Sabemos que bíblica, teológica e historicamente a igreja brasileira nunca experimentou um autêntico e genuíno avivamento da parte de Deus. Digo isso no sentido bíblico, teológico e histórico do termo. O Brasil nunca experimentou um avivamento como outros países da Europa e Estados Unidos o fizeram.
É claro que não afirmo que devemos ser radicais aponto de dizer que não há atuação do Espírito de Deus em nossas congregações brasileiras. Pois, Deus tem Se feito presente salvando, renovando e curando. Mas, um avivamento que traga impacto significante para a igreja e, por conseguinte para a sociedade nós nunca experimentamos.
Somos, é claro, fruto do grande avivamento pentecostal no início do século XX. Mas, um avivamento em nossa terra brasileira ainda não foi presenciado.
Talvez algumas pessoas fiquem chocadas com minhas afirmações. Mas, estou convicto disto! Existem pares ministeriais que não concordam com minhas afirmações neste bojo, mas não posso calar-me diante da tão vergonhosa situação da igreja brasileira em termos gerais. Acredito que Deus tem muita gente compromissada com as verdades aurifulgentes das Sagradas Escrituras. Acredito que há muitos cristãos sinceros buscando um derramamento do Espírito Santo de Deus. Acredito que há muitos discípulos da cruz de Cristo e que não se envergonham do santo evangelho tal qual ministrado pelo Senhor Jesus, os apóstolos, Atanásio, Concílio de Nicéia, Agostinho, William Tyndale, John Wycliffe, Lutero, Calvino, Knox, Spurgeon e Lloyd Jones só para citar alguns. Acredito que as portas do inferno NUNCA prevalecerão contra a Igreja de Cristo Jesus. Mas, tal qual nos mostra a Bíblia e a História da Igreja, Deus rejeitou muitos que abandonaram o Seu santo evangelho e agiu em outros rincões levantando homens e mulheres compromissados com Sua santidade.
Como senhores, a igreja brasileira está experimentando um avivamento se somos mais conhecidos pela mídia e pela sociedade pelos escândalos financeiros, morais e sexuais do que por uma vida de honestidade e santidade diante de Deus e dos homens? Como estamos experimentando um avivamento se nossos líderes estão mais preocupados em política do que em missões? Como estamos experimentando um avivamento se nossos pregadores estão sanguessedentos por fama e prestígio em vez de buscarem a glória de Deus? Como estamos experimentando um avivamento se os cantores estão preocupados em fazer sucesso e cantam músicas que dão marketing e não as que exponham o santo evangelho? Como meus queridos, estamos experimentando um avivamento no Brasil se as cruzadas evangelísticas (lembrem-se do legado de Bernard Johnson) foram ou estão sendo substituídas por shows? Como estamos experimentando um avivamento se nossos líderes são mais norteados pelos princípios de gerenciamentos de empresas seculares de sucesso em vez dos princípios de liderança esposado pelo Senhor e Seus apóstolos?
É por isso que não posso me calar! Faço minhas as palavras do grande bandeirante do Cristianismo, Paulo, quando escreveu em 1a Coríntios 11.1-4:
Quisera eu me suportásseis um pouco mais na minha loucura. Suportai-me, pois.
Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo.
Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo.
Se, na verdade, vindo alguém, prega outro Jesus que não temos pregado, ou se aceitais espírito diferente que não tendes recebido, ou evangelho diferente que não tendes abraçado, a esse, de boa mente, o tolerais.
Precisamos urgentemente rogar a Deus por uma visitação significativa de Deus no meio do Seu povo. Como nunca nossa geração e nossa nação brasileira necessitam de um avivamento da parte de Deus. Somos carentes de uma visitação significativa de Deus em nossas vidas e culto.
Precisamos rogar para que Deus rasgue os céus e desça até nós e acenda os gravetos secos de nossos corações.
A Razão da Urgente Necessidade do Avivamento Divino:
A igreja brasileira está caindo no descrédito. Ela está sendo mais conhecida pelos escândalos morais e financeiros dos seus líderes do que por uma vida de santidade que glorifica a Deus. A vida de muitos líderes cristãos está anos-luz da vida de santidade exigida por Deus para aqueles que exercem o santo ministério do Senhor.
Infelizmente, o rebanho de Deus em muitos lugares não está sendo apascentado segundo um padrão bíblico de ministério que honre a Deus e edifique o povo. Muitos líderes perderam a visão de Reino de Deus e estão levantando seus próprios impérios. Assim como a vida de santidade está sendo negligenciada a doutrina está sendo relegada para segundo plano. Mesmo com crescimento de seminários teológicos em nosso meio as doutrinas cardeais da teologia estão sendo solapada pelo pragmatismo e pelas teologias triunfalistas e da prosperidade acima de tudo.
Os líderes de muitas denominações estão tratando o povo como escravo de uma religião cega. Estes líderes manipulam o rebanho. Eles exercem um militarismo patologizado sobre o povo de Deus. Eles apascentam o rebanho de Deus não com amor e coração de servo, mas como donos do rebanho de Deus. Eles fazem negócios com o rebanho. Igrejas são vendidas. O comércio sagrado tem sido a nota triunfante em muito dos gabinetes pastorais. Os gabinetes pastorais que outrora eram lugares de aconselhamentos bíblicos agora se tornaram sala de executivos e vendedores do reino. Em épocas de eleições “quem dá mais” tornou-se a nota cantada por muitos pastores. Eles procuram apoiar aqueles que lhes dão uma proposta financeira melhor. Quem dá mais receberá o apoio total. O rebanho é vendido por estes líderes. A igreja se tornou uma plataforma onde esses líderes se exibem com seus carrões importados. A igreja brasileira se tornou apenas um trampolim para o sucesso político em épocas de eleições.
Escândalos e mais escândalos estão se acumulando entre estes líderes sanguessedentos por dinheiro. Eles não têm voz ativa na política porque foram comprados. Eles não têm influência porque já foram influenciados pela corrupção.
O ministério para eles é apenas um trampolim para galgar posições políticas. A sede pelo poder solapa nossa liderança. Como disse Lord Acton: “o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente”.
Isto e outras coisas têm impedido de experimentarmos um autêntico avivamento. Os líderes que deveriam chorar entre o alpendre e o altar arrependidos clamando por um avivamento estão envolvidos em jogos políticos.
Os púlpitos se tornaram plataformas políticas. Os pregadores e cantores buscam fama e reconhecimento. Deus está sendo relegado a um mero empresário de Seu Reino. Cantores e pregadores buscam fama e glória e, tornam Deus apenas um gênio da lâmpada mágica que satisfaça os seus três grandes desejo: “Fama, Sucesso e Riqueza”.
Eles pregam para entreter bodes e não para alimentar o rebanho de Deus, como dizia Charles Spurgeon. Eles cantam para dá show e não para glorificar a Deus, edificar o povo de Deus e evangelizar os povos. Muitos mestres têm se levantado para coçar os ouvidos de um povo que não tem prazer na exposição das Escrituras Sagradas. Quanto mais curto for o sermão melhor será. Quanto mais entretenimento e chamariz tiverem nos “cultos”, mais pessoas serão atraídas. Nosso Senhor não nos ordenou fazer concentrações para atrair o povo, mas ir e pregar o evangelho a toda a criatura (Mc 15.16).
Oração Interrogativa: Por que a igreja evangélica brasileira não pode experimentar o avivamento? O que a impede de ter em seu contexto diário a presença vivificadora da graça de Deus?
Oração Transitiva: Algumas coisas são dignas de notas. Passamos a elencar alguns itens que impedem a igreja evangélica brasileira de experimentar um genuíno avivamento.
(1) Há uma falta de interesse e até mesmo antagonismo para com a idéia de avivamento.
Os líderes das igrejas ou não falam sobre o avivamento ou são totalmente contra os avivamentos. Eles falam mais de prosperidade do que de avivamento. Eles buscam mais seus próprios interesses do que os interesses de Deus. Pois, no avivamento os interesses de Deus são elevados a prioridade máxima da igreja. Veja as prioridades de uma igreja avivada por Deus na Bíblia e na História da Igreja.
Infelizmente grandes teólogos não têm se empenhado em suas grandes obras de teologia para descreverem os avivamentos. O Dr. Lewis Sperry Chafer em sua grande obra sobre pneumatologia, não faz menção nenhuma de avivamentos. O grande teólogo Charles Hodge também não se interessava em avivamento.
Martyn Lloyd-Jones diz: “Um homem como Charles Hodge torna-se um teólogo e, daí, tende a não pensar como devia em termos da Igreja em sua situação local e concreta, e sim em termos de grandes e abstratos sistemas de verdade”[1].
Muitos líderes não se interessam por avivamento, (avivamento é uma obra de Deus no meio do Seu povo) porque estão interessados em seus próprios negócios. Estes líderes estão envolvidos tanto com seus negócios lucrativos que não desejam uma atuação poderosa de Deus. Eles sabem que se Deus intervir com uma poderosa visitação dos céus eles poderão perder seus empregos, pois se tornaram meros profissionais que visam o lucro e não a glória de Cristo. Todo verdadeiro avivamento centraliza Cristo e descentraliza os homens. Nos grandes avivamentos na Bíblia e na História da Igreja os profissionais são destronados e Deus entronizado, e Sua Palavra pregada, e Cristo anunciado com poder do Espírito Santo e homens e mulheres de Deus são usados para a glória de Deus, edificação da igreja e salvação dos perdidos.
Um avivamento é uma bomba lançada no playground de muitos líderes da igreja brasileira! Oh Deus, lança-a sobre nós!
(2) Há uma ênfase naquilo que o homem faz e organiza.
Hoje nós contemplamos uma dependência de métodos humanos. A filosofia que dita nosso ministério é a filosofia de marketing e não uma filosofia bíblica de ministério.
Os homens estão à procura de melhores métodos para alcançar os perdidos. Eles procuram toda sorte de meios para alcançar os fins. Eles afirmam que os fins justificam o uso de qualquer meio, contanto que os objetivos sejam alcançados.
A ênfase está sendo dada nas manipulações humanas e não na obra e poder do Espírito Santo. Nunca iremos experimentar um autêntico e genuíno avivamento se dependermos de manipulações psicológicas dos homens. Avivamento é uma obra sobrenatural de Deus Espírito Santo e não manipulação metódica do ser humano.
Não precisamos usar meios escusos para atrair a multidão. Quando o Espírito Santo desce com poder as pessoas são atraídas para glória de Deus (At 2). Quando a Palavra de Deus é exposta por homens cheios do Espírito Santo os pecadores são regenerados pelo Espírito de Deus. Cristo é exaltado e se torna o centro da pregação. Não apenas notas magras, mas um conteúdo maiúsculo sobre Cristo e Sua obra são expostos.
As pessoas preferem seguir os métodos pelagianos de Charles Finney que negava o pecado original e que só somos culpados e corruptos quando escolhemos pecar. Para ele a obra de Cristo não pagou nossa dívida, ela só poderia servir como um exemplo e uma influência moral para nos convencer a arrepender-nos. Ele admitia: “É verdade que a expiação, por si só, não assegura a salvação de ninguém”.[2] Muitas igrejas estão norteadas por esta teologia de Charles Finney do que pela teologia bíblica centrada em Cristo para a glória de Deus de Paulo, João, Policarpo, Atanásio, Agostinho, Martinho Lutero, João Calvino, John Huss, John Knox, Jonathan Edward, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones e grandes outros instrumentos dos poderosos avivamentos. Aquele enfatiza as emoções e ações dos homens, estes enfatizaram o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo Jesus para a glória e centralidade de Deus na Igreja.
(3) A igreja evangélica brasileira não experimentará um verdadeiro avivamento da parte de Deus se continuar a barganhar com o evangelho.
O evangelho não é um produto que podemos negociar. O evangelho não é uma mercadoria de consumo e nem mesmo um meio de ganhar dinheiro.
Paulo o grande pregador do evangelho disse consistentemente em 2a Coríntios 2.17: “Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a Palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus”.
John MacArthur escreveu: “A palavra mercadejando é oriunda do verbo grego que significa “corromper”, essa palavra passou a se referir aos vendedores ambulantes corruptos, ou aos homens trapaceiros que por sua inteligência e capacidade de enganar conseguem vender como genuíno um produto inferior que é apenas uma imitação barata. Os falsos mestres na igreja estavam chegando com uma retórica inteligente e enganosa para oferecer uma mensagem degradada e adulterada que misturava o paganismo com a tradição judaica. Eles eram homens desonestos que buscavam lucro pessoal e prestígio à custa da verdade do evangelho e da alma das pessoas”[3].
Não podemos corromper ou manipular o evangelho! O verdadeiro avivamento inundará nossas igrejas e nossa nação quando pregarmos e vivermos o santo evangelho de Deus. O evangelho é a mensagem de arrependimento para o homem pecador. O evangelho é a mensagem de Deus para o homem. O evangelho é o poder de Deus para todo aquele que Nele crê. O evangelho é o próprio Deus! O evangelho é Deus Se doando para nós em Cristo Jesus (Jo 3.16). A mensagem do evangelho não é um conto sobre as obras heróicas dos homens, mas a demonstração do caráter de Deus em Cristo (Rm 5.8). O evangelho não é o homem se reconciliando com Deus, mas é Deus por meio de Cristo reconciliando o mundo consigo (2Co 5.17-21). A mensagem do evangelho não é sobre os homens, mas é sobre Deus. Não são as boas novas daquilo que o homem fez para alcançar o favor de Deus, mas são as boas notícias daquilo que Deus fez por meio de Cristo para nos salvar.
A mensagem do evangelho é escândalo para uns e loucura para outros, mas para todos que são salvos é o poder de Deus (1Co 1.18). E sendo o poder de Deus não devemos nos envergonhar deste evangelho (Rm 1.16).
O evangelho não trata da pobreza dos homens, mas das insondáveis riquezas de Cristo (Ef 3.8). O evangelho não trata das justiças dos homens, mas revela a justiça de Deus em Cristo Jesus (Rm 1.17). E este evangelho não é apropriado pelas obras, mas pela fé somente (Rm 3.21,22; 5.1). A salvação anunciada no evangelho não é pelo trabalho do homem (Rm 4.5), mas pela obra de Cristo somente (Rm 5.1,10).
O evangelho não é sobre mim, mas sim sobre Cristo. O evangelho não é o que eu faço ou algo para fazer. O evangelho é o que Deus fez para que eu creia. O evangelho não está no imperativo, mas no indicativo. O evangelho aponta a obra de Deus e não uma obra que eu devo fazer para Deus.
Quando a igreja brasileira compreender o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo ela experimentará um verdadeiro avivamento. A História bíblica e eclesiástica nos mostra que quando a igreja redescobriu as verdades de Deus ela testemunhou uma reforma e avivamento.
Voltemos ao evangelho!