Na manhã de sábado do dia 27 de fevereiro de 2010 um dedicado evangelizador das Testemunhas de Jeová entregou-me um folheto trazendo algumas perguntas e respostas sobre alguns assuntos e, dentre eles o do sofrimento.
As Testemunhas de Jeová ensinam que o sofrimento não é da vontade de Deus. Elas perguntam: “Será que Deus realmente se importa conosco?”
Elas dizem que o motivo da pergunta é: “Vivemos num mundo cheio de crueldade e injustiça. Muitas religiões ensinam que o nosso sofrimento é da vontade de Deus”.
Então, eles seguem citando alguns textos que falam que Deus não age com iniqüidade e injustiça (cf. Jó 34.10).
Parece-me que as Testemunhas de Jeová não sabem discernir sofrimento de injustiça e iniqüidade. É claro, como ensina as Escrituras, que o sofrimento é uma conseqüência de nossa iniqüidade e que muita da injustiça praticada no mundo tem trazido sofrimento para muitas pessoas.
É claro que Deus não é o Autor do pecado e Deus não é um Sadomasoquista Cósmico que se deleita com o sofrimento dos outros. Mas Deus em Sua soberania e sabedoria determinou que o sofrimento, como conseqüência da rebelião de nossos pais (Adão e Eva), torne-se um meio para nos ensinar grandes lições
Pedro disse: “Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois. [...] se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom, do que praticando o mal” (1Pe 3.14,17).
Como disse John Piper:
“Mesmo que Satanás seja, algumas vezes, envolvido em nossas aflições como causador principal, não é pecado ver Deus como a causa mais remota, primária e fundamental. O desígnio de Satanás é a destruição da fé (Jó 2.5; 1Ts 3.5), mas o desígnio de Deus é a cura profunda da alma; como o hino “Que firme alicerce” declara tão ousadamente:
Se provas de fogo tiverdes quer passar;
Tereis Sua graça a vos amparar.
A chama não pode o fiel consumir,
Mas queima a escória e o ouro faz surgir .
A nossa geração não se alegra, como os santos apóstolos, a sofrer pelo evangelho! Em Atos 5.41 (cf. v.40) lemos: “E eles se retiraram do Sinédrio regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome” (ver v.42). Isto sim é Cristianismo!
O poder de Deus nos capacita a sofrer destemidamente em prol do evangelho da cruz de Cristo. Com isso posso dizer que o poder de Deus estará disponível para aqueles que resolutamente sofrem pelo evangelho.
O Senhor Jesus disse em Marcos 8.35: “Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de Mim e do evangelho salvá-la-á”.
Paulo estava ciente de que ser chamado para ser ministro de Cristo implicaria uma vida de sofrimento que glorificaria a Deus. Quando o Senhor Jesus falou a Ananias a respeito de Paulo, disse: “[...] Eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo Meu Nome” (At 9.16). Está muito claro que Cristo mostraria a Paulo a importância e o privilégio de sofrer por causa Dele e, Paulo demonstraria pelo seu sofrimento as aflições do próprio Cristo diante da igreja e do mundo.
Paulo compreendeu o próprio sofrimento como uma extensão necessária ao sofrimento de Cristo, por amor da igreja. Assim ele disse aos colossenses: “Agora, em regozijo nos meus sofrimentos por vós; e preencho o que resta das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do Seu corpo, que é a igreja” (Cl 1.24). Os seus sofrimentos não completaram a obra de expiação do sofrimento de Cristo. Você não pode completar a perfeição. Ao contrario, eles completaram a extensão daqueles sofrimentos em pessoa, em um sofrimento representativo para aqueles por quem Cristo sofreu .
Paulo tinha de sofrer no ministério do evangelho. Era uma extensão essencial dos sofrimentos de Cristo. Pois, além de projetar os sofrimentos de Cristo no sofrimento de Paulo e de outros, Deus tinha outras razões em ordenar os sofrimentos na vida dos ministros do evangelho. Mas uma vez Paulo nos dá uma luz: “Porque não queremos, irmão, que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio na Ásia, porquanto foi acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida. Contudo, já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em nós, e sim no Deus que ressuscita os mortos” (2Co 1.8,9).
Deus ordenou os sofrimentos de Paulo, e de todo o ministro do evangelho e bem como de todo crente em Cristo Jesus, para que ele e os ministros do evangelho fossem radical e totalmente independentes, exceto do próprio Deus. Os sofrimentos de Paulo têm como propósito de trazê-lo de volta para Deus como sua única esperança e tesouro . Paulo deveria confiar no poder de Deus e não em técnicas humanas.
William Cowper disse: “Não julgue o Senhor com débil entendimento, mas confie Nele para Sua graça. Por trás de uma providência carrancuda, Ele oculta uma face sorridente. Seus propósitos amadurecerão rapidamente, desvendo-se a cada hora; o botão pode ter um gosto amargo, mas a flor será doce” .
Mas, dizer, como as Testemunhas de Jeová, que o sofrimento não faz parte da vontade de Deus é ignorar grande parte das Escrituras e, isto sem falar do sofrimento do Filho de Deus que as Escrituras descrevem como “ao SENHOR agradou moê-Lo, fazendo-O enfermar” (Is 53.10).
Como seres humanos finitos não compreendemos, muitas das vezes, ou em todas elas, o sofrimento como parte do plano de Deus. Às vezes pensamos que o sofrimento nem faz parte do plano divino para as nossas vidas. Isto é visto com mais freqüência na época em que vivemos, onde se prega uma teologia da prosperidade, uma vida isenta de sofrimentos e coisas dessa natureza. Os ministros em vez de ensinarem o propósito de Deus no sofrimento e como os cristãos devem suportar e passar pelo sofrimento, infelizmente, ensinam a amarrar todo tipo de sofrimento. Creio que isso é conseqüência de uma má compreensão dos sofrimentos. A maioria das visões sobre o sofrimento quando muito expressa a mesma idéia dos discípulos de Cristo quando Lhe interpelaram sobre quem havia pecado, os pais ou o homem para que nascesse cego (cf. Jo 9.1-3).
Podemos descansar na certeza de que mesmo que não vejamos, ou não entendamos, a razão de estarmos sofrendo, Deus vê e entende; mesmo que sejamos pegos de surpresa pela adversidade, nada pode surpreender a Deus. O Senhor Jesus, como Filho de Deus, sabia que, indubitavelmente, viriam provações e perseguições na vida de todos os verdadeiros ministros e crentes através dos séculos (cf. Jo 16.33; 1Jo 5.4,5).
O Senhor Jesus predisse a hostilidade do mundo que todos quanto nEle estavam enfrentaria:
“Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro do que a vós, Me odiou a Mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes Eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. Lembrai-vos da Palavra que vos disse: ‘Não é o servo maior do que o seu senhor’. Se a Mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha Palavra, também guardarão a vossa” (Jo 15.17-20).
Estas e outras advertências (e.g. Mc 13.9-13) deixam claro que o Senhor Jesus previra de fato que os Seus discípulos seriam hostilizados pelo mundo.
1. Porque o Mundo Nos Odeia?
Talvez o maior de todos os conflitos não é entre EUA e os terroristas da Al Qaeda, mas entre os cristãos e o mundo. Vejamos alguns itens que levam ao ódio do mundo pelos discípulos de Cristo.
1) Porque nos opomos ao mundo.
Somos contra o fluxo secular de idéias e costumes, e nos opomos aos erros e injustiças. Até mesmo insistimos, com avidez, para que todas as pessoas se arrependam de seus pecados e se voltem com fé para o Senhor Jesus Cristo. Esta última característica leva o mundo a fazer-nos a mais veemente oposição e a odiar-nos intensamente.
O Senhor Jesus foi odiado e morto porque se opôs ao sistema corrupto deste mundo (cf. Lc 4.22-30; Jo 5.16,18; 7.1,30; 8.20,48-59; 10.20,39).
Abel foi morto por não comungar com a sociedade que transmitia, por meio Caim, uma falsa religião (Gn 4; cf. 1Jo 3.12).
Os filhos de Deus devem, no meio duma geração corrompida e perversa que os odeia, ser irrepreensíveis, sinceros e inculpáveis, resplandecendo como astros – a exortação não é para ser astros ou estrelas como alguns têm sido (Fp 2.15). Veja uma correlação com as Palavras de nosso Senhor em Mt 5.13,14. O mundo se opõe a luz que há em nós, pois ao resplandecer traz a vista o que estava escondido (Jo 3.20; comp. 1Sm 1.6,7). Bem como se opõe ao sal, pois suas chagas são incomodadas com a salinidade cristã.
2) Porque o mundo odeia ao Senhor Jesus.
Se o ministro está em Cristo, e Cristo está no ministro (Jo 15.1ss; Gl 2.20), o mundo o odiará na mesma proporção que odiou a Cristo (Jo 15.20).
O ódio perseguiria aos discípulos como uma continuação da hostilidade e do ódio contra Cristo. O ataque passaria do Pastor para as ovelhas, do Senhor para os servos. Tão certo quanto suas vidas refletiriam Cristo, atrairiam também o ódio dos homens pecadores (cf. Gl 4.29) .
Se um ministro não quer sofrer o ódio do mundo, mas prefere sua amizade, deve não imitar a Cristo e nem servi-Lo fiel e corretamente. Mas fique ciente de que a amizade do mundo constitui inimizade contra Deus (Tg 4.4), e horrenda coisa é cair nas Mãos do Deus Vivo (Hb 10.31). E ainda, quem escapará de um inimigo que é fogo consumidor? (Hb 12.29). Quando não nos relacionamos com Deus em obediência aos Seus mandamentos, o próprio Espírito Santo, que é o outro Consolador, torna-Se nosso Maior Inimigo (cf. Is 63.10).
A vida cristã não é viver em Cristo, por assim dizer, ou seja, em certo sentido, mas Cristo viver em nós. É vivermos uma vida pela fé no Filho de Deus que nos amou e a Si mesmo Se entregou por nós (Gl 2.20). Paulo não vive mais uma vida independente, mas Cristo vive nele. O apóstolo vive a própria vida de Cristo, ou seja, Cristo habita terminante e ininterruptamente em Paulo que este reflete o caráter de Cristo. E é por isso que o mundo odiou a Paulo! E todo obreiro cristão que vive dependente de Cristo sofrerá oposição deste mundo (cf. 2Tm 3.11,12).
3) Porque não somos do mundo.
O mundo odeia os cristãos basicamente porque estes não são do mundo (cf. Jo 17.14-16). Culturalmente falando, não fazemos parte do “grupo”. A hostilidade tem raízes na dessemelhança espiritual. O mundo sente-se confortável na presença do que é seu. Tem capacidade de sentir certa afeição por esses. A exclusividade da sociedade cristã, uma comunidade redimida dentro da não redimida, desperta o desprazer. Repreendido pela santidade daqueles que são de Cristo (Jo 15.22; 1Sm 1.6,7), o mundo exibe seu ressentimento.
4) Porque Cristo nos escolheu do mundo.
Os seguidores do Senhor Jesus foram descritos em Jo 13.1 como “os Seus que estavam no mundo”, nos quais Ele concentrou o Seu amor . O Senhor Jesus os escolheu para fora do mundo (Jo 6.37-39,44,65; 13.18; 15.16; 17.2,6,9,11,12,24; 18.9) a fim de serem Seu povo; por isso eles não pertencem mais ao mundo. O mundo os trata como forasteiros, tratando-os com hostilidade.
5) Porque o mundo não conhece a Deus.
O mundo odeia os cristãos porque não conhece a Deus Pai.
Quão desolada e depravada é uma sociedade que desconhece a Deus (cf At 17.22,23). Aqui, Paulo descobre que a ignorância do verdadeiro Deus é a causa de tamanha depravação. Em Rm 1.18 a 2.2, o mesmo Paulo nos apresenta um retrato da pecaminosidade natural do mundo e da rejeição intencional do Deus da revelação.
Os ministros não podem abdicar do privilégio de serem amigos de Deus (cf. Jo 15.15; Tg 4.4; Rm 5.1), pois do contrário serão Seus inimigos, cujo amor do Pai está ausente (comp. Tg 4.4; 1Jo 2.15).
2. Porque o Sofrimento Faz Parte do Plano de Deus?
Devemos ter ciência de que qualquer sofrimento que os ministros de Deus e todo cristão experimentam faz parte do soberano plano de Deus para suas vidas. Eles devem crer que nada escapa ao controle de Deus, pois é Ele que opera com o exército do céu e os moradores da terra, segundo Sua vontade; e não há quem possa estorvar a Sua Mão, e Lhe dizer: Que fazes? (cf Dn 4.35). As testemunhas de Jeová poderiam muito bem examinar mais as Escrituras em seu contexto para compreenderem melhor esta grande doutrina evangélica.
Traço a seguir algumas lições dos sofrimentos:
1) A lição da Fé.
A principal razão para que Deus nos prove através dos sofrimentos é para que se demonstre a força de nossa fé. Digno de nota é o exemplo de Abraão (Gn 22). Sob a bigorna do sofrimento sua fé reluziu. Tal como diamante colocado nas águas para se observar sua autenticidade, Abraão, mergulhado nas águas profundas da provação continuou brilhando como um autêntico cristão. Sua fé era verdadeira.
O episódio da grande prova de Abraão em Moriá é, talvez, o principal exemplo de uma fé revelada na provação. Mas, em 2Cr 32.31 temos um resumo das provações de Ezequias, ao declarar que o propósito de Deus era “...para saber tudo o que havia no seu coração”. Sem dúvida nenhuma, Deus não tem de provar nenhum de nós para descobrir o que há em nossos corações, pois Ele já o sabe. Antes, Deus nos prova para que nós saibamos o que há em nossos corações (cf. Dt 8.1ss). Como diz a ARA: “...para prová-lo e fazê-lo conhecer tudo o que lhe estava no coração”.
2) A Lição da Humildade.
Devido ao perigo de nos exaltar quando abençoados por Deus em determinadas circunstâncias de nosso ministério, Deus às vezes, julga necessário permitir que mensageiros de Satanás nos esbofeteiem para nos conservar humildes (cf 2Co 12.6-10).
3) A lição da rejeição do Materialismo.
O materialismo torna-se uma pedra de tropeço para qualquer um que deseje o episcopado com seriedade. As riquezas materiais impediram que o jovem rico entrasse no reino de Deus (Mc 10.17-22). O ministro que se embaraça com negócios desta vida não pode lutar legitimamente, e nunca agradará aquEle que o alistou (2Tm 2.3,4; comp. 4.10). O ministro deve ser participante dos sofrimentos como um bom soldado de Cristo Jesus. Como Moisés o ministro deve se afastar da dependência das propriedades terrenas pelo o amor ao ministério (cf. Hb 11.24-26), pois ele não pode servir a dois senhores (cf. Mt 6.24).
4) A lição da esperança Eterna.
As provações fazem o ministro anelar pelo céu. Ele terá uma percepção melhor das virtudes da esperança e gozo eternos. Confira nas palavras de Paulo esta verdade (Rm 8.18-24; 2Co 4.16-18; 5.1-18).
O ministro e o cristão devem buscar em primeiro lugar as coisas eternas (cf Mt 6.33).
O ministro e o cristão devem ter um tesouro no céu (cf. Mt 5.19-21; 13.44; 19.21; Mc 10.21; Lc 12.33,34).
O ministro e o cristão são exortados a buscar e pensar nas coisas que são de cima (Cl 3.1,2).
5) A lição do primeiro Amor.
Deus usa o sofrimento com o propósito de nos mostrar o que realmente amamos. Isto fazia parte da prova que o SENHOR fez com Abraão no monte Moriá. Esta foi a grande pergunta que Abraão teve de responder: Você ama seu filho Isaque mais que a Deus ou você ama a Deus mais que Isaque? Nesta situação, sua resposta era crucial, porque Deus estava disposto a tirá Isaque de Abraão, se isto colocasse Deus em primeiro lugar na vida de Abraão. Ou seja, Deus está disposto a tirar tudo, pai, mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs e ainda também até nossa própria vida (cf. Lc 14.26; Mt 10.37-39), se isto impedir nosso amor para com Ele. Devemos aborrecer até nossa própria vida (cf. Epafrodito: Fp 2.30; Paulo, Silvano e Timóteo: 1Ts 2.8; os mártires: Ap 12.11). Esses receberão a coroa da vida (Ap 2.10).
O SENHOR também nos prova para mostrar qual o objeto de nosso primeiro amor (cf. Dt 13.3, vide também Dt 6.5,6; Mt 22.36,37; Lc 10.27,28; vide que o objeto de nossa adoração é o Pai – Jo 4.23,24).
Há também a possibilidade de colocarmos a obra de Deus, as bênçãos de Deus ou qualquer objeto relacionado ao culto a Deus, acima de Deus (cf. 1Sm 4.1-11). Não adianta ativismos se Deus não está em primeiro lugar em nossas vidas. Não adianta ter a arca da aliança em nossas mãos se o Deus da arca não está em nosso coração. Não adianta honrar as coisas de Deus se Deus não é amado e adorado.
Observamos que a igreja em Éfeso tinha muito ativismo: trabalho, paciência, intolerância para com os homens maus; colocava à prova todo suposto ministro; suportava sofrimentos perseverante e incansavelmente pelo Nome do Senhor Jesus, mas, infelizmente, deixaram o primeiro amor (cf. Ap 2.1-7). Parece-nos que a igreja estava tão ligada com as coisas de Deus que esquecera do seu Primeiro Amor. Deus é o nosso primeiro Amor. Ele é Amor (1Jo 4.8). A igreja em Éfeso estava como Marta, distraída com muitas coisas para o Senhor Jesus, mas a melhor parte ela estava deixando, que é o próprio Senhor Jesus – as pessoas devem entender que Cristianismo não é um amontoado de atividades, mas uma Pessoa (Lc 10.38-42). A igreja atual, como Marta e a igreja em Éfeso e os israelitas de 1Sm 4, estão tão distraídos em muitos serviços que estão deixando – talvez até já deixaram – de estar aos pés, como Maria, do Senhor Jesus. É necessário que Deus nos envie tribulações para que despojados de todo impedimento corramos para Seus ternos e poderosos braços. Eis o convite do salmista: “Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do SENHOR que nos criou” (Sl 95.6).
6) A lição das Bênçãos de Deus.
Os sofrimentos ensinam-nos a valorizar as bênçãos de Deus.
A razão diz: “Agarre o que puder deste mundo e vá em frente”. O sentimento e as emoções recomendam: “Procure prazer custe o que custar”. Mas a fé reivindica: “Obedeça a Palavra de Deus e seja abençoado”.
O caminho à bênção passa freqüentemente pelo sofrimento, mas sempre através da obediência (cf. Dt 28; Hb 5.7-9; Fp 2.8,9).
7) A lição da Empatia.
É sempre animador poder contar com a empatia humana. E este é outro valioso propósito para o sofrimento: capacitar-nos a ajudar os outros em seu sofrimento (cf. 2Co 1.3-11), pois ensina-nos a servir melhor os que se acham em meio à dor e sofrimento.
Temos o sumo exemplo do Senhor Jesus (cf. Hb 2.18; 4.15; Lc 22.31,32).
8) A lição da capacidade de resistência.
Os sofrimentos fortalecem nossa resistência para maiores provações a fim de sermos mais úteis no serviço do Senhor Jesus (cf. Tg 1.2-4). O puritano Thomas Manton observou: “Enquanto tudo está calmo e tranqüilo, vivemos pelo que sentimos e não pela fé. Pois o valor de um soldado nunca é conhecido em tempos de paz” .
Concluímos este tópico dizendo que o ministro deve (a) participar das aflições do Evangelho segundo o poder de Deus (2Tm 1.8), (b) sofrer as aflições, conjuntamente com os demais, como um bom soldado de Jesus Cristo (2Tm 2.3), (c) se necessário sofrer dificuldades e até prisões como um malfeitor (2Tm 2.9; comp. At 16.23-26; 20.23; 23.29; 26.31; 2Co 11.23; Cl 4.18; 2Tm 1.16; Fm 10,13,23; Hb 11.36; vide também 1Pe 4.12-19; 5.8-11) e, segundo o texto que estamos estudando, o ministro deve (d) como o próprio Paulo, suportar as aflições, ou seja, o ministro deve agüentar firme toda correnteza que solapa seu barco ministerial impedindo-o de cumprir completamente o seu ministério (2Tm 4.5); (e) o ministro deve viver piamente mesmo que isso o leve a padecer perseguições (2Tm 3.12). E finalmente “Se sofrermos, também com Ele reinaremos; se O negarmos, também Ele nos negará; Se formos infiéis, Ele permanece fiel; não pode negar-Se a Si mesmo” (2Tm 2.12,13; comp. Ne 9.33).
Que as testemunhas de Jeová possam aprender estas grandes verdades da Palavra de Yahweh que eles tanto reverenciam. Mas, infelizmente ignoram a totalidade da Palavra de Deus destacando versículos descontextualizados para enganam os incultos e incautos.
Paulo disse em Romanos 8.18: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não são para se comparar com a glória por vir a ser revelada em nós”.
2Corínitos 1.4: “É Ele [Deus] que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar aos que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmo somos contemplados por Deus”.
2Coríntios 4.8-10: “Em tudo somos atribulados, porém não angustiado; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos; levando sempre no corpo o morrer de Jesus pra que também a Sua vida se manifeste em nosso corpo”. E v.17: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda a comparação”.
Tiago 1.2,3: “Meus irmãos, tende por motivo de toda a alegria o passar por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança”. V.12: “Bem-aventurado o homem que suporta com perseverança a provação; porque depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que O amam”.
Tanto os pastores como também o rebanho devem sofrer. “É necessário que passemos por muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus” (At 14.22). “Vocês sabem muito bem que fomos designados para isso” (1Ts 3.3). “Pois o Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como filho” (Hb 12.6).
Atenciosamente,
Vosso servo em Cristo, Pastor Ivan Teixeira.
Soli Deo Gloria!