corre para a sua perdição” (Os 4.14).
E isto eles fazem celeremente!

“Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao SENHOR: como a alva a Sua vinda é certa; e Ele descerá sobre nós como a chuva, como a chuva serôdia que rega a terra” (Os 6.3).
É certa a manifestação de Deus quando prosseguimos em conhecer a Deus!
Que o nosso anseio possa ser: “Pois misericórdia quero, e não sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos” (Os 6.6).

É o Deus da Bíblia que precisa ser conhecido e não o “nosso” deus. É o Deus da revelação que precisa ser conhecido e não o deus da invenção psicológica, filosófica ou qualquer logia de qualquer homem. Precisamos conhecer a Autobiografia de Deus (As Escrituras) e não alguma “biografia” de um homem a respeito de Deus. Queremos e precisamos de Deus que fale conosco e não de alguém que exponha suas idéias sobre Deus. O que estou querendo dizer é que somente nas Escrituras Sagradas temos a infalível e inerrante revelação que Deus deu de Si mesmo por meio de Cristo e pelas Palavras ensinadas do Espírito Santo.



Soli Deo gloria!

sexta-feira, março 12, 2010

O Clube Cristão ou A Igreja de Cristo?


Muitas igrejas no Brasil, infelizmente, estão uma bagunça. Teologicamente são indiferentes, confusas e perigosamente erradas e, bem como aceitando meias verdades, que são piores do que a mentira, como também verdades incompletas e truncadas. Moralmente vivem vidas indistinguíveis da do mundo. Elas geralmente têm um monte de gente, dinheiro e atividades. São grandes igrejas com grandes atividades religiosas. Têm nome de que estão vivas, mas estão mortas. Dizem-se ricas e bastadas, mas são miseráveis, pobres, cegas e nuas. São totalmente carentes da graça que vem unicamente do Cristo que está do lado de fora de suas reuniões antropocêntricas.

A grande pergunta é: Será que estas igrejas são realmente uma igreja visível que reflete as características da verdadeira igreja invisível, ou será que elas se se degeneraram em clubes peculiares, em clubes que desejam satisfazem as necessidades sentidas de seus associados?

O que deu errado? No centro desta enorme confusão existe um fenômeno simples: as igrejas parecem ter perdido o amor e a confiança na Palavra de Deus. Eles ainda carregam Bíblias e declaram a autoridades das Escrituras. As pessoas ainda dizem que a Bíblia é a única regra de fé e prática, pelo menos esse é seu credo teológico. Estas igrejas ainda têm sermões com base em versículos da Bíblia e ainda têm aulas de estudo da Bíblia. Mas, não muito da Bíblia é realmente lido nos seus cultos. Seus sermões e estudos normalmente não examinam a Bíblia para ver o que ela realmente diz de importante para o povo de Deus. Muitos dos atuais palestrantes não examinam a Bíblia em seus diversos contextos hermenêuticos, negligenciando a verdadeira interpretação da Palavra de Deus para o povo de Deus. Cada vez eles tratam a Bíblia como petiscos de inspiração poética, de psicologia pop e de auto-ajuda, conselhos terapêuticos e coisas afins. Congregações onde a Bíblia, a Palavra eterna de Deus, é ignorada ou abusada estão em grave perigo. Igrejas que se afastam da Palavra de Deus vão logo descobrir que Deus Se afastou delas. Igrejas que menosprezam a Palavra de Deus serão menosprezadas por Deus. Igrejas que se cansam das verdades divinas serão também motivo de cansaço divino.

Eis ai o problema diante de nós! Qual a solução que a Bíblia ensina para esta triste situação? A resposta curta, mas profunda é dada por Paulo em Colossenses 3.16: “Habite, ricamente, em vós a Palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, com gratidão, em vosso coração”. Precisamos que a Palavra de Cristo habite rica e abundantemente em nossas igrejas para que possamos conhecer as verdades de Deus para nossas vidas. Saber o que Deus pensa é muito mais importante para nossas vidas. Precisamos estar preocupados menos com as “necessidades sentidas” e mais preocupados com as necessidades reais dos pecadores perdidos conforme ensinada na Bíblia Sagrada, a Palavra de Cristo.

Neste grandioso texto aos santos na cidade de Colossos, Paulo, os exorta a viverem de acordo com a Palavra de Cristo que deve habitar ricamente entre eles (ou “em vós” = ambas as traduções são possíveis, pois somente quando a Palavra habita dentro dos corações é que ela habitará entre o povo de Deus)[1]. A Palavra de Cristo deve governar cada pensamento, palavra e ação, sim, até mesmo os desejos e motivos ocultos de cada membro da igreja, e assim deve dominar entre todos eles, e isto ricamente, “produzindo muito fruto” (Jo 15.5). Isto acontecerá se os crentes nas igrejas observarem a Palavra (Mt 13.9), manejarem-na corretamente (2Tm 2.15), esconderem-na nos seus corações (Sl 119.11), e apresentarem-na a outros como sendo, na verdade, “a Palavra da vida” (Fp 2.16).

E cada membro comprometido com a rica Palavra de Cristo deve, indistintamente, instruir e aconselhar mutuamente uns aos outros em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão em cada coração. Pois, tudo o que fizermos, seja em palavra, seja em ação, devemos fazê-lo em Nome do Senhor Jesus, dando por Ele graças a Deus Pai (Cl 3.17).

Só assim teremos não um clube religioso para satisfazer as necessidades sentidas, mas teremos uma igreja que ama a Palavra de Cristo e glorifica a Deus por uma vida de verdadeira santidade! É somente a Palavra de Cristo em nós e entre nós que pode revelar e satisfazer as verdadeiras e essenciais necessidades da humanidade. Portanto, que cada ministro e que cada cristão procure e se esforcem diligentemente para compreenderem e amarem a Palavra de Cristo.


Soli Deo Glória!


Atenciosamente, vosso servo em Cristo Jesus,


Pr. F. Ivan Teixeira da Silva.



[1] William Hendriksen, Comentário do Novo Testamento: Exposição da Carta aos Colossenses, pg. 201. Editora Cultura Cristã.

sábado, fevereiro 27, 2010

As Testemunhas de Jeová e o Sofrimento.


Na manhã de sábado do dia 27 de fevereiro de 2010 um dedicado evangelizador das Testemunhas de Jeová entregou-me um folheto trazendo algumas perguntas e respostas sobre alguns assuntos e, dentre eles o do sofrimento.
As Testemunhas de Jeová ensinam que o sofrimento não é da vontade de Deus. Elas perguntam: “Será que Deus realmente se importa conosco?”
Elas dizem que o motivo da pergunta é: “Vivemos num mundo cheio de crueldade e injustiça. Muitas religiões ensinam que o nosso sofrimento é da vontade de Deus”.
Então, eles seguem citando alguns textos que falam que Deus não age com iniqüidade e injustiça (cf. Jó 34.10).
Parece-me que as Testemunhas de Jeová não sabem discernir sofrimento de injustiça e iniqüidade. É claro, como ensina as Escrituras, que o sofrimento é uma conseqüência de nossa iniqüidade e que muita da injustiça praticada no mundo tem trazido sofrimento para muitas pessoas.
É claro que Deus não é o Autor do pecado e Deus não é um Sadomasoquista Cósmico que se deleita com o sofrimento dos outros. Mas Deus em Sua soberania e sabedoria determinou que o sofrimento, como conseqüência da rebelião de nossos pais (Adão e Eva), torne-se um meio para nos ensinar grandes lições
Pedro disse: “Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois. [...] se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom, do que praticando o mal” (1Pe 3.14,17).
Como disse John Piper:
“Mesmo que Satanás seja, algumas vezes, envolvido em nossas aflições como causador principal, não é pecado ver Deus como a causa mais remota, primária e fundamental. O desígnio de Satanás é a destruição da fé (Jó 2.5; 1Ts 3.5), mas o desígnio de Deus é a cura profunda da alma; como o hino “Que firme alicerce” declara tão ousadamente:
Se provas de fogo tiverdes quer passar;
Tereis Sua graça a vos amparar.
A chama não pode o fiel consumir,
Mas queima a escória e o ouro faz surgir .

A nossa geração não se alegra, como os santos apóstolos, a sofrer pelo evangelho! Em Atos 5.41 (cf. v.40) lemos: “E eles se retiraram do Sinédrio regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome” (ver v.42). Isto sim é Cristianismo!
O poder de Deus nos capacita a sofrer destemidamente em prol do evangelho da cruz de Cristo. Com isso posso dizer que o poder de Deus estará disponível para aqueles que resolutamente sofrem pelo evangelho.
O Senhor Jesus disse em Marcos 8.35: “Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de Mim e do evangelho salvá-la-á”.

Paulo estava ciente de que ser chamado para ser ministro de Cristo implicaria uma vida de sofrimento que glorificaria a Deus. Quando o Senhor Jesus falou a Ananias a respeito de Paulo, disse: “[...] Eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo Meu Nome” (At 9.16). Está muito claro que Cristo mostraria a Paulo a importância e o privilégio de sofrer por causa Dele e, Paulo demonstraria pelo seu sofrimento as aflições do próprio Cristo diante da igreja e do mundo.
Paulo compreendeu o próprio sofrimento como uma extensão necessária ao sofrimento de Cristo, por amor da igreja. Assim ele disse aos colossenses: “Agora, em regozijo nos meus sofrimentos por vós; e preencho o que resta das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do Seu corpo, que é a igreja” (Cl 1.24). Os seus sofrimentos não completaram a obra de expiação do sofrimento de Cristo. Você não pode completar a perfeição. Ao contrario, eles completaram a extensão daqueles sofrimentos em pessoa, em um sofrimento representativo para aqueles por quem Cristo sofreu .
Paulo tinha de sofrer no ministério do evangelho. Era uma extensão essencial dos sofrimentos de Cristo. Pois, além de projetar os sofrimentos de Cristo no sofrimento de Paulo e de outros, Deus tinha outras razões em ordenar os sofrimentos na vida dos ministros do evangelho. Mas uma vez Paulo nos dá uma luz: “Porque não queremos, irmão, que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio na Ásia, porquanto foi acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida. Contudo, já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em nós, e sim no Deus que ressuscita os mortos” (2Co 1.8,9).
Deus ordenou os sofrimentos de Paulo, e de todo o ministro do evangelho e bem como de todo crente em Cristo Jesus, para que ele e os ministros do evangelho fossem radical e totalmente independentes, exceto do próprio Deus. Os sofrimentos de Paulo têm como propósito de trazê-lo de volta para Deus como sua única esperança e tesouro . Paulo deveria confiar no poder de Deus e não em técnicas humanas.
William Cowper disse: “Não julgue o Senhor com débil entendimento, mas confie Nele para Sua graça. Por trás de uma providência carrancuda, Ele oculta uma face sorridente. Seus propósitos amadurecerão rapidamente, desvendo-se a cada hora; o botão pode ter um gosto amargo, mas a flor será doce” .

Mas, dizer, como as Testemunhas de Jeová, que o sofrimento não faz parte da vontade de Deus é ignorar grande parte das Escrituras e, isto sem falar do sofrimento do Filho de Deus que as Escrituras descrevem como “ao SENHOR agradou moê-Lo, fazendo-O enfermar” (Is 53.10).

Como seres humanos finitos não compreendemos, muitas das vezes, ou em todas elas, o sofrimento como parte do plano de Deus. Às vezes pensamos que o sofrimento nem faz parte do plano divino para as nossas vidas. Isto é visto com mais freqüência na época em que vivemos, onde se prega uma teologia da prosperidade, uma vida isenta de sofrimentos e coisas dessa natureza. Os ministros em vez de ensinarem o propósito de Deus no sofrimento e como os cristãos devem suportar e passar pelo sofrimento, infelizmente, ensinam a amarrar todo tipo de sofrimento. Creio que isso é conseqüência de uma má compreensão dos sofrimentos. A maioria das visões sobre o sofrimento quando muito expressa a mesma idéia dos discípulos de Cristo quando Lhe interpelaram sobre quem havia pecado, os pais ou o homem para que nascesse cego (cf. Jo 9.1-3).
Podemos descansar na certeza de que mesmo que não vejamos, ou não entendamos, a razão de estarmos sofrendo, Deus vê e entende; mesmo que sejamos pegos de surpresa pela adversidade, nada pode surpreender a Deus. O Senhor Jesus, como Filho de Deus, sabia que, indubitavelmente, viriam provações e perseguições na vida de todos os verdadeiros ministros e crentes através dos séculos (cf. Jo 16.33; 1Jo 5.4,5).
O Senhor Jesus predisse a hostilidade do mundo que todos quanto nEle estavam enfrentaria:

“Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro do que a vós, Me odiou a Mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes Eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. Lembrai-vos da Palavra que vos disse: ‘Não é o servo maior do que o seu senhor’. Se a Mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha Palavra, também guardarão a vossa” (Jo 15.17-20).

Estas e outras advertências (e.g. Mc 13.9-13) deixam claro que o Senhor Jesus previra de fato que os Seus discípulos seriam hostilizados pelo mundo.


1. Porque o Mundo Nos Odeia?
Talvez o maior de todos os conflitos não é entre EUA e os terroristas da Al Qaeda, mas entre os cristãos e o mundo. Vejamos alguns itens que levam ao ódio do mundo pelos discípulos de Cristo.
1) Porque nos opomos ao mundo.
Somos contra o fluxo secular de idéias e costumes, e nos opomos aos erros e injustiças. Até mesmo insistimos, com avidez, para que todas as pessoas se arrependam de seus pecados e se voltem com fé para o Senhor Jesus Cristo. Esta última característica leva o mundo a fazer-nos a mais veemente oposição e a odiar-nos intensamente.
O Senhor Jesus foi odiado e morto porque se opôs ao sistema corrupto deste mundo (cf. Lc 4.22-30; Jo 5.16,18; 7.1,30; 8.20,48-59; 10.20,39).
Abel foi morto por não comungar com a sociedade que transmitia, por meio Caim, uma falsa religião (Gn 4; cf. 1Jo 3.12).
Os filhos de Deus devem, no meio duma geração corrompida e perversa que os odeia, ser irrepreensíveis, sinceros e inculpáveis, resplandecendo como astros – a exortação não é para ser astros ou estrelas como alguns têm sido (Fp 2.15). Veja uma correlação com as Palavras de nosso Senhor em Mt 5.13,14. O mundo se opõe a luz que há em nós, pois ao resplandecer traz a vista o que estava escondido (Jo 3.20; comp. 1Sm 1.6,7). Bem como se opõe ao sal, pois suas chagas são incomodadas com a salinidade cristã.

2) Porque o mundo odeia ao Senhor Jesus.
Se o ministro está em Cristo, e Cristo está no ministro (Jo 15.1ss; Gl 2.20), o mundo o odiará na mesma proporção que odiou a Cristo (Jo 15.20).
O ódio perseguiria aos discípulos como uma continuação da hostilidade e do ódio contra Cristo. O ataque passaria do Pastor para as ovelhas, do Senhor para os servos. Tão certo quanto suas vidas refletiriam Cristo, atrairiam também o ódio dos homens pecadores (cf. Gl 4.29) .
Se um ministro não quer sofrer o ódio do mundo, mas prefere sua amizade, deve não imitar a Cristo e nem servi-Lo fiel e corretamente. Mas fique ciente de que a amizade do mundo constitui inimizade contra Deus (Tg 4.4), e horrenda coisa é cair nas Mãos do Deus Vivo (Hb 10.31). E ainda, quem escapará de um inimigo que é fogo consumidor? (Hb 12.29). Quando não nos relacionamos com Deus em obediência aos Seus mandamentos, o próprio Espírito Santo, que é o outro Consolador, torna-Se nosso Maior Inimigo (cf. Is 63.10).
A vida cristã não é viver em Cristo, por assim dizer, ou seja, em certo sentido, mas Cristo viver em nós. É vivermos uma vida pela fé no Filho de Deus que nos amou e a Si mesmo Se entregou por nós (Gl 2.20). Paulo não vive mais uma vida independente, mas Cristo vive nele. O apóstolo vive a própria vida de Cristo, ou seja, Cristo habita terminante e ininterruptamente em Paulo que este reflete o caráter de Cristo. E é por isso que o mundo odiou a Paulo! E todo obreiro cristão que vive dependente de Cristo sofrerá oposição deste mundo (cf. 2Tm 3.11,12).

3) Porque não somos do mundo.
O mundo odeia os cristãos basicamente porque estes não são do mundo (cf. Jo 17.14-16). Culturalmente falando, não fazemos parte do “grupo”. A hostilidade tem raízes na dessemelhança espiritual. O mundo sente-se confortável na presença do que é seu. Tem capacidade de sentir certa afeição por esses. A exclusividade da sociedade cristã, uma comunidade redimida dentro da não redimida, desperta o desprazer. Repreendido pela santidade daqueles que são de Cristo (Jo 15.22; 1Sm 1.6,7), o mundo exibe seu ressentimento.

4) Porque Cristo nos escolheu do mundo.
Os seguidores do Senhor Jesus foram descritos em Jo 13.1 como “os Seus que estavam no mundo”, nos quais Ele concentrou o Seu amor . O Senhor Jesus os escolheu para fora do mundo (Jo 6.37-39,44,65; 13.18; 15.16; 17.2,6,9,11,12,24; 18.9) a fim de serem Seu povo; por isso eles não pertencem mais ao mundo. O mundo os trata como forasteiros, tratando-os com hostilidade.

5) Porque o mundo não conhece a Deus.
O mundo odeia os cristãos porque não conhece a Deus Pai.
Quão desolada e depravada é uma sociedade que desconhece a Deus (cf At 17.22,23). Aqui, Paulo descobre que a ignorância do verdadeiro Deus é a causa de tamanha depravação. Em Rm 1.18 a 2.2, o mesmo Paulo nos apresenta um retrato da pecaminosidade natural do mundo e da rejeição intencional do Deus da revelação.
Os ministros não podem abdicar do privilégio de serem amigos de Deus (cf. Jo 15.15; Tg 4.4; Rm 5.1), pois do contrário serão Seus inimigos, cujo amor do Pai está ausente (comp. Tg 4.4; 1Jo 2.15).

2. Porque o Sofrimento Faz Parte do Plano de Deus?
Devemos ter ciência de que qualquer sofrimento que os ministros de Deus e todo cristão experimentam faz parte do soberano plano de Deus para suas vidas. Eles devem crer que nada escapa ao controle de Deus, pois é Ele que opera com o exército do céu e os moradores da terra, segundo Sua vontade; e não há quem possa estorvar a Sua Mão, e Lhe dizer: Que fazes? (cf Dn 4.35). As testemunhas de Jeová poderiam muito bem examinar mais as Escrituras em seu contexto para compreenderem melhor esta grande doutrina evangélica.
Traço a seguir algumas lições dos sofrimentos:
1) A lição da Fé.
A principal razão para que Deus nos prove através dos sofrimentos é para que se demonstre a força de nossa fé. Digno de nota é o exemplo de Abraão (Gn 22). Sob a bigorna do sofrimento sua fé reluziu. Tal como diamante colocado nas águas para se observar sua autenticidade, Abraão, mergulhado nas águas profundas da provação continuou brilhando como um autêntico cristão. Sua fé era verdadeira.
O episódio da grande prova de Abraão em Moriá é, talvez, o principal exemplo de uma fé revelada na provação. Mas, em 2Cr 32.31 temos um resumo das provações de Ezequias, ao declarar que o propósito de Deus era “...para saber tudo o que havia no seu coração”. Sem dúvida nenhuma, Deus não tem de provar nenhum de nós para descobrir o que há em nossos corações, pois Ele já o sabe. Antes, Deus nos prova para que nós saibamos o que há em nossos corações (cf. Dt 8.1ss). Como diz a ARA: “...para prová-lo e fazê-lo conhecer tudo o que lhe estava no coração”.

2) A Lição da Humildade.
Devido ao perigo de nos exaltar quando abençoados por Deus em determinadas circunstâncias de nosso ministério, Deus às vezes, julga necessário permitir que mensageiros de Satanás nos esbofeteiem para nos conservar humildes (cf 2Co 12.6-10).

3) A lição da rejeição do Materialismo.
O materialismo torna-se uma pedra de tropeço para qualquer um que deseje o episcopado com seriedade. As riquezas materiais impediram que o jovem rico entrasse no reino de Deus (Mc 10.17-22). O ministro que se embaraça com negócios desta vida não pode lutar legitimamente, e nunca agradará aquEle que o alistou (2Tm 2.3,4; comp. 4.10). O ministro deve ser participante dos sofrimentos como um bom soldado de Cristo Jesus. Como Moisés o ministro deve se afastar da dependência das propriedades terrenas pelo o amor ao ministério (cf. Hb 11.24-26), pois ele não pode servir a dois senhores (cf. Mt 6.24).

4) A lição da esperança Eterna.
As provações fazem o ministro anelar pelo céu. Ele terá uma percepção melhor das virtudes da esperança e gozo eternos. Confira nas palavras de Paulo esta verdade (Rm 8.18-24; 2Co 4.16-18; 5.1-18).
O ministro e o cristão devem buscar em primeiro lugar as coisas eternas (cf Mt 6.33).
O ministro e o cristão devem ter um tesouro no céu (cf. Mt 5.19-21; 13.44; 19.21; Mc 10.21; Lc 12.33,34).
O ministro e o cristão são exortados a buscar e pensar nas coisas que são de cima (Cl 3.1,2).

5) A lição do primeiro Amor.
Deus usa o sofrimento com o propósito de nos mostrar o que realmente amamos. Isto fazia parte da prova que o SENHOR fez com Abraão no monte Moriá. Esta foi a grande pergunta que Abraão teve de responder: Você ama seu filho Isaque mais que a Deus ou você ama a Deus mais que Isaque? Nesta situação, sua resposta era crucial, porque Deus estava disposto a tirá Isaque de Abraão, se isto colocasse Deus em primeiro lugar na vida de Abraão. Ou seja, Deus está disposto a tirar tudo, pai, mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs e ainda também até nossa própria vida (cf. Lc 14.26; Mt 10.37-39), se isto impedir nosso amor para com Ele. Devemos aborrecer até nossa própria vida (cf. Epafrodito: Fp 2.30; Paulo, Silvano e Timóteo: 1Ts 2.8; os mártires: Ap 12.11). Esses receberão a coroa da vida (Ap 2.10).
O SENHOR também nos prova para mostrar qual o objeto de nosso primeiro amor (cf. Dt 13.3, vide também Dt 6.5,6; Mt 22.36,37; Lc 10.27,28; vide que o objeto de nossa adoração é o Pai – Jo 4.23,24).
Há também a possibilidade de colocarmos a obra de Deus, as bênçãos de Deus ou qualquer objeto relacionado ao culto a Deus, acima de Deus (cf. 1Sm 4.1-11). Não adianta ativismos se Deus não está em primeiro lugar em nossas vidas. Não adianta ter a arca da aliança em nossas mãos se o Deus da arca não está em nosso coração. Não adianta honrar as coisas de Deus se Deus não é amado e adorado.
Observamos que a igreja em Éfeso tinha muito ativismo: trabalho, paciência, intolerância para com os homens maus; colocava à prova todo suposto ministro; suportava sofrimentos perseverante e incansavelmente pelo Nome do Senhor Jesus, mas, infelizmente, deixaram o primeiro amor (cf. Ap 2.1-7). Parece-nos que a igreja estava tão ligada com as coisas de Deus que esquecera do seu Primeiro Amor. Deus é o nosso primeiro Amor. Ele é Amor (1Jo 4.8). A igreja em Éfeso estava como Marta, distraída com muitas coisas para o Senhor Jesus, mas a melhor parte ela estava deixando, que é o próprio Senhor Jesus – as pessoas devem entender que Cristianismo não é um amontoado de atividades, mas uma Pessoa (Lc 10.38-42). A igreja atual, como Marta e a igreja em Éfeso e os israelitas de 1Sm 4, estão tão distraídos em muitos serviços que estão deixando – talvez até já deixaram – de estar aos pés, como Maria, do Senhor Jesus. É necessário que Deus nos envie tribulações para que despojados de todo impedimento corramos para Seus ternos e poderosos braços. Eis o convite do salmista: “Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do SENHOR que nos criou” (Sl 95.6).

6) A lição das Bênçãos de Deus.
Os sofrimentos ensinam-nos a valorizar as bênçãos de Deus.
A razão diz: “Agarre o que puder deste mundo e vá em frente”. O sentimento e as emoções recomendam: “Procure prazer custe o que custar”. Mas a fé reivindica: “Obedeça a Palavra de Deus e seja abençoado”.
O caminho à bênção passa freqüentemente pelo sofrimento, mas sempre através da obediência (cf. Dt 28; Hb 5.7-9; Fp 2.8,9).

7) A lição da Empatia.
É sempre animador poder contar com a empatia humana. E este é outro valioso propósito para o sofrimento: capacitar-nos a ajudar os outros em seu sofrimento (cf. 2Co 1.3-11), pois ensina-nos a servir melhor os que se acham em meio à dor e sofrimento.
Temos o sumo exemplo do Senhor Jesus (cf. Hb 2.18; 4.15; Lc 22.31,32).

8) A lição da capacidade de resistência.
Os sofrimentos fortalecem nossa resistência para maiores provações a fim de sermos mais úteis no serviço do Senhor Jesus (cf. Tg 1.2-4). O puritano Thomas Manton observou: “Enquanto tudo está calmo e tranqüilo, vivemos pelo que sentimos e não pela fé. Pois o valor de um soldado nunca é conhecido em tempos de paz” .

Concluímos este tópico dizendo que o ministro deve (a) participar das aflições do Evangelho segundo o poder de Deus (2Tm 1.8), (b) sofrer as aflições, conjuntamente com os demais, como um bom soldado de Jesus Cristo (2Tm 2.3), (c) se necessário sofrer dificuldades e até prisões como um malfeitor (2Tm 2.9; comp. At 16.23-26; 20.23; 23.29; 26.31; 2Co 11.23; Cl 4.18; 2Tm 1.16; Fm 10,13,23; Hb 11.36; vide também 1Pe 4.12-19; 5.8-11) e, segundo o texto que estamos estudando, o ministro deve (d) como o próprio Paulo, suportar as aflições, ou seja, o ministro deve agüentar firme toda correnteza que solapa seu barco ministerial impedindo-o de cumprir completamente o seu ministério (2Tm 4.5); (e) o ministro deve viver piamente mesmo que isso o leve a padecer perseguições (2Tm 3.12). E finalmente “Se sofrermos, também com Ele reinaremos; se O negarmos, também Ele nos negará; Se formos infiéis, Ele permanece fiel; não pode negar-Se a Si mesmo” (2Tm 2.12,13; comp. Ne 9.33).


Que as testemunhas de Jeová possam aprender estas grandes verdades da Palavra de Yahweh que eles tanto reverenciam. Mas, infelizmente ignoram a totalidade da Palavra de Deus destacando versículos descontextualizados para enganam os incultos e incautos.

Paulo disse em Romanos 8.18: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não são para se comparar com a glória por vir a ser revelada em nós”.

2Corínitos 1.4: “É Ele [Deus] que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar aos que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmo somos contemplados por Deus”.

2Coríntios 4.8-10: “Em tudo somos atribulados, porém não angustiado; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos; levando sempre no corpo o morrer de Jesus pra que também a Sua vida se manifeste em nosso corpo”. E v.17: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda a comparação”.

Tiago 1.2,3: “Meus irmãos, tende por motivo de toda a alegria o passar por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança”. V.12: “Bem-aventurado o homem que suporta com perseverança a provação; porque depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que O amam”.

Tanto os pastores como também o rebanho devem sofrer. “É necessário que passemos por muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus” (At 14.22). “Vocês sabem muito bem que fomos designados para isso” (1Ts 3.3). “Pois o Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como filho” (Hb 12.6).



Atenciosamente,
Vosso servo em Cristo, Pastor Ivan Teixeira.


Soli Deo Gloria!

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

O Holocausto Contínuo (Ex 29.38-46).



O holocausto que era queimado sobre o altar de bronze que ficava localizado no átrio externo do Santuário visava alguns objetivos divinos:

01. O encontro do SENHOR com o Seu povo: "onde vos encontrarei" (v.42).
O transcendente Deus estaria se encontrando continuamente com Seu povo mediante esta sublime oferta, o holocausto. Esta oferta era totalmente queimada para Deus. E ela objetivava um encontro do homem com o Seu Criador. Quando esta oferta estava sendo queimada no altar de bronze estava apontando para o Deus que encontrou-Se com Seu povo.

Aplicação:
Umas das gloriosas mensagens das Escrituras é que o Deus Soberano vem ao encontro da humanidade perdida. Não são os homens que sobem em escadas ao encontro de Deus, mas é o Deus transcendente que condescende-Se e abre o caminho até o homem na Pessoa de Seu Amado Filho Jesus. Em Cristo Jesus, Deus encontra-Se com a humanidade perdida. Paulo salientou está idéia escriturística da Palavra inspirada quando escreveu em 2Coríntios 5.19: "A saber, que Deus estava Cristo, reconciliando Consigo o mundo...". Foi na cruz o encontro cósmico! Foi na cruz o Encontro dos encontros! Foi na cruz o maior encontro de Deus com o homem! Foi em Cristo que Deus veio supremamente encontrar-Se com a humanidade perdida. Deus Se encontra com o homem na Pessoa de Cristo Jesus. Ou posso dizer de outra maneira: O homem é encontrado por Deus na Pessoa de Cristo Jesus. Pois, não é o homem que encontra Deus (Deus não está perdido!), mas é Deus que encontra e vem ao encontro da humanidade perdida em Cristo Jesus. Moisés disse para Faraó em Êxodo 5.3: "O Deus dos hebreus nos encontrou". Nosso Senhor quando palmilhou nesta terra salientou esta verdade quando disse em Lucas 19.10: "O Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido". A humanidade estava perdida, mas Deus em Cristo veio buscá-la e achá-la!

O holocausto contínuo da Tenda da Congregação apontava para esta gloriosa verdade da revelação soteriológicas das Escrituras Sagradas. Ele veio ao nosso encontro no sacrifício sangrento de Seu Filho Amado.


Por este encontro glorioso e transcendente Deus objetivava falar com Seu povo: "para falar contigo ali" (v.42).
A Escritura nos diz em Gênesis 3.8: "Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim". Tanto o homem quanto a mulher usufruíam da comunhão constante com o seu Criador quando este, na viração do dia, deixava Sua voz cintilar naquele belo jardim. Mas, depois que pecaram esconderam-se à voz do Criador. O pecado levantou uma barreira entre eles e o bendito Criador! O pecado produziu um enorme abismo entre o homem e Deus. O homem por si mesmo nunca poderá saltar esta barreira e nem ultrapassar este enorme abismo.
Mas, o Deus Criador, e somente Ele, pode saltar esta barreira e ultrapassar este abismo! E isto começa a ser demonstrado através do sacrifício de um substituto. O texto em Gênesis 3.21: "Fez o SENHOR Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu.". Não foram eles que providenciaram suas vestimentas, mas o Criador amoroso e fiel as fez. Nisto vemos Deus demonstrando Seu eterno amor. Mas, o Seu amor não é um sentimento barato e sim um amor justo. Por isso, vemos em Gênesis 3.23: "O SENHOR Deus [...] o lançou fora do jardim do Éden [...]". Seu amor justo providenciou as vestimentas e Sua justiça amorosa os "lançou fora do jardim do Éden" para que não tomassem do fruto da árvore da vida e vivessem eternamente em pecado.
Neste ato glorioso de cobri-los conclui-se a morte de um animal. A oferta de holocausto revela-nos esta verdade transcendental. Pois, Deus vem ao encontro do homem para falar-lhe novamente e dar-lhe esperança de comunhão com Ele. A comunhão do homem com Deus só será possível por um sacrifício intermediário. E o holocausto aponta para esta verdade gloriosa!

Aplicação: Veja que verdade maravilhosa! O Deus Santo vem ao nosso encontro para falar. Em outras palavras, Ele vem para Se revelar e ter comunhão conosco. Isto tornou-se mais tangível e evidente na Pessoa de Seu Amado Filho Jesus Cristo, nosso Senhor. Leiamos o que diz o escritor aos Hebreus 1.1,2: "Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a Quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo Qual também fez o universo".
Esta é a gloriosa mensagem do evangelho de Deus! Em Cristo, o Deus soberano e Santo vem ao nosso encontro para Se revelar e ter comunhão conosco. João deixou isso patente quando escreveu em João 1.18: "Ninguém jamais viu a Deus: O Deus Unigênito, que está no Seio do Pai, é Quem O revelou". Não podemos subir até Deus e conhecê-Lo. É Ele que veio até nós revelado na Pessoa de Seu Filho, o Deus Unigênito. Este Filho é Aquele a quem se refere o escritor aos Hebreus quando disse em 1.3: "Ele, que É O resplendor da glória e a expressão exata do Seu Ser [...]".
É por intermédio de Seu Filho, Jesus Cristo, que Deus Pai se revela a nós. Unicamente Jesus pode nos revelar a Deus de forma plena. Só Ele, Jesus, é a Expressão Exata do Ser de Deus!


Oração Transitiva: O segundo objetivo do holocausto era:
02. A manifestação da glória do SENHOR para santificar o Seu povo: "Ali virei aos filhos de Israel para que por minha glória sejam santificados" (v.43).
Deus manifestaria Sua glória quando viesse ao encontro do Seu povo. A manifestação da glória divina objetivava a santificação de O Arão e seus filhos para a obra sacerdotal. A santificação visava a consagração da tenda, do altar e a separação de Arão e seus filhos para o ofício sagrado do santo ministério (v.44).

Aplicação: Na Pessoa de Cristo isso se tornou mais evidente. Na manifestação do Filho a glória divina ficou patente. João disse: "[...] vimos a Sua glória, glória como do Unigênito do Pai" (Jo 1.14).
A Cruz Revela a Glória de Deus.
Em tudo que Deus faz objetiva Sua glória (Rm 11.36).
O Evangelho de João nos lembra que nosso Senhor falou freqüentemente de Sua morte como uma glorificação: o evento por meio do qual Ele e o Pai seriam supremamente “glorificados” ou manifestados.
Promessa da manifestação da glória: “A glória do SENHOR se manifestará, e toda a carne a verá, pois a boca do SENHOR o disse” (Is 40.5).

A encarnação é vista como a manifestação da glória: “E o Verbo Se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a Sua glória, glória como do Unigênito do Pai” (Jo 1.14).

A vida, ministério, sofrimento, crucificação, morte e ressurreição como de Cristo é vista como a glorificação de Cristo (Jo 8.39).

A cruz que parecia “vergonha” na verdade estava manifestando a gloria de Deus. Três passagens nos lembram disso e relacionam diretamente a morte do Senhor Jesus com a manifestação da glória de Deus:
(1) Em resposta ao pedido de alguns gregos: “Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do Homem” (Jo 12.23).

(2) Após a saída de Judas do Cenáculo: “Quando ele saiu, disse Jesus: Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nEle; v.32: se Deus foi glorificado nEle, também Deus o glorificará nEle mesmo; e glorificá-lo-á imediatamente” (Jo 13.31,32).

(3) No início de Sua grande oração sacerdotal: “...Pai, é chegada a hora; glorifica a Teu Filho, para que o Filho Te glorifique a Ti... v.4: Eu Te glorifiquei na terra, consumando a obra que Me confiaste para fazer; v.5: e agora, glorifica-Me, ó Pai, Contigo mesmo, com a glória que Eu tive junto de Ti, antes que houvesse mundo” (Jo 17.1,4,5).

A glória no Novo Testamento sempre está associada a Cristo Jesus, nosso Senhor. “...até onde vai a idéia de que doxa seja a doutrina do esplendor, Jesus Cristo é esse esplendor”
[1].

[1] Apud John Stott, opus citatus.

É somente em Cristo que encontramos o verdadeiro significado do holocausto contínuo. Nele vemos o supremo sacrifício para nos chegar a Deus (Hb 9.28; 10.19,20). É somente Nele que nos encontramos com Deus (2Co 5.19). A glória divina é Nele manifesta e a nós revelada (Jo 1.14). É pela Sua vida e obra que somos santificados e consagrados para Deus com vistas ao santo ministério (Ef 4.12).

Isto traz uma verdade sublime para nosso ministério cristão: Ministério sem sacrifício, sem encontro com Deus, sem a densidade da manifestação de Sua glória, sem o Seu ato de santificação e sem consagração estará desqualificado para servir ao SENHOR.


Oração Transitiva: O terceiro objetivo do holocausto era:
03. A permanência do SENHOR no meio do Seu povo: "E habitarei no meio dos filhos de Israel..." (v.45).
Por ser um Deus Santo nunca permaneceria contínua e permanentemente no meio do povo. Ele mesmo disse a Moisés em Êxodo 33.5: "Dize aos filhos de Israel: És povo de dura cerviz; se por um momento Eu subir no meio de ti, te consumirei...". O sacrifício contínuo era necessário para aplacar a Ira Divina. O povo só seria aceito diante de Deus, e Deus só estaria entre eles permanentemente, através do sacrifício contínuo. Esta era a verdade: para Deus está no meio do Seu povo era necessário o holocausto contínuo. Deus queria não apenas encontra-Se ocasionalmente com Seu povo, nem mesmo manifestar-lhes periodicamente Sua glória, mas permanecer continuamente com o Seu povo. Os sacrifícios contínuos do holocausto proporcionavam períodos assim. Mas, eram imperfeitos e deviam ser repetidos.

Aplicação: Em Cristo temos o sacrifício único e perfeito que possibilita Deus habitar permanentemente com o Seu povo. Ele é o único mediador entre Deus e os homens (1Tm 2.5). Ele é o único caminho para Deus (Jo 14.6).
Agora, por causa da obra de Cristo, somos coletiva e individualmente o santuário da habitação permanentemente de Deus pelo Seu Santo Espírito (cf. 1Co 3.16,17; 6.18-20). Agora, Ele habita conosco e em nós permanentemente como o Senhor Jesus disse em João 14.16,17: "E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque Ele habita convosco e estará em vós".

A permanência do SENHOR no meio do Seu povo visava revela que Yahweh era o Deus Redentor dos israelitas: "[...] e serei o seu Deus. E saberão que Eu Sou o SENHOR (YHWH) seu Deus, que os tirou da terra do Egito, para habitar no meio deles; Eu Sou o SENHOR seu Deus" (v.45,46). Por três vezes nestes dois versículos notamos a expressão: "seu Deus". O maior privilégio de um povo é ter Yahweh como seu único Deus Redentor!

O Espírito Santo está continuamente conosco como santuários de Deus para nos revelar a grandeza do Senhor Jesus. Ele visa demonstrar a beleza de Cristo para nossas vidas. O Espírito Santo glorificará a Cristo Jesus (Jo 16.14). O Espírito Santo revelará para os eleitos de Deus a Cristo como único e supremo Redentor e Senhor. Nas palavras de James I. Packer: "o Espírito Santo realiza a Sua obra a fim de que Cristo seja conhecido, amado, tido como base de nossa confiança, honrado e louvado. Esse é o alvo e o propósito do Espírito, assim como é, também, o alvo e o propósito de Deus, o Pai". Em Keep in Step With the Spirit, Old Tappan, N. J.: Fleming H. Revell Co., 1984, p. 47. apud John Piper em Provai e Vede: Saboreando a Supremacia de Deus em Toda a Vida, pg. 104. Editora Fiel.


Soli Deo Gloria!