O holocausto que era queimado sobre o altar de bronze que ficava localizado no átrio externo do Santuário visava alguns objetivos divinos:
01. O encontro do SENHOR com o Seu povo: "onde vos encontrarei" (v.42).
O transcendente Deus estaria se encontrando continuamente com Seu povo mediante esta sublime oferta, o holocausto. Esta oferta era totalmente queimada para Deus. E ela objetivava um encontro do homem com o Seu Criador. Quando esta oferta estava sendo queimada no altar de bronze estava apontando para o Deus que encontrou-Se com Seu povo.
Aplicação: Umas das gloriosas mensagens das Escrituras é que o Deus Soberano vem ao encontro da humanidade perdida. Não são os homens que sobem em escadas ao encontro de Deus, mas é o Deus transcendente que condescende-Se e abre o caminho até o homem na Pessoa de Seu Amado Filho Jesus. Em Cristo Jesus, Deus encontra-Se com a humanidade perdida. Paulo salientou está idéia escriturística da Palavra inspirada quando escreveu em 2Coríntios 5.19: "A saber, que Deus estava Cristo, reconciliando Consigo o mundo...". Foi na cruz o encontro cósmico! Foi na cruz o Encontro dos encontros! Foi na cruz o maior encontro de Deus com o homem! Foi em Cristo que Deus veio supremamente encontrar-Se com a humanidade perdida. Deus Se encontra com o homem na Pessoa de Cristo Jesus. Ou posso dizer de outra maneira: O homem é encontrado por Deus na Pessoa de Cristo Jesus. Pois, não é o homem que encontra Deus (Deus não está perdido!), mas é Deus que encontra e vem ao encontro da humanidade perdida em Cristo Jesus. Moisés disse para Faraó em Êxodo 5.3: "O Deus dos hebreus nos encontrou". Nosso Senhor quando palmilhou nesta terra salientou esta verdade quando disse em Lucas 19.10: "O Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido". A humanidade estava perdida, mas Deus em Cristo veio buscá-la e achá-la!
O holocausto contínuo da Tenda da Congregação apontava para esta gloriosa verdade da revelação soteriológicas das Escrituras Sagradas. Ele veio ao nosso encontro no sacrifício sangrento de Seu Filho Amado.
Por este encontro glorioso e transcendente Deus objetivava falar com Seu povo: "para falar contigo ali" (v.42).
A Escritura nos diz em Gênesis 3.8: "Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim". Tanto o homem quanto a mulher usufruíam da comunhão constante com o seu Criador quando este, na viração do dia, deixava Sua voz cintilar naquele belo jardim. Mas, depois que pecaram esconderam-se à voz do Criador. O pecado levantou uma barreira entre eles e o bendito Criador! O pecado produziu um enorme abismo entre o homem e Deus. O homem por si mesmo nunca poderá saltar esta barreira e nem ultrapassar este enorme abismo.
Mas, o Deus Criador, e somente Ele, pode saltar esta barreira e ultrapassar este abismo! E isto começa a ser demonstrado através do sacrifício de um substituto. O texto em Gênesis 3.21: "Fez o SENHOR Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu.". Não foram eles que providenciaram suas vestimentas, mas o Criador amoroso e fiel as fez. Nisto vemos Deus demonstrando Seu eterno amor. Mas, o Seu amor não é um sentimento barato e sim um amor justo. Por isso, vemos em Gênesis 3.23: "O SENHOR Deus [...] o lançou fora do jardim do Éden [...]". Seu amor justo providenciou as vestimentas e Sua justiça amorosa os "lançou fora do jardim do Éden" para que não tomassem do fruto da árvore da vida e vivessem eternamente em pecado.
Neste ato glorioso de cobri-los conclui-se a morte de um animal. A oferta de holocausto revela-nos esta verdade transcendental. Pois, Deus vem ao encontro do homem para falar-lhe novamente e dar-lhe esperança de comunhão com Ele. A comunhão do homem com Deus só será possível por um sacrifício intermediário. E o holocausto aponta para esta verdade gloriosa!
Aplicação: Veja que verdade maravilhosa! O Deus Santo vem ao nosso encontro para falar. Em outras palavras, Ele vem para Se revelar e ter comunhão conosco. Isto tornou-se mais tangível e evidente na Pessoa de Seu Amado Filho Jesus Cristo, nosso Senhor. Leiamos o que diz o escritor aos Hebreus 1.1,2: "Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a Quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo Qual também fez o universo".
Esta é a gloriosa mensagem do evangelho de Deus! Em Cristo, o Deus soberano e Santo vem ao nosso encontro para Se revelar e ter comunhão conosco. João deixou isso patente quando escreveu em João 1.18: "Ninguém jamais viu a Deus: O Deus Unigênito, que está no Seio do Pai, é Quem O revelou". Não podemos subir até Deus e conhecê-Lo. É Ele que veio até nós revelado na Pessoa de Seu Filho, o Deus Unigênito. Este Filho é Aquele a quem se refere o escritor aos Hebreus quando disse em 1.3: "Ele, que É O resplendor da glória e a expressão exata do Seu Ser [...]".
É por intermédio de Seu Filho, Jesus Cristo, que Deus Pai se revela a nós. Unicamente Jesus pode nos revelar a Deus de forma plena. Só Ele, Jesus, é a Expressão Exata do Ser de Deus!
Oração Transitiva: O segundo objetivo do holocausto era:
02. A manifestação da glória do SENHOR para santificar o Seu povo: "Ali virei aos filhos de Israel para que por minha glória sejam santificados" (v.43).
Deus manifestaria Sua glória quando viesse ao encontro do Seu povo. A manifestação da glória divina objetivava a santificação de O Arão e seus filhos para a obra sacerdotal. A santificação visava a consagração da tenda, do altar e a separação de Arão e seus filhos para o ofício sagrado do santo ministério (v.44).
Aplicação: Na Pessoa de Cristo isso se tornou mais evidente. Na manifestação do Filho a glória divina ficou patente. João disse: "[...] vimos a Sua glória, glória como do Unigênito do Pai" (Jo 1.14).
A Cruz Revela a Glória de Deus.
Em tudo que Deus faz objetiva Sua glória (Rm 11.36).
O Evangelho de João nos lembra que nosso Senhor falou freqüentemente de Sua morte como uma glorificação: o evento por meio do qual Ele e o Pai seriam supremamente “glorificados” ou manifestados.
Promessa da manifestação da glória: “A glória do SENHOR se manifestará, e toda a carne a verá, pois a boca do SENHOR o disse” (Is 40.5).
A encarnação é vista como a manifestação da glória: “E o Verbo Se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a Sua glória, glória como do Unigênito do Pai” (Jo 1.14).
A vida, ministério, sofrimento, crucificação, morte e ressurreição como de Cristo é vista como a glorificação de Cristo (Jo 8.39).
A cruz que parecia “vergonha” na verdade estava manifestando a gloria de Deus. Três passagens nos lembram disso e relacionam diretamente a morte do Senhor Jesus com a manifestação da glória de Deus:
(1) Em resposta ao pedido de alguns gregos: “Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do Homem” (Jo 12.23).
(2) Após a saída de Judas do Cenáculo: “Quando ele saiu, disse Jesus: Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nEle; v.32: se Deus foi glorificado nEle, também Deus o glorificará nEle mesmo; e glorificá-lo-á imediatamente” (Jo 13.31,32).
(3) No início de Sua grande oração sacerdotal: “...Pai, é chegada a hora; glorifica a Teu Filho, para que o Filho Te glorifique a Ti... v.4: Eu Te glorifiquei na terra, consumando a obra que Me confiaste para fazer; v.5: e agora, glorifica-Me, ó Pai, Contigo mesmo, com a glória que Eu tive junto de Ti, antes que houvesse mundo” (Jo 17.1,4,5).
A glória no Novo Testamento sempre está associada a Cristo Jesus, nosso Senhor. “...até onde vai a idéia de que doxa seja a doutrina do esplendor, Jesus Cristo é esse esplendor”[1].
[1] Apud John Stott, opus citatus.
É somente em Cristo que encontramos o verdadeiro significado do holocausto contínuo. Nele vemos o supremo sacrifício para nos chegar a Deus (Hb 9.28; 10.19,20). É somente Nele que nos encontramos com Deus (2Co 5.19). A glória divina é Nele manifesta e a nós revelada (Jo 1.14). É pela Sua vida e obra que somos santificados e consagrados para Deus com vistas ao santo ministério (Ef 4.12).
Isto traz uma verdade sublime para nosso ministério cristão: Ministério sem sacrifício, sem encontro com Deus, sem a densidade da manifestação de Sua glória, sem o Seu ato de santificação e sem consagração estará desqualificado para servir ao SENHOR.
Oração Transitiva: O terceiro objetivo do holocausto era:
03. A permanência do SENHOR no meio do Seu povo: "E habitarei no meio dos filhos de Israel..." (v.45).
Por ser um Deus Santo nunca permaneceria contínua e permanentemente no meio do povo. Ele mesmo disse a Moisés em Êxodo 33.5: "Dize aos filhos de Israel: És povo de dura cerviz; se por um momento Eu subir no meio de ti, te consumirei...". O sacrifício contínuo era necessário para aplacar a Ira Divina. O povo só seria aceito diante de Deus, e Deus só estaria entre eles permanentemente, através do sacrifício contínuo. Esta era a verdade: para Deus está no meio do Seu povo era necessário o holocausto contínuo. Deus queria não apenas encontra-Se ocasionalmente com Seu povo, nem mesmo manifestar-lhes periodicamente Sua glória, mas permanecer continuamente com o Seu povo. Os sacrifícios contínuos do holocausto proporcionavam períodos assim. Mas, eram imperfeitos e deviam ser repetidos.
Aplicação: Em Cristo temos o sacrifício único e perfeito que possibilita Deus habitar permanentemente com o Seu povo. Ele é o único mediador entre Deus e os homens (1Tm 2.5). Ele é o único caminho para Deus (Jo 14.6).
Agora, por causa da obra de Cristo, somos coletiva e individualmente o santuário da habitação permanentemente de Deus pelo Seu Santo Espírito (cf. 1Co 3.16,17; 6.18-20). Agora, Ele habita conosco e em nós permanentemente como o Senhor Jesus disse em João 14.16,17: "E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque Ele habita convosco e estará em vós".
A permanência do SENHOR no meio do Seu povo visava revela que Yahweh era o Deus Redentor dos israelitas: "[...] e serei o seu Deus. E saberão que Eu Sou o SENHOR (YHWH) seu Deus, que os tirou da terra do Egito, para habitar no meio deles; Eu Sou o SENHOR seu Deus" (v.45,46). Por três vezes nestes dois versículos notamos a expressão: "seu Deus". O maior privilégio de um povo é ter Yahweh como seu único Deus Redentor!
O Espírito Santo está continuamente conosco como santuários de Deus para nos revelar a grandeza do Senhor Jesus. Ele visa demonstrar a beleza de Cristo para nossas vidas. O Espírito Santo glorificará a Cristo Jesus (Jo 16.14). O Espírito Santo revelará para os eleitos de Deus a Cristo como único e supremo Redentor e Senhor. Nas palavras de James I. Packer: "o Espírito Santo realiza a Sua obra a fim de que Cristo seja conhecido, amado, tido como base de nossa confiança, honrado e louvado. Esse é o alvo e o propósito do Espírito, assim como é, também, o alvo e o propósito de Deus, o Pai". Em Keep in Step With the Spirit, Old Tappan, N. J.: Fleming H. Revell Co., 1984, p. 47. apud John Piper em Provai e Vede: Saboreando a Supremacia de Deus em Toda a Vida, pg. 104. Editora Fiel.
Soli Deo Gloria!
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