Discípulos de Cristo Jesus

Vivendo Para a Glória de Deus!

A vida cristã deve ser vivida para a glória de Deus somente. Em tudo o que nos empenhamos e fazemos devemos procurar a glória de Deus. Paulo chegou a dizer que até mesmo as coisas mais curriqueiras da vida como o beber e o comer devem ser feitos para a glória de Deus (1Co 10.31).

Nenhum de nós viveremos na plenitude se não vivermos voltados para a glória de Deus. Pois, a plenitude da vida está em viver para a glória de Deus. A glória de Deus produzirá a verdadeira vida plena de satisfação em Deus.

O pastor e escritor John Piper foi feliz quando afirmou que Deus é mais glorificado em nós quanto mais nos alegramos Nele. A glória de Deus e nossa alegria são faces de uma mesma moeda. Quando procuramos verdadeira satisfação vislumbramos e refletiremos a glória de Deus. Pois, a verdadeira alegria resulta na contemplação apaixonada do único ser no universo que tem toda a glória e beleza. A contemplação da beleza de Deus nos deixa encantados e sobressaltados ante inenarrável resplendor.

O Breve Catecismo de Westminster indaga: Qual o fim principal de todo o homem? Ele mesmo responde: O fim principal de todo homem é glorificar a Deus e se alegrar Nele para sempre.

A nossa alegria e a glória de Deus é o propósito de Deus para nossas vidas e o alvo da vida cristã. Toda a plenitude da vida cristã se resume na contemplação do Ser eterno de Deus na Pessoa maravilhosa de Cristo Jesus pela obra persuadora e renovadora do Espírito Santo.

Soli Deo Gloria!

domingo, abril 22, 2012

JESUS TINHA 50% SANGUE DE MARIA E 50% SANGUE DE DEUS?


Resposta à uma pergunta feita no Facebook. 

Raphael Pereira: Querido, pergunto: O sangue de JESUS ERA O MESMO DE MARIA SUA MÃE, Se ERA COMO PÔDE JESUS SER SANTO?

Lúcio DE Jesus Bom, segundo o judaísmo o sangue é só do pai. Pela ciência é 50% do pai e 50% da mãe. Esta afirmação faz sentido a Jesus, pois na totalidade do seu ser ele era 100% homem e 100% Deus. Trazendo para os números matemáticos do seu sangue: 50 % é sangue divino e 50% sangue de Maria. Veja a que ponto Deus chegou, dividindo tipo sanguíneo com um ser humano. É justamente isso que faz O Sangue de Jesus ser santo, diferente dos outros, pois, ele sendo Deus não usurpou o ser igual a Deus, ou ter só sangue de Deus. Até nisso Deus nos prova o seu amor, por ser ele santo foi o primeiro que deu o exemplo, não só de sangue, mas de vida, de espirito, de humanidade, quando se misturava no meio das massas para lhes dizer boas novas de salvação. Não há aqui nenhum discurso preparado, pois isso para mim é vida no ser e não formatação teológica o pedagógica humana, mas revelação do próprio Deus no ser, assim como Pedro disse a Jesus tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.


RESPOSTA:
Para responder a pergunta e a errônea resposta acima vou detalhar algumas verdades sobre a encarnação de Cristo. Fazendo isto, acredito que as pessoas entenderão melhor um dos grandes mistérios revelado nas Escrituras: Deus se fez carne! Acredito que uma exposição PONDERADA e BEM PREPARADA, baseada nas Escrituras e não nas ideias e arrepios de homens, torna-se de suma importância para nossa compreensão desta magnífica verdade da cristologia. Para quem já leu a História da Igreja lembrará que muitas heresias surgiram em torno da humanidade e divindade do Senhor Jesus. Cabe a nós, como cristãos responsáveis e que ama ao Senhor, avaliar à luz das Escrituras e das exposições teológicas e filosóficas das grandes mentes iluminadas por Deus Espírito Santo, toda nova ideia em torno das verdades bíblico-teológica.
Não devemos ser tolos e presunçosos em negligenciar vinte séculos de iluminação do Espírito Santo na vida de grandes estudiosos das Escrituras concernentes estas grandes verdades da Bíblia.
É por isso, que pretendo não inovar, mas continuar expondo as Antigas Verdades do Santo Evangelho. Deus não nos ordena a trazer novas verdades (outro evangelho), mas como servos fiéis e idôneos transmitir o que recebemos desde os apóstolos. Paulo escreve a Timóteo: “E o que de minha parte ouvistes através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros.” (2Tm 2.2). Timóteo deveria apossar-se da revelação divina que havia aprendido com Paulo e ensiná-la a outros homens fiéis – homens com dons e caráter espiritual aprovados que, por sua vez, transmitiriam essas verdades à geração seguinte. De Paulo, passando por Timóteo, por homens fiéis até chegar a outros, esse versículo abrange quatro gerações de líderes religiosos. Esse processo de reprodução/transmissão espiritual, que começou na Igreja Primitiva, deve continuar, através de mim e de você neste momento, até a vinda do Senhor Jesus.

MISTÉRIO DOS MISTÉRIOS: O VERBO SE FEZ CARNE!
As Escrituras ensinam que Jesus Cristo é o verbo divino que se fez carne. Ele não é metade Deus e metade homem e nem tem 50% de sangue de Deus e 50% de sangue humano. Ele é plenamente Deus e plenamente homem, ou seja, a plenitude da divindade e plenitude da humanidade está Nele. Isto inclui 100% do Ser e atributos da divindade e 100% do ser e atributos humano (100% de sangue, carne e ossos). Na encarnação não houve nenhum acréscimo à Sua natureza divina, mas o Verbo adquiriu uma natureza humana que não possuía antes da encarnação. Como já disse Atanásio: “Ele se tornou o que não era (homem), mas continuou sendo o que sempre foi (Deus)”. Ele não é meramente um homem que possui certas qualidades divinas dentro de si, nem o Deus que possui algumas qualidades humanas, mas Ele é perfeitamente Deus e perfeitamente homem, possuindo ambas as naturezas, a divina e a humana, de modo que Ele é Deus cem por cento e homem cem por cento, possuindo todas as propriedades de cada natureza.

UMA REFLEXÃO BÍBLICO-EXPOSITIVA.
Quando Paulo escreve aos filipenses (2.7) que Deus Filho tornou-se em “semelhança de homens”, isto se refere que Cristo tornou-se mais que Deus num corpo humano, mas assumiu todos os atributos da humanidade (cf. Lc 2.52; Gl 4.4; Cl 1.22), até mesmo no que se refere a ter se identificado com as necessidades e fraquezas básicas da humanidade (cf. Hb 2.14, 17; 4.15). Ele tornou-Se o Deus-Homem: plenamente Deus e plenamente Homem.

O meu querido amigo Lúcio afirma (erradamente) que “ele [Jesus] sendo Deus não usurpou o ser igual a Deus, ou ter só sangue de Deus.”. O pastor Lúcio se refere ao texto de Paulo aos filipenses que diz: “pois, Ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o Ser igual a Deus” (Fp 2.6). Lúcio afirma que o “não ser igual a Deus” se refere a não “só ter sangue de Deus”. Ou seja, Jesus não teve apenas sangue de Deus, mas também sangue de Maria. Totalmente absurdo!
Então, o que Paulo quis dizer com esta expressão citada acima? Vamos por partes do versículo:
Subsistindo em forma de Deus: Paulo afirma que Jesus era Deus eternamente. Nunca houve uma época em que Ele não fosse Deus. Ele não é um segundo deus como afirma algumas heresias do passado. A palavra grega usada por Paulo para “subsistindo” significa e enfatiza a essência da natureza de uma pessoa – seu contínuo estado e condição. E a palavra “forma” indica especificamente o caráter essencial e imutável de algo – o que ele é nele e em si mesmo. A doutrina fundamental da divindade de Cristo sempre abrangeu essas características essenciais (cf. Jo 1.1,3-4,14; 8.58; Cl 1.15-17; Hb 1.3).

Não [...] usurpação: Com estas palavras Paulo está afirmando que embora Cristo tivesse todos os direitos, privilégios e honras da divindade – do quais era Ele digno e nunca poderia ser destituído deles (pois, é impossível Deus deixar de Ser Deus) – Sua atitude não foi a de se apegar àquelas coisas ou à sua posição, mas a de estar disposto a abdicar delas por um período.

A si mesmo se esvaziou: Essa foi uma renúncia a si mesmo, não um esvaziar-se da divindade nem uma mudança da divindade para a humanidade. Ele assumiu as limitações da humanidade. Isto envolveu um encobrimento de Sua glória preencarnada (Jo 17.5) e o não-uso voluntário de algumas de Suas prerrogativas divinas, durante o tempo em que esteve na Terra (Mt 24.36). Ele não deixou de ter os atributos divinos, mas abdicou do EXERCÍCIO dos Seus atributos em Seu ministério terreno. Ele se humilhou a Si mesmo.

Assumindo a forma de servo: Notem um detalhe: O texto não diz, como alguns afirmam com frequência, que “Ele trocou a forma de Deus pela forma de servo”. Ele assumiu a forma de servo enquanto que, ao mesmo tempo, conservava a forma de Deus! E isso é precisamente o que torna nossa salvação possível e exequível.

Aplicação: O que Paulo está ensinando aqui para os filipenses e para toda a igreja em todas as épocas, é que há uma área em que Cristo não pode ser nosso exemplo. Não podemos imitar Seus atos redentivos e nem sofrer e morrer vicariamente. Foi Ele – unicamente Ele! – que teve condição de satisfazer a justiça divina e trazer Seu povo à glória. Mas, com o auxílio de Deus, podemos e devemos imitar o espírito que serviu de base para esses atos. A atitude de auto renúncia, com vistas a auxiliar outros, deveria estar presente e se expandir na vida de cada discípulo. A unidade, a humildade e a solicitude estavam presentes em nosso Salvador (Jo 10.30; Mt 11.29; 20.28). Elas devem também caracterizar todos os Seus discípulos! Nesse sentido há veracidade nestas linhas singelas:
“Oh!, se tão ternamente Ele nos amou,
Devemos amá-Lo assim também;
Confiar em Seu sangue redentor,
E andar, como Ele andou, fazendo o bem.”.


UMA REFLEXÃO TEOLÓGICA.

O Ser que haveria de nascer de Maria era uma Pessoa, chamada Jesus.
“Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo Nome de Jesus” (Lc 1.31).

De Maria não iria nascer simples e unicamente uma das naturezas do Redentor – a humana, porque esta natureza não seria personalizada, nem existiria antes e à parte de sua união com a Segunda Pessoa da Trindade, que possuía a natureza divina, o Verbo. Um ser completo, Deus-Homem, uma Pessoa com duas naturezas haveria de nascer de Maria. Todavia, esse ser pessoal deveria sua personalidade e sua natureza divina de Deus, e sua natureza humana de Maria. Quando houve a união das duas naturezas numa manifestação poderosa do Espírito Santo no ventre da mãe, então passou a existir um ser pessoal em Maria que, depois de nove meses, saiu do seu ventre. Por isso se diz que ela haveria de conceber e de dar à luz. Houve, obviamente, o intervalo natural de nove meses entre a concepção e o dar à luz, como em todas as crianças que vêm de mulher. Por essa razão Lucas registra que, “ao completarem-se-lhe os dias” (Lc 2.6), chegou o tempo do nascimento. O nome dessa criança foi Jesus. Esse Jesus, que significa “Salvador do Seu povo” (cf. Mt 1.21), é a Pessoa completa, divino-humana do Redentor.

Essa Pessoa teria duas naturezas unidas numa geração misteriosa.
“Então disse Maria ao anjo: Como será isto, pois não tenho relação com homem algum?” (Lc 1.34).

Como esse Jesus poderia ser nascido de Maria se ela não tinha qualquer relação sexual com homem algum? Esta pergunta revela o espanto de Maria diante de tão grande revelação. Maria estava assombrada com esse acontecimento que lhe parecia impossível. Então, o anjo do Senhor lhe informou sobre como essas coisas se dariam.
Certamente a concepção de Jesus Cristo seria sobrenatural (e é claro que Seu nascimento foi natural). Ele haveria de nascer como os demais homens, mas não haveria de ser concebido como eles. Ele não seria concebido de uma forma comum a todos, mas de uma forma misteriosa e profunda, que sobrepassa a compreensão da lógica humana. A concepção de Jesus talvez seja o mistério mais profundo da fé cristã, pois mostra como Deus faz com que a Segunda Pessoa da Trindade, o Filho, seja unido a uma substância humana (não personalizada) de maneira divina que recebe sobre si uma natureza humana. Essa união é tão poderosa que nunca mais as duas naturezas se separam, nem mesmo na morte do Redentor.

As duas naturezas dessa Pessoa seriam unidas  por uma ação sobrenatural
“Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a Sua sombra” (Lc 1.35).

Essa ação sobrenatural da parte do Espírito foi absolutamente poderosa, miraculosa e misteriosa. Houve a união das duas naturezas quando se deu a ação sobrenatural do Espírito Santo sobre Maria. Uma substância (que continha todas as propriedades da natureza humana) foi acrescida à Pessoa Divina, com natureza divina, de forma que o Redentor passou a ser vere Deus et vere homo (verdadeiro Deus e verdadeiro Homem) simultaneamente. A ação do Espírito Santo fez com que as duas naturezas ficassem unidas – a que veio de Deus e a que veio de Maria, de modo que, desde então, nunca mais elas existem separadamente.
O mistério tem a ver com a ação do Espírito que envolveu Maria. Esse mistério está relacionado com a sombra divina que a envolveu. O que se pode dizer dessa ação misteriosa? Que não houve nenhuma injeção física vinda de Deus no ventre de Maria (como as relações mitológicas de deuses e mulheres), pois a sobrenaturalidade do ato não torna necessária a introdução de algum elemento físico para gerar o Redentor dentro de seu ventre. Não houve nenhuma ejaculação – em contraste com os deuses da mitologia grega – do Espírito Santo. Foi um ato sobrenatural, não uma relação sexual. Ele é o Criador de todas as coisas. Ele criou do nada. Isto foi fácil para o Deus Todo Poderoso! Diante deste mistério nos calamos e não ousamos ir mais além, mas apenas adorar este grandioso Deus em Suas misteriosas obras! Como salientou Paulo em 1Timéteo 3.16:
“Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória”.

A ação sobrenatural sobre Maria tornaria a Pessoa com as duas naturezas SANTAS.
Voltemos à pergunta do irmão Raphael: Querido, pergunto: O sangue de JESUS ERA O MESMO DE MARIA SUA MÃE, Se ERA COMO PÔDE JESUS SER SANTO?
A preocupação do irmão é a seguinte: se o Senhor Jesus tivesse apenas o sangue de Maria isto não o tornaria impuro?! A resposta é: NÃO! Pois, como já deixamos transparecer na argumentação acima, nosso Senhor possuiu 100% o sangue de Maria. Ele não precisava ter “sangue divino” para ser santo. Ele foi e é santo por Ser Deus eternamente. E outro detalhe: Deus é espírito! Ou seja, Ele não tem sangue material como nós, criaturas, temos. Isto é pensamento de algum filme de ficção científica que mostra os deuses e anjos sangrando. Devemos renúncias estas ideias tolas e ficar com a revelação de Deus em Sua palavra.

Vejamos o que diz Lucas 1.35b: “[...] por isso também o ente Santo que há de nascer será chamado Filho de Deus”.
Se o Senhor Jesus Cristo houvesse sido gerado de maneira natural (e não sobrenatural como o foi), certamente Ele não poderia ser chamado “Ente Santo”. A santidade de Sua natureza divina é essencial, e a santidade de Sua natureza humana é derivada, mas perfeita. A ação sobrenatural da concepção operada pelo Espírito Santo é que torna santa a natureza humana do Redentor (não Ele possuir sangue divino). A santidade desse “Ente” deve-se ao fato de a natureza humana recebida de Maria ter sido unida inseparável e indissoluvelmente à natureza divina santa da Segunda Pessoa da Trindade, o Filho de Deus. Se não houve a ação sobrenatural de Deus, o Redentor poderia ter recebido alguma coisa pecaminosa da natureza corrupta de Maria. Todavia, Deus tornou santa essa natureza humana no ato da concepção que aconteceu na unio personalis (unipersonalidade), ocasionando a existência do Redentor divino humano no ventre de Maria. A sobrenaturalidade da misteriosa obra divina na encarnação é que tornou possível a santidade DAQUELE que estava para nascer do ventre da Virgem.

Foi uma concepção virginal misteriosa
 Aqui na concepção virginal repousa todo o mistério cristológico. Este é um ponto em que não podemos caminhar com toda a segurança nos seus detalhes. Mas, ir até onde a revelação das Escrituras nos permitem falar. Se elas se calam é melhor e sábio também fecha nossa boca. Pois, essa obra se trata de uma obra eminentemente miraculosa do Espírito Santo sobre Maria.
Nem Mateus nem Lucas, a despeito de alguns detalhes mencionados na anunciação, conseguem explicar o que realmente aconteceu naquela ocasião. A unipersonalidade ocorrida no ventre de Maria, que envolveu a ação sobrenatural do Espírito Santo, escapa ao nosso entendimento. Jamais qualquer mortal poderá penetrar as profundezas dessa obra divina que nos permanece escondida em seus aspectos misteriosos. A única coisa patente que sabemos dessa misteriosa concepção virginal é que ela aconteceu por obra e graça de nosso Deus, como cumprimento histórico das resoluções do Conselho Eterno da Redenção feitas no círculo trinitário, e do Pacto Eterno da Redenção feito entre o Pai e o Filho. John MacArthur diz: “o nascimento virginal é uma doutrina que não é plenamente descritível para a mente humana, mas ela é uma [doutrina] essencial para preservar a natureza de Jesus como o Salvador que era Deus e Homem. Assim, a concepção virginal e a divindade de Cristo são essenciais para a mensagem cristã e são cruciais para explicar e defender, à medida que você e eu compartilhamos o evangelho com os perdidos.”.

UM REDENTOR SANTO.
Se Cristo fosse gerado de um homem, certamente seria não somente uma pessoa humana, mas seria uma pessoa humana pecadora (porque, como todos nós, herdaria a corrupção de Adão). A Sua santidade não seria possível se o Ente dentro dela fosse gerado de José.
No entanto, não podemos considerar a concepção e o nascimento virginais como determinantes para a SANTIDADE DO REDENTOR. Essas duas coisas não são essenciais para Sua impecabilidade, como alguns teólogos têm asseverado. Não podemos pensar que a culpa (assim como a corrupção) seja transmitida por geração ordinária pelo macho, pois estaríamos batendo de frente contra alguns textos da Escritura. Veja um exemplo: Salmo 51.5: “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe”. A natureza pecaminosa dos filhos também procede da mãe, não somente do pai. Esse texto indica que a mulher “contribui igualmente para a composição total do físico e do espiritual dos filhos que vêm por geração natural”. Assim como o pai, a mãe participa na formação de todas as características dos filhos, inclusive as características que estão relacionadas com a natureza pecaminosa. Não é saudável, portanto, afirmar que a pecaminosidade procede do elemento masculino. E muito menos do ato sexual.
Além disso, nos defrontamos com outro problema. Por que Jesus Cristo não herdou a natureza pecaminosa de Maria? A resposta da igreja de Roma era porque a própria Maria foi livre do pecado. Para explicar a imaculada conceição de Jesus, Roma inventou a imaculada conceição de Maria. Todavia, não há nenhuma sugestão na Escritura de que Maria tenha sido santificada para poder receber a ação do Espírito na concepção do Senhor Jesus.
Heber Carlos de Campos, um dos maiores teólogos brasileiro na área da Cristologia, afirma que a unipersonalidade do Redentor, causada pela ação sobrenatural do Espírito em Maria, é que tornou possível a obtenção da natureza humana totalmente santa do Redentor. A razão disso é porque uma natureza humana pecaminosa (advinda de Maria) não poderia unir-se à personalidade do Verbo (Deus Filho) com natureza divina e perfeitamente santa. Todavia, pela ação santa do Espírito Santo, os elementos componentes da natureza humana derivados de Maria vieram santos para Aquele que foi chamado “Ente Santo” (Lc 1.35) já desde o ventre materno. Então, a causa da santidade de Cristo Jesus não era os 50% de sangue divino, conforme afirmado pelo irmão Lúcio.

Com todo respeito e carinho ao amigo Lúcio, pois aqui, nesta exposição, não tem nenhum ataque à sua pessoa e ministério, mas sim as falsas ideias comum em muitas pessoas, deixo esta meditação expositiva para correção com amor. Ainda lamento, por expressões que o Lúcio usou, como: Não há aqui nenhum discurso preparado, pois isso para mim é vida no ser e não formatação teológica o pedagógica humana, mas revelação do próprio Deus no ser, assim como Pedro disse a Jesus tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
Infelizmente, isto não é revelação de Deus tal como recebida por Pedro. Não devemos procurar coisas inusitadas na interpretação das Escrituras, mas procurar ser ministros fiéis do santo evangelho e da imensa herança teológica que temos a nossa disposição. O que expus, “contrariando” meu amigo, é uma formatação teológica e pedagógica de homens que procuraram humildemente entender, até onde nos permite as Escrituras, um dos grandes mistérios da fé cristã.

Diante de tão grande mistério faço minhas as palavras do grande paladino da fé cristã: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os Seus juízos, e quão inescrutáveis, os Seus caminhos! Quem, pois, conheceu a Mente do Senhor? Ou quem foi o Seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a Ele para que lhe venha a ser restituído? Porque Dele, e por meio Dele, e para Ele são todas as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm 11.33-36)

Vosso servo, Ivan Teixeira. Minha consciência é escrava da Palavra de Deus!

Soli Deo glória!

segunda-feira, abril 16, 2012

A APAIXONADA BUSCA PELA PIEDADE ou NÃO JOGUE SUA VIDA FORA!


O grande teólogo e filósofo Jonathan Edwards, providencialmente nascido no século XVII, nos anos anteriores à formação dos Estados Unidos, viveu num ponto estratégico da história da Igreja. Considerado "o último dos Teólogos Escolásticos Medievais" e "o último representante da teologia e do pensamento puritano no Novo Mundo", Edwards também foi "o primeiro dos modernos filósofos-teólogos norte-americanos".
Muitos consideram Edwards como o mais eminente pregador vindo do lugar agora chamado de Estados Unidos (antes Nova Inglaterra). Ele pregou o sermão que muitos creem ser o mais famoso da América do Norte: "Pecadores nas Mãos de um Deus Irado". Outros avaliam Edwards como um dos maiores teólogos da América. Ele é reconhecido como "o teólogo do Primeiro Grande Avivamento" pois se posicionou exatamente na nascente dos despertamentos, nas décadas de 1730 e 1740. Também se diz que Edwards foi "o maior teólogo em todos os aspectos, e um dentre a meia dúzia dos maiores teólogos de todos os tempos.


A influência permanente de Edwards também pode ser medida de outras maneiras. No início do século XX, um estudo traçou a descendência de Edwards. Os resultados foram estonteantes. De Edwards veio uma grande e ilustre prole: trezentos ministros, missionários e professores de teologia; cento e vinte professores universitários; cento e dez advogados; mais sessenta médicos; mais de sessenta autores de bons livros; trinta juízes; catorze reitores de universidades; numerosos gigantes da indústria norte-americana; oitenta detentores de importantes cargos públicos; três prefeitos de grandes cidades; três governadores de estados; três senadores; um capelão do senado dos Estados Unidos; um fiscal da Fazenda e um vice-presidente dos Estados Unidos. É difícil imaginar alguém que tenha contribuído de forma mais vital para a alma dessa nação do que esse teólogo da Nova Inglaterra.


Mas, o que levou Edwards ser este grande homem? Quando ele tinha dezoito anos de idade, sendo recém-convertido, resolveu buscar e promover a glória de Deus com todo o seu ser. No decurso de aproximadamente um ano, por volta de julho ou agosto de 1722 a 17 de agosto de 1723, ele escreveu, com muito cuidado, as suas "RESOLUÇÕES", uma declaração de missão pessoal, que o guiaria e disciplinaria em sua busca por piedade. As RESOLUÇÕES revelam a firme determinação com a qual ele procurava direcionar seus passos. Como cristão em Cristo Jesus, Edwards tinha consciência de que sua fé em Cristo precisava de uma direção. Ele precisava de disciplina espiritual.


A principal intenção das RESOLUÇÕES de Edwards era produzir uma alma preparada para a eternidade com Deus... visto que intimava a si mesmo a estudar as Escrituras e a orar constantemente; deveria confiar em Jesus como Senhor; Deus deveria ser presente, pessoal e fundamental. As RESOLUÇÕES representavam também a firme determinação dele manter as prioridades espirituais continuamente diante de si. Edwards desejava colocar TODAS as áreas de sua vida sob o senhorio de Jesus Cristo, mediante um rigoroso domínio próprio. Nenhuma parte da vida poderia ser ignorada ou deixada de forma incontestada.


Foi, por meio destas RESOLUÇÕES, ainda jovem, Edwards se propôs a ordenar sua vida espiritual, fazendo o voto de viver para a glória de Deus. Tal decisão exigiu dele uma vida de disciplina espiritual e uma persistente determinação em cada área da vida. Ele sabia que, nessa busca, o pecado deveria ser rejeitado, e sua inclinação à ira, resistida. O tempo deveria ser contado, a morte, avaliada e a eternidade, pesada. A vida deveria ser vivida com sinceridade. A humildade deveria ser demonstrada e o amor, praticado. Cada pessoa deveria avaliar-se regularmente em todas as coisas.


Bem no começo de sua jornada cristã, Edwards perguntou a si mesmo: COMO QUERO VIVER? QUAL É O MEU PROPÓSITO NA VIDA? QUE TIPO DE PESSOA DESEJO SER? Suas respostas a essas perguntas foram estruturadas em suas RESOLUÇÕES.


Meu amado ou amada que lê estas palavras, não importa onde você esteja em sua vida cristã individual, nenhum de nós chegou ao ponto final. Ainda há muito amadurecimento espiritual para ser realizado. Há muito mais que Deus pode fazer me nós e por meio de nós. A abordagem de Edwards da vida cristã serve como uma motivação para que cada um de nós viva para a glória de Deus. Que você resolva viver não para si mesmo ou para os prazeres temporários desta curta vida, mas viver para Deus deleitando na Sua suprema dádiva, Seu amado Filho Jesus Cristo. E que o poder regenerador e renovador do Espírito Santo possa de capacitar a viver para a glória de Deus!


Por isso, amados NÃO JOGUEM SUAS VIDAS FORA!!!

terça-feira, abril 10, 2012

TEOPATIA DIVINA

A Paixão de Deus por Sua glória!

RESPOSTA À PERGUNTA DO CONFERENCISTA WADSON CALAIS: "DEUS SOFRE POR SUA GLÓRIA?".

Recentemente no Facebook criei um grupo denominado “A paixão de Deus por Sua glória”. Neste grupo pretendo expor grandes verdades do santo evangelho relacionadas a Deus e a Sua paixão pela Sua glória.

E dos nossos irmãos, Wadson Calais, companheiro de juventude e irmão em Cristo Jesus, fez-nos uma pergunta com relação ao tema do grupo: “A paixão de Deus por sua Glória. Paixão = [igual] sofrimento, Deus sofre por sua glória?”.

Vamos responder a pergunta de nosso companheiro com algumas observações que se seguem.

A LÓGICA:
Nós sabemos que a lógica lida com os métodos de pensamento válido. Revela como tirar conclusões adequadas de premissas e é um pré-requisito de todo pensamento. Na verdade, ela se baseia em leis fundamentais da realidade e da verdade, os princípios que tornam possível o pensamento racional.
Então, se a lógica é base de todo o pensamento, é a base de todo pensamento sobre Deus (teologia). Alguns se opõem, dizendo que isso deixa Deus sujeito à lógica. Mas Deus é soberano e não está sujeito a nada além de Si mesmo. Na realidade, Ele não pode agir de forma contrária a ela.
Por um lado Deus não está sujeito à lógica; na verdade, nossas afirmações sobre Deus estão sujeitas à lógica. Todas as afirmações racionais devem ser lógicas. Já que a teologia procura fazer afirmações racionais, afirmações teológicas estão sujeitas às regras do pensamento racional, assim como qualquer outra afirmação.
Em relação a nós, nunca poderíamos falar sobre Deus sem a lei da não-contradição (lógica). Neste caso, a lógica é anterior a Deus porque precisamos usar a lógica antes de poder sequer pensar Nele racionalmente. A lógica é anterior a Deus na ordem do conhecimento, mas Deus é anterior à lógica na ordem da existência. A lógica é anterior a Deus epistemologicamente, mas Deus é anterior à lógica ontologicamente.

Tendo isto em mente desenvolvo meu argumento.
Uma resposta curta a pergunta do meu amigo, mas extremamente profunda é JESUS! Ou seja, ele me perguntou se Deus sofre, minha resposta é JESUS! Jesus sofreu, então Deus sofre, pois Jesus é Deus.
A LÓGICA da minha resposta é:
Premissa 01: Jesus Cristo sofreu;
Premissa 02: Jesus Cristo é Deus;
Conclusão: Logo Deus sofreu.

Agora vejam, para que a minha conclusão esteja certa (Deus sofreu), as duas premissas precisam ser verdadeiras. Acredito que o irmão Wadson seja um crente ortodoxo-evangélico que crê nas duas premissas expostas acima: (1) Jesus Cristo sofreu e (2) Jesus Cristo é Deus. Caso não acredite, nossa discussão caminhará para outros aspectos teológicos. Mas, crendo que o amado ainda é um crente em Jesus Cristo (Deus-Homem = a Pessoa Teantrópica – como ensina a cristologia), prossigo na minha defesa de que Deus é apaixonado pela Sua glória.

Notem que as Escrituras não escondem, mas revelam que o Senhor Jesus sofreu como Deus-Homem.
Lucas 22.15: E disse-lhes: Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do Meu sofrimento.
Hebreus 2.9: vemos, todavia, Aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos, Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi coroado de glória e de honra, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem. V.10: Porque convinha que Aquele, por cuja causa e por quem todas as coisas existem, conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse, por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles.
2Coríntios 1.5: Porque, assim como os sofrimentos de Cristo se manifestam em grande medida a nosso favor, assim também a nossa consolação transborda por meio de Cristo.
Filipenses 3.10: para O conhecer, e o poder da Sua ressurreição, e a comunhão dos Seus sofrimentos, conformando-me com Ele na Sua morte.
1Pedro 1.11: Investigando, atentamente, qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as glórias que os seguiriam.
1Pedro 4.13: Pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de Sua glória, vos alegreis exultando.

“Ao SENHOR agradou moê-Lo”.
A morte e o sofrimento de Cristo foram vontade e obra de Deus Pai. Isaías escreve: “Nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. [...] Ao SENHOR agradou moê-Lo, fazendo-O enfermar. (53.4,10). Mesmo assim, certamente, quando Deus Pai viu à agonia do Seu Filho amado e a maldade que O levou à cruz, não teve prazer nessas coisas em si (vistas pela lente estreita). Deus abomina o pecado como tal e o sofrimento do inocente.
Apesar disso, de acordo com Hebreus 2.10 (que citamos acima), Deus Pai achou apropriado aperfeiçoar o Pioneiro da nossa salvação por meio do sofrimento. Deus quis aquilo que Ele abomina. Ele o abominou na visão da lente estreita, mas não visão de ângulo aberto da eternidade (o propósito Maior). Quando considerava a universalidade das coisas, o Pai via a morte e o sofrimento do Filho de Deus como uma forma magnífica de demonstrar Sua justiça (Rm 3.25,26), de conduzir Seu povo à glória (Hb 2.10) e de manter os anjos louvando por todo o sempre (Ap 5.9-13).
Então, Deus usa Sua soberania para mostrar o grande objeto do Seu prazer, Sua GLÓRIA, a beleza das Suas perfeições multiformes. Ele faz tudo o que faz para exaltar o valor da Sua glória. Ele é apaixonado pela Sua glória! Jesus chamou a obra que veio realizar para a glória da graça e justiça divina de “minha paixão”. Deus Filho sofreu para a manifestação da glória eterna do Pai (de toda a Trindade é claro!) na salvação dos Seus eleitos e para a eterna alegria de Seu povo. Ele seria injusto se valorizasse qualquer coisa além daquilo que tem valor supremo, que é Ele mesmo. Por isso, afirmamos juntamente com os grandes teólogos: “O principal propósito de Deus, é glorificar a Deus e ter prazer em Si mesmo para sempre!”. Nas memoráveis palavras de Paulo logo após sua grande exposição do plano redentor de Deus para Sua glória e salvação do Seu povo, afirmamos: “Porque Dele, e por meio Dele, e para Ele são todas as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm 11.36).

As Escrituras afirmam categoricamente que Jesus Cristo é o Deus encarnado.
Como disse Tomé: “Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20.28).
Com essas palavras, Tomé declarou a sua firme crença na ressurreição e, portanto, na divindade de Jesus, o Messias e o Filho de Deus (Tt 2.13). Essa é a confissão mais importante que uma pessoa poder fazer. A confissão de Tomé serve de clímax apropriado ao propósito de João ao escrever o Evangelho (cf. 20.30-31).
O Senhor Jesus Cristo é completamente divino. O Senhor Jesus e o Pai, em essência, são Um (Jo 10.30).
O Senhor Jesus Cristo era completamente Deus e corporificou toda a essência e perfeições divinas (Fp 2.6; Cl 1.15; 2.9; Hb 1.3).
O Senhor Jesus Cristo revelou a natureza e o caráter de Deus aos homens (Jo 1.14,18; 14.9-11; Hb 1.2).
O Senhor Jesus é citado como parte integrante da Trindade Divina (Mt 28.19; 2Co 13.13 ou 14).

Tendo posto isto, agora falaremos o que pretendemos dizer com “paixão”.

O que é paixão?
É claro que esta palavra no contexto teológico, em certo sentido, está relacionada com o grande teólogo e filósofo Jonathan Edwards. O pastor e teólogo John Piper fala de “Jonathan Edwards, uma mente apaixonada por Deus”. Temos, aqui, dois termos voltados para Deus: mente e paixão (a palavra que incomodou o amado irmão Wadson). Essas duas palavras correspondem a uma das lições mais profundas que Edwards ensinou. A mente (ou entendimento) e a paixão (ou sentimento) correspondem a dois atos importantes de Deus e a duas maneiras de os seres humanos feitos à Sua imagem, refletirem a glória de Deus. Vejamos como Edwards se expressa:
“Deus é glorificado em Si mesmo destas duas maneiras: 01. Ao revelar-Se [...] em Seu entendimento perfeito [de Si mesmo], ou no Seu Filho, que é o resplendor da Sua glória. 02. Ao desfrutar a Si mesmo e deleitar-Se em Si mesmo, fluindo em amor infinito e deleite para Consigo mesmo, ou no Seu Espírito Santo [...] Assim, Deus glorifica a Si mesmo em relação às Suas criaturas também de duas maneiras: 01. Ao revelar-Se [...] ao entendimento delas. 02. Ao comunicar-Se ao coração delas, no regozijo e no prazer delas nas manifestações divinas que lhes são concedidas pelo próprio Deus [...] Deus é glorificado não apenas no fato de Sua glória ser vista, mas no fato de essa glória ser objeto de deleite. Quando aqueles que a veem se deleitam nela, Deus é mais glorificado do que quando eles apenas a veem. Sua glória é, então, recebida por toda alma, tanto pelo intelecto quanto pelo coração. Deus fez o mundo a fim de poder transmitir a Sua glória [Sl 19], e fez as criaturas a fim de poderem receber essa glória [cf. Is 43.7; Rm 3.23 8.29; 2Co 3.18], não apenas na mente, mas também no coração. Aquele que demonstra ter uma ideia da glória de Deus [não] glorifica a Deus tanto quanto aquele que demonstra de que aprova e se deleita nessa glória.”.
Neste ângulo vemos que a mente corresponde ao prazer na excelência da verdade dos atributos perfeitos de Deus. A paixão (no sentido que usamos) corresponde ao prazer na excelência e na beleza desses atributos. Deus é glorificado tanto ao ser compreendido (mente = racional) quanto ao ser desfrutado (coração = paixão). Deus nunca será tão glorificado pelos evangélicos que separam o prazer (paixão = coração) da compreensão (mente = racional). E não é tão glorificado pelos evangélicos de outro tipo, que separam a compreensão (racional) do prazer (paixão). Há verdades que devem ser entendidas corretamente e há beleza que deve ser desfrutada corretamente. Há doutrinas a serem compreendidas e há glória a ser experimentada.
Então, na visão teológica de Edwards, Piper e outros grandes estudiosos “paixão” fala de “afeições”. Ou seja, “uma emoção ou sentimento”; “um estado mental para com alguma coisa: disposição para”. Assim Deus tem afeições, emoções, sentimento, uma disposição para Sua glória. Ele é glorificado nos Seus atributos e na revelação do Seu Ser. Ele é glorificado no Seu Filho. Na criação. Na salvação. Na condenação. E em todas as coisas que Ele planejou e executa.
O próprio Edwards define “afeições”, “emoções”, “paixão” como as ações mais vivas e intensas da inclinação da alma e da vontade. Ele continua dizendo que Deus deu às almas humanas dois poderes principais: o primeiro é a compreensão, pela qual examinamos e julgamos as coisas; o segundo poder nos permite ver as coisas, não como espectadores indiferentes, mas gostando ou não delas, agradando-nos ou não nelas, aprovando-as ou rejeitando-as. Às vezes chamamos a esse segundo poder, nossa inclinação. Relacionando-as com nossas decisões, normalmente damos-lhes o nome de vontade. Quando a mente exercita sua inclinação ou vontade, então muitas vezes chamamos à mente “o coração”.
Então quando usamos a palavra “paixão” ela tem o significado que a palavra moderna “amor” tem. Deus ama a Sua glória! Deus é apaixonado pela Sua glória! Deus está inclinado, segundo a Sua soberana vontade, para fazer tudo para Sua glória!

Poderíamos falar muitas coisas sobre isso, mas acredito que ficou bastante claro!
Agora, vou descrever outras verdades teologicamente.
DEUS SOFRE?
Alguém pode afirma: “Não acredito que Deus possa realmente sofrer. Como você pode dizer que Deus é Todo-Poderoso, Soberano, e está totalmente no controle para, em seguida, dizer que Ele pode ser afetado pelos problemas e pela maldade em Sua criação?”.
A resposta pode ser que por Deus Ser Todo-Poderoso, Ele é capaz de sofrer sem que isso cause danos ao Seu caráter e a Seus propósitos. Porque Ele é verdadeiramente soberano, Ele é capaz de tomar a maldade existente no mundo decaído e usá-la para Seus próprios propósitos (Gn 50.20). Por estar totalmente no controle do universo, Ele é capaz de administrar Sua tristeza, sabendo que o resultado eterno final terá valido a pena suportar. Foi pela “alegria que lhe fora proposta” (Hb 12.2) que o Senhor Jesus foi à cruz, e tanto a encarnação quanto a crucificação demonstram a realidade do sofrimento de Deus; não em função de Sua fraqueza, mas a favor da nossa (1Pe 2.21) e do louvor de Sua glória e graça (Ef 1.6,12). O escritor aos Hebreus nos revela que o sofrimento de Cristo foi um dos aspectos importantes do ministério de Cristo como nosso sumo sacerdote: “Por isso mesmo convinha que, em todas as coisas [até no sofrimento] Se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus, e para fazer propiciação pelos pecados do povo.” (Hb 2.17 leia todo o contexto para melhor compreender).

Posto estas verdades, surge outra pergunta: “Mas se Deus realmente sofre, Ele não está à mercê da desordem e da dor? Como isso se harmoniza com um Deus Todo-Poderoso?”.
A nossa resposta é que Deus não está à mercê do sofrimento ou de qualquer outra coisa ou mesmo de alguém. Ele escolheu soberanamente entrar em sofrimento, suportá-lo e, ainda assim, triunfar nele e sobre ele (cf. Lc 24.43-46; At 3.18). Sua alternativa é separar-Se de Sua criação, abandoná-la a um universo deísta e sair de cena. Mas muito antes da encarnação, Deus escolheu entrar plenamente no sofrimento de um mundo e identificar-Se completamente com todos os sofrimentos possíveis que, até aquele momento, nunca os tinha experimentado; Ele é o “Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo” (Ap 13.8).

TEXTOS BÍBLICOS SOBRE O “SOFRIMENTO” DE DEUS.
Citarei apenas dois textos:
Isaías 63.8-9: “Porque ele dizia: Certamente, eles são meu povo, filhos que não mentirão; e se lhes tornou o seu Salvador. Em toda a angústia [NVI reza “aflição”] deles, foi Ele angustiado [NVI reza “Ele se afligiu”], e o Anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor e pela Sua compaixão, Ele os remiu, os tomou e os conduziu todos os dias da antiguidade.”.
Vemos nesse texto a condescendência divina em favor de Seu povo. Ele é um Deus misericordioso que se refere aos profundos sentimentos que Ele expressa por causa da angústia do povo (v.7-8).
O SENHOR (Yahweh) estava ligado tão intimamente aos israelitas (v.9) que “em toda a angústia deles foi Ele angustiado”. Como um pai sofre juntamente com seus filhos, Yahweh foi afligido pela aflição deles (Deus sofreu juntamente com Seu povo) – uma expressão antropopática (que descreve Deus em afeições/sentimentos humanas), mas uma expressão que indica como Ele Se envolveu profundamente, e foi comovido pelas tristezas deles.

Ezequiel 6.9: “Ali, nas nações para onde vocês tiverem sido levados cativos, aqueles que escaparem se lembrarão de Mim; lembrarão como fui entristecido por seus corações adúlteros, que se desviaram de Mim, e, por seus olhos, que cobiçaram os seus ídolos [...].”.

DEUS REALMENTE SENTE?
“Jesus estará em agonia até o fim do mundo. Não devemos adormecer durante esse tempo”. Blaise Pascal.
Os cristãos primitivos não pareciam se maravilhar muito com essa questão. Certamente, os discípulos que estiveram com Jesus nunca pareceram se preocupar com ela; eles o viram irritado, triste, sofrendo, feliz e decidido; eles podem ter se perguntado por que Ele estava triste, mas é duvidoso que tenham debatido se o tipo de “tristeza” era de alguma forma realmente ao tipo de tristeza deles. Eles viram Deus se mostrar nessas características de Jesus; afinal, a descrição favorita para Si mesmo era “Filho do Homem”.
Onde a Confissão do credo diz que Deus “não tem partes ou paixões”, (talvez seja daí que o irmão Wadson não queira conectar a palavra “paixão” a Deus), parece que os pais de Westminster estavam se referindo às partes ou paixões “corpóreas” (i.e., que Ele é um espírito incorpóreo).
Como C. S. Lewis destaca, essas declarações de credo foram escritas primariamente para mostrar quão maior, e mais maravilhoso, Deus é quando comparado às nossas limitações humanas.: “Os grandes profetas e santos possuem uma intuição positiva e concreta de Deus, no mais alto grau. Pelo fato de terem observado que Ele é a plenitude de vida, energia e contentamento (tendo tocado apenas a fímbria do Seu Ser), veem-se portanto, obrigados (por essa única razão) a declarar que Ele transcende aquelas limitações que chamamos de personalidade, paixão, mudança, matéria e outras. [...] O propósito desse despojamento não é levar nossa ideia de Deus até o ponto da nudez, mas revesti-la. Quando removemos de nosso conceito de Deus alguma característica humana secundária, [...] não temos recursos que nos forneçam aquele atributo ofuscante e concreto da divindade que possa substituí-la”.

APATIA DIVINA? DEUS NÃO TEM PAIXÕES!
A “apatia divina” é uma ideia filosófica, desenvolvida primeiramente pelos filósofos gregos e adaptada por alguns dos teólogos do cristianismo primitivo. Podemos facilmente enxergar o porquê – queriam proteger a ideia cristã de Deus impedindo qualquer identificação Dele com as coisas sujeitas à falha, mudança e decadência. Certamente é impensável que o Deus onipotente esteja sujeito à dor física ou susceptível a dano. Talvez também fosse errado pensar que Ele tem até mesmo sentimentos emocionais de dor como nós. Os gregos pensavam que a diferença, a diversidade, o movimento e o sofrimento eram inapropriados à natureza divina.
Assim, alguns pais da igreja primitiva, utilizando a filosofia grega, viram a apatia como a essência da natureza divina, e com a manifestação mais pura da salvação humana na comunhão com Deus. Enquanto, na prática, adorassem o Cristo crucificado como Deus, e pregassem sobre o sofrimento de Deus, muitos se sentiram obrigados a adaptar sua teologia para seguir a indicação filósofos. O “Sujeito Absoluto” [Deus] da filosofia nominalista e idealista certamente não poderia sofrer; caso contrário não seria absoluto.
Ainda assim, textos simples da Escritura parecem mostrar que Deus realmente experimenta alegria e sofrimento. Como podemos explicar isso? C. S. Lewis comenta: “Se Deus fala algumas vezes como se o Impassível pudesse sofrer paixão e a plenitude eterna pudesse ter qualquer carência, [...] isto só pode significar, caso represente algo inteligível para nós, que o Deus dos milagres tornou-Se capaz de sentir tal anseio e criar em Si mesmo aquilo que podemos satisfazer. Se Ele nos quer, esse desejo é de Sua própria escolha [não uma necessidade inerente ao Seu Ser]. Se o coração imutável pode ser entristecido pelas marionetes que Ele mesmo fez, foi a onipotência divina, e nada mais, que assim o sujeitou, voluntariamente, e com humildade que excede todo entendimento [...] Se Aquele, que em Si mesmo tem tudo, escolhe necessitar de nós, é porque necessitamos de quem nos necessite.”.

TEOPATIA – SENTIMENTOS DIVINO.
“Uma criança saudável é, de alguma forma, muito parecida com Deus. Uma criança em sofrimento é parecida com Seu Filho”. Calvin Miller.

Em seu detalhado estudo da Trindade, Jürgen Moltmann é um dos teólogos que optam pela teopatia – a doutrina dos sentimentos de Deus, em lugar de sua apatia. Ele afirma que é mais consistente entender o sofrimento de Cristo como o sofrimento de um Deus enternecido “se deixarmos de colocar o axioma da apatia de Deus como o ponto de partida e, em vez disso, partirmos do axioma que Deus tem fortes sentimentos”.
“Impassível, inamovível, unida e autossuficiente, a divindade se confronta com um mundo móvel, sofredor e dividido, que nunca é suficiente para si mesmo. [...]” Mas, em contraste, o sentimento de Deus e Seu sofrimento são o próprio centro da história e da tradição cristã. Então, essas são as únicas alternativas; um Deus que é incapaz de sofrer ou um Deus que está à mercê do sofrimento? Não, Moltmann sugere:
“Existe uma terceira forma de sofrimento – o sofrimento ativo – colocar-se voluntariamente aberto ao outro, permitindo-se ser intimamente afetado por esse outro; ou seja, o sofrimento do amor apaixonado. [...] Na teologia cristã, o axioma da apatia diz apenas que Deus não está sujeito ao sofrimento da mesma forma que estão as criaturas transitórias, criadas. Não é, de fato, sequer um axioma real. É uma declaração comparativa. Não exclui a dedução de que, em outro aspecto, Deus certamente pode sofrer e realmente sofre. Se Deus fosse incapaz de sofrer em todos os aspectos, Ele, então, seria incapaz de amar. Ele seria, no máximo, capaz de amar a Si mesmo, mas não de amar o outro como a Si mesmo [...] Mas se Ele é capaz de amar algo mais, então Ele Se coloca aberto para o sofrimento que o amor pelo outro lhe traz; e ainda assim, em virtude de Seu amor, Ele permanece Senhor sobre a dor que o amor lhe causou. Deus não sofre por causa da deficiência de Seu Ser, como seres criados. [...] Mas Ele sofre por causa do amor que Nele é superabundante e transbordante.”. Ele sofre por que quis sofrer. E o ponto alto e demonstrativo de Seu sofrimento está na encarnação. O Deus bendito se fez homem! Este é um grande mistério que devemos, dada à profundidade da revelação, nos quedar humildemente em louvor e adoração.

Orígenes escreveu: “Ele, o Redentor, desceu a terra por causa de Sua simpatia pela raça humana. Ele levou nossos sofrimentos sobre Si, antes de suportar a cruz, [...], pois se não tivesse sentido tais sofrimentos, Ele não chegaria a participar da vida humana. O que é essa paixão que Ele sofreu por nós? É a paixão do amor. E o próprio Pai, Deus do Universo, ‘mui paciente e cheio de amor’ (Sl 103.8), também não sofre de certa maneira? Ou você não sabe que Ele, quando condescende com o homem, sofre o sofrimento humano? Pois o Senhor, teu Deus, tomou teus caminhos sobre Si, ‘como um pai carrega seu filho’ (Dt 1.31). [...] Mesmo o Pai não é incapaz de sofrer. Quando clamamos a Ele, Ele é misericordioso, e sente nossa dor conosco. Ele sofre o sofrimento do amor, tornando-se algo que, por causa da grandeza de Sua natureza, Ele não pode ser, e suporta o sofrimento humano em favor de nós”.

Até mesmo o grande teólogo Charles Hodge chama a atenção para isso quando comenta: “Os escolásticos, e com frequência os teólogos filosóficos, dizem que não existe sentimento em Deus. Isso, segundo eles, implicaria passividade ou suscetibilidade de impressão vinda de fora, o que se presume incompatível com a natureza de Deus. [...] Tal doutrina está em real contradição com as representações de Deus no Antigo Testamento. [...] Aqui, novamente temos de escolher entre a mera especulação filosófica e o claro testemunho da Bíblia e de nossa própria natureza moral e religiosa. Amor necessariamente implica sentimento, e, se não há em Deus sentimento algum, então não pode existir amor”.

Conclusão: Será que Deus sofre? Minha resposta é a mesma que se deve dar a pergunta: Qual sangue nos comprou? A resposta está descrita por Paulo em Atos 20.28: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual Ele comprou com o Seu próprio sangue.”. Ou seja, fomos comprados pelo sangue de Deus! Deus tem sangue? Sim e não! Ele é Espírito e não tem corpo e muito menos sangue. Mas, na encarnação Deus tem corpo e tem sangue. Então, soteriologicamente nós fomos comprados pelo sangue de Deus. Ontologicamente Deus não tem sangue, mas soteriologicamente na encarnação Ele derramou Seu eterno sangue para nos remir e comprar. Não é um sangue temporal, por ser de Deus é o sangue da eterna aliança, conforme Hebreus 13.20: “Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança”.
Então, Deus sofreu! Deus sofreu soteriologicamente por Sua glória no sacrifício eterno de Cristo Jesus, Seu amado Deus Filho. Ontologicamente Deus nunca está sujeito aos sofrimentos e limitações humanas, mas na encarnação Ele despojou do exercício de Seus atributos e sofreu, e até morreu a morte de cruz para Sua glória em todas as coisas.

O nosso grande problema é que às vezes cometemos o que o estudo exegético chama de “anacronismo semântico”. Ou seja, damos significados às palavras que elas, quando escritas ou usadas em determinado período da história, não tinham. Quantos de nós não cometemos este “crime” afirmando que o evangelho é a dinamite de Deus. Isto é uma falsa interpretação da expressão paulina que diz: “o evangelho é o poder de Deus” (Rm 1.16). A palavra poder vem da palavra grega que traz em alguns dicionários atuais os seguintes desdobramentos: “dinâmico, dínamo e dinamite”. É daí que vemos muitos pregadores, como também fiz anteriormente, afirmando que Deus vai “despedaçar, explodir, destruir” tudo pelo evangelho. Mas, a questão é: Quando Paulo escreveu ele pensava em dinamite? Aliás, tinha dinamite em sua época? É claro que não! Isso é um exemplo clássico que nós podemos dar a uma palavra o significado não pretendido pelo seu autor original.
O evangelho é poder de Deus para a salvação (Rm 1.16). Não uma dinamite para destruição. O poder de Deus, dado pela virtude do Espírito Santo, é para nos transformar em testemunhas do evangelho de Cristo (At 1.8). Não em máquinas destruidoras de vidas. O dynamis (palavra grega para poder) é a virtude miraculosa do Espírito Santo para regenerar e renovar todo aquele que crer (Tt 3.5).
Diante do explicado acima, o meu amigo Wadson cometeu exatamente um anacronismo semântico. Ou seja, ele não entendeu o significado da palavra “paixão” em minha frase: A paixão de Deus por Sua glória (grupo que criei no facebook). Por isso, talvez, olhando o significado da palavra “paixão” na Wikipédia ele me fez a pergunta curta, mas sútil! Acredito que na Wikipédia o termo tenha mais uma influência psicológica do que teológica.
Notamos que num dicionário bíblico e teológico como o de Vine o termo paixão vem do substantivo grego pathema, que deriva de pathos, ou seja, “sofrimento”, “aflição”, “afeto”. A palavra é usada para descrever as aflições dos cristãos (Rm 8.18); e os sofrimentos de Cristo (Deus Filho) (1Pe 1.11; 5.1; Hb 2.9). Citamos até aqui só pra termos um exemplo. É o contexto, outra regra da exegese, que determina o significado da palavra e não a etimologia dela. (esse erro é chamado de “falácia do radical”. Talvez o irmão Wadson também tenha “caído” nele).

Posto tudo isso, continuo afirmando:
Deus é apaixonado pela Sua glória revelada sumamente em Cristo Jesus!

Soli Deo Gloria!