Discípulos de Cristo Jesus

Vivendo Para a Glória de Deus!

A vida cristã deve ser vivida para a glória de Deus somente. Em tudo o que nos empenhamos e fazemos devemos procurar a glória de Deus. Paulo chegou a dizer que até mesmo as coisas mais curriqueiras da vida como o beber e o comer devem ser feitos para a glória de Deus (1Co 10.31).

Nenhum de nós viveremos na plenitude se não vivermos voltados para a glória de Deus. Pois, a plenitude da vida está em viver para a glória de Deus. A glória de Deus produzirá a verdadeira vida plena de satisfação em Deus.

O pastor e escritor John Piper foi feliz quando afirmou que Deus é mais glorificado em nós quanto mais nos alegramos Nele. A glória de Deus e nossa alegria são faces de uma mesma moeda. Quando procuramos verdadeira satisfação vislumbramos e refletiremos a glória de Deus. Pois, a verdadeira alegria resulta na contemplação apaixonada do único ser no universo que tem toda a glória e beleza. A contemplação da beleza de Deus nos deixa encantados e sobressaltados ante inenarrável resplendor.

O Breve Catecismo de Westminster indaga: Qual o fim principal de todo o homem? Ele mesmo responde: O fim principal de todo homem é glorificar a Deus e se alegrar Nele para sempre.

A nossa alegria e a glória de Deus é o propósito de Deus para nossas vidas e o alvo da vida cristã. Toda a plenitude da vida cristã se resume na contemplação do Ser eterno de Deus na Pessoa maravilhosa de Cristo Jesus pela obra persuadora e renovadora do Espírito Santo.

Soli Deo Gloria!

sábado, maio 27, 2006

Estudo no Capítulo Doze no Livro de Atos

Possíveis Temas do Livro de Atos dos Apóstolos:

BEP = A propagação triunfal do Evangelho pelo poder do Espírito Santo.

BEG = O Senhor irá difundir a Sua obra “em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (At 1.8).

BEP – T.H. = O crescimento da Igreja.

BVN = At 1.8, como propósito e tema.

BRAS = Missões no primeiro século.

BLH = Continuação da história de Jesus e da Boa-Notícia do Evangelho.

BA = A expansão do cristianismo.

BEx = A ascensão e a promessa da volta do Senhor Jesus, a descida do Espírito Santo no Pentecoste, o uso das “chaves” por Pedro, abrindo o Reino aos judeus no Pentecoste, e aos gentios na casa de Cornélio. O começo da Igreja Cristã, e a conversão e ministério de Paulo.

BEAP = A expansão do Evangelho e o crescimento da Igreja cristã.



Capítulo Doze de Atos:

Qual é a função deste capítulo na narrativa total, e qual a luz que lança sobre o quadro que Lucas nos dá da Igreja?
Pode, simplesmente, ter sido contada por fazer parte das tradições acerca de Pedro que Lucas herdara (At 9.32-43).
Pode, porém, servir historicamente para contar como Pedro foi forçado a deixar Jerusalém e passar a liderança para Tiago (embora devamos notar que Pedro ainda está ativo na liderança da Igreja em Jerusalém – Gl 2.9; At cap. 15).
Outra função da história talvez seja indicar como a carreira de Pedro seguia linhas semelhantes àquelas do Senhor Jesus e de Paulo: o tema da prisão e da morte (real ou ameaçada) é comum nestas três vidas.
Do ponto de vista de Lucas, parece que a ênfase recai sobre o progresso triunfante do Evangelho (12.24) que não é impedido pela morte de um dos apóstolos nem pela prisão doutro deles.
E por último, pode ser dito que enquanto a Igreja orar, a causa de Deus avançará, e Seus inimigos ficarão em nada, ainda que este fato não isente a Igreja do sofrimento e do martírio; a crença de Lucas na vitória da Igreja é totalmente realística e reconhece que, embora a Palavra de Deus não esteja manietada, é bem possível que Seus servos tenham que sofrer e ser aprisionados (cf. 2Tm 2.9).


Perseguição:
v.01: Depois da ressurreição do Senhor Jesus esta é a segunda perseguição, registrada, da Igreja em Jerusalém.
A primeira perseguição foi instigada pelos judeus religiosos (At 8.1). Esta perseguição baseava-se na religião. Temos Estevão como o mártir desta primeira perseguição (At 7.54-60). E, essa perseguição, terminou com a conversão de Saulo (At cap. 09).
A segunda perseguição foi instigada pelo próprio rei Herodes, Agripa I (At 12.1). Sem dúvida, esta perseguição não teve outra finalidade, senão política, e visava agradar aos judeus, os quais Agripa I queria ter como partidários de sua causa política. Agora, temos Tiago como mártir nesta perseguição (At 12.2). Mas, também, esta perseguição findou com a morte de Agripa I e a expansão da Boa Nova de que se espalhava rapidamente e havia muitos novos crentes.

Nota: Em ambas as perseguições observa-se um crescimento prevalecente da Palavra de Deus (At 8.4; 12.24). Implica em afirmarmos, que mesmo que os religiosos e os políticos levantem-se contra a Igreja, é a Palavra de Deus que prevalece. O sangue dos mártires é o adubo para a sementeira do Evangelho, já dizia Tertuliano. Temos exemplos de homens que foram fiéis a Deus em meio às perseguições (Policarpo; John Huss). Paulo disse: Eu estou preso, mas a Palavra de Deus não está”. Podem matar os cristãos, mas a Palavra de Deus continuará vivificando e prosperando (Jo 6.63; Is 55.10-11).

Onde estava Deus, quando o Seu servo foi passado pelo fio da espada? Ainda podemos indagar:
Þ Onde estava Deus, quando as lagrimas dos filhos de Coré lhes serviam de mantimento de dia e de noite, quando lhes diziam constantemente: Onde está o teu Deus? (Sl 42.3).
Þ Talvez Penina dissesse: Onde está o teu Deus, Ana? (1Sm cap.01).
Þ E, onde estava o Senhor Jesus quando o barco era açoitado pelas ondas; quando o vento era contrário; quando os discípulos fatigavam a remar? (Mt 14.24; Mc 6.48).
Þ Onde estava o Senhor Jesus, quando o seu amigo Lázaro morreu? Porque Ele não veio logo ajudá-lo (Jo cap.11).

E Tiago? Por que Deus não livrou Seu servo, protegendo-o?
E, quem sabe que Deus o protegeu de algo pior do que a morte! Para Tiago, isto foi uma promoção: Deus o elevou a um cargo mais alto.
Há uma tradição que conta que o apóstolo, no caminho para o lugar da execução, conversou com seu verdugo acerca do Evangelho com tanto poder que o converteu e, quando chegaram ao lugar, um outro teve que tomar-lhe a espada para executar a sentença de morte.

Cremos que a morte de Tiago foi para a glória de Deus. Todas as coisas, Deus as toma, segundo o Seu beneplácito, para louvor de Sua glória (Jo cap.09: Cego de nascença; cap.11, morte de Lázaro; as prisões de Paulo resultaram em suas epístolas).
O objetivo de Herodes Agripa I, era político. Satanás tinha como objetivo a derrocada da fé de Jó. Mas o nosso Deus tomou esses males para louvor de Sua glória.

Mas, por que Deus permite tais perseguições?
Em At 14.22, que é uma lei espiritual, que temos de passar por muitas tribulações para que entremos no Reino de Deus.
É verdade que a perseguição (a) purifica as igrejas; (b) os hipócritas, que se têm feito membros para fins comerciais, sociais, etc., não a resistem, e também (c) é causa para que muitos fracos na fé se façam fortes, às vezes até à morte. Como também serve (d) para manifestar os verdadeiros pastores (Jo 10.11-15).


Personagens do Capítulo Doze:

I. Herodes – v.01.
Nome de vários governadores da Palestina e regiões vizinhas, ou partes delas. Há três Herodes mencionados no Novo Testamento e mais um com o nome de Agripa, e outro com o nome de Filipe.

1. Herodes, o Grande:
Filho de Antipas (Antipater) Idumeu (47 a.C.,). Subiu ao trono e o conservou por meio de crimes brutais; teve 10 mulheres. Matou sua esposa Mariana, e seus filhos Alexandre e Aristóbulo. Mandou matar os meninos de Belém. Morreu com 64 anos (Mt 2.1-3,7,9,12-19; Lc 1.5). Comido de vermes, morreu, como seu neto (Herodes Agripa I – At 12.23). Reconstruí ou reformou, melhor dizendo, o templo de Jerusalém.

2. Herodes, Filipe I ou Herodes Antipas (Mt 14.3; Mc 6.17):
Filho de Herodes, o Grande, e de sua mulher Maltace, a samaritana. Tinha sangue idumeu e algumas gotas de sangue judaico. Mandou manietar João o Batista e depois degolá-lo. Casou-se com uma filha de Aretas, rei dos árabes nabateanos, cuja capital era Petra. Depois estando em Roma com seu irmão Filipe, apaixonou-se doidamente pela mulher deste seu irmão, divorciou-se da filha de Aretas, sua legítima esposa, e casou-se com Herodias. Esta imoralíssima transação produziu seus resultados naturais. Herodias era dotada de um espírito másculo e Herodes era fraco. Ela veio a ser o seu gênio mau; fez dele instrumento do mesmo modo que Jezabel havia feito de Acabe. Aretas, ressentindo pela ofensa contra sua filha, declarou guerra a Herodes que levou a termo com bons resultados.
Herodias causou o assassinato de João o Batista (Mt 14.1-13).
Por causa de sua malícia nosso Senhor chamou-o de raposa (Lc 13.31,32). Este Herodes tinha seus imitadores porque o Evangelho se refere ao fermento de Herodes (Mc 8.15).
Quando a fama de Jesus se estendeu por toda a parte, a consciência atribulada de Herodes fê-lo recear que João o Batista houvesse ressuscitado dentre os mortos (Mt 14.1,2).
Estava em Jerusalém por ocasião da morte do Senhor Jesus. Pilatos enviou o Divino Mestre à presença de Herodes; este julgou oportuno observar a prática de um milagre que não lhe foi concedido, pelo que ele e seus homens O desprezaram. Neste dias ficaram amigos Herodes e Pilatos, porque estavam antes inimigos um do outro (Lc 23.7-12,15; At 4.27).
A elevação de Agripa, irmão de Herodias ao trono, enquanto que seu marido continuava como tetrarca despertou a inveja desta mulher orgulhosa, que induziu a Herodes para ir a Roma em sua companhia, pedir uma coroa para si. Porém Agripa enviou nas suas costas, cartas a Roma ao Imperador Calígula, acusando Herodes de estar em liga secreta com os partas, pelo que foi banido para Lião na Gália, A. D., 39, onde morreu.

3. Herodes, Filepe II (Boetho):

Tetrarca (governante da quarta parte de um território) de Uturéia e da província de Traconites (4 d.C. – 3 d.C.). Cf. Lc 3.1.

4. Herodes, Agripa I:
Rei da Judéia (At 12.1) (41-44 d.C). Casou-se com Ciprus. Matou Tiago, irmão de José. Morreu comido de vermes (At 12.23).
Josefo denomina-o simplesmente Agripa. Ambos os nomes se combinam, passando a ser conhecido por Herodes Agripa I, para distingui-lo de Herodes Agripa II, perante o qual o apóstolo S. Paulo compareceu.
Herodes, Agripa I era filho de Aristóbulo, filho de Herodes, o Grande e de Mariana, neta de João Hircano. Foi educado em Roma juntamente com Drusus, filho do imperador Tibério e Cláudio. A morte de Drusus e a falta de recursos levaram-no a interromper os estudos e a voltar para a Judéia.
No ano 37, fez outra viagem a Roma, levando novas acusações contra Herodes tetrarca. Não regressou a Judéia quando concluiu os seus negócios, mas permaneceu em Roma, cultivando relações que lhe poderiam servir futuramente. Entre outras conseguiu a amizade de Caio, filho de Germânico que, logo depois veio a ser o imperador Calígula.
Por causa de expressões veementes em favor de Caio, Tibério mandou prendê-lo, metendo-o a ferros. Seis meses depois, Caio era imperador, e nomeou-o rei da tetrarquia, governada por seu falecido tio, Filipe, e também da tetrarquia de Lisânias, o imperador baniu Herodes tetrarca e ajuntou a sua tetrarquia ao reino de Agripa. Agripa ausentou-se do reino por algum tempo e foi residir em Roma. Durante a sua estada em Roma, conseguiu que o imperador desistisse do plano de erigir a sua estátua no templo de Jerusalém. Depois do assassinato de Calígula em seu lugar, Agripa ainda estava em Roma e agiu como intermediário entre o Senado e o novo imperador, para que aceitasse o cargo, visto relutar em aceitá-lo.
Em recompensa, deram-lhe a Judéia e Samaria para aumento de seus domínios que agora eram iguais aos de Herodes, o Grande. Começou então a construir um muro na parte norte da cidade com o fim de recolher um dos subúrbios o que lhe foi proibido continuar. Mandou matar a espada o apóstolo Tiago, irmão de João (At 12.1,2), e meter na prisão o apóstolo Pedro (At 12.3-19). Em Cesaréia em dia assinalado, vestido em trajes reais, assentou-se no seu tribunal e fazia um discurso ao povo que o aclamava, tributando-lhe honras divinas. Subitamente porém o anjo do Senhor o feriu e comido de bichos, expirou (At 12.20-23), com 54 anos de idade, deixando quatro filhos, três dos quais são mencionados na Escritura. Agripa, Berenice e Drusila.

5. Herodes, Agripa II:
Era filho de Herodes Agripa I, e, como tal bisneto de Herodes, o Grande, e irmão das famosas Berenice e Drusila. Por ocasião da morte de seu pai, no ano 44, tinha ele 17 anos de idade, e residia em Roma, onde foi educado na residência imperial. O Imperador Cláudio foi induzido a não nomeá-lo para o trono de seu pai em vista da sua pouca idade, ficando a Judéia aos cuidados de um procurador. Agripa II continuou em Roma.
Sucessivamente secundou os esforços dos embaixadores da Judéia para obter a permissão de conservar as vestimentas oficiais do sumo sacerdote, sob a sua direção. Quando seu tio Herodes, rei de Calcis, morreu, pelo ano 48 d.C., Cláudio lhe deu o pequeno reino do Antilíbano, de modo que veio a ser o rei Agripa II. Esposou a causa dos comissários que tinham ido a Roma para se oporem ao procurador Cumanus e aos samaritanos, conseguindo que o imperador lhes desse audiência.
No ano 52 d.C., Cláudio o transferiu do reino de Calcis para um domínio mais vasto, formado pela tetrarquia composta de Batanéia, Traconitis e Gaulonites, a tetrarquia de Lisânias e a província de Abilene. A constante convivência com sua irmã Berenice, deu ocasião a escândalo.
No ano 54 ou 55 d.C., Nero aumentou os seus domínios com as cidades de Tiberíades e Tariquéia na Galiléia e Júlias na Peréia. Quando Festo substituiu a Félix na procuradoria da Judéia, Agripa II foi a Cesaréia para saudá-lo, acompanhado de Berenice. Nesta ocasião o apóstolo Paulo estava na prisão. Festo levou o caso ao conhecimento de Agripa II e na manhã seguinte o apóstolo compareceu diante do procurador, do rei e de Berenice, para defender-se no que foi bem sucedido (At 25.13 até 26.32).
Logo depois Agripa aumentou as dependências do palácio dos asmoneus em Jerusalém, alargou e enriqueceu de belezas Cesaréia de Filipos e estabeleceu exibições teatrais em Beritus. Quando começaram as perturbações que ocasionaram a guerra contra a Judéia, tentou persuadir os judeus a não resistirem ao governador Fadus, e ao governo romano. Quando rebentou a guerra bandeou-se para o lado de Vespasiano, sendo ferido no sitio de Gamala. Depois da tomada de Jerusalém, transferiu-se com Berenice para Roma, onde foi investido na dignidade de pretor. Morreu no ano 100.


II. Tiago – v.02.
TIAGO = Forma da palavra Jacó.

1. Tiago, filho de Zebedeu (Mt 4.21; 10.2; Mc 1.19; 3.17):
Era também irmão do apóstolo João (Mt 17.1; 5.37; At 12.2), um dos primeiros discípulos (Mt 4.21; Mc 1.19,29; comp. Jo 1.40,41), e um dos apóstolos mais íntimos de nosso Senhor Jesus, (Mt 17.1; Mc 5.37; 9.2; 13.3; 14.33; Lc 8.51; 9.28).
Nada sabemos do seu nascimento, da sua família, nem dos antecedentes de sua vida. Ocupava-se no serviço de pescador no mar de Galiléia de sociedade com Pedro e André (Lc 5.10), o que aparece indicar que residiam por ali perto. A pescaria no mar de Galiléia era franca para os israelitas.
Havia uma distinção social entre os filhos de Zebedeu e os filhos de Jonas, o que dá a entender que Zebedeu tinha a seu serviço jornaleiros (Mc 1.20). Sabe-se que o apóstolo João era conhecido do sumo sacerdote (Jo 18.16), e que talvez tivesse casa em Jerusalém (Jo 19.27).
O nome de seu pai aparece só uma vez nas páginas dos evangelhos (Mt 4.21; Mc 1.19), por onde se vê que nenhum embaraço fez a seus filhos para seguirem a Jesus. Comparando Mt 27.56 com Mc 15.40; 16.1, e com Jo 19.25, tira-se a razoável conclusão de que sua mãe se chamava Salomé e era irmã da mãe de Jesus. Assim sendo, Tiago era primo de Jesus, pertencendo igualmente à linhagem de Davi.
O seu nome encontra-se somente nos evangelhos sinópticos. No Evangelho segundo S. João há duas alusões a ele, nos caps. 1.40,41 e 21.2. Sempre que se fala de seu nome, é em paralelo com o de João e em precedência a este (Mt 4.21; 10.2; 17.1; Mc 1.19,29; 3.17; 5.37; 9.54). Quando se fala de João, é como irmão de Tiago (Mt 4.21; 10.2; 17.1; Mc 1.19; 3.17; 5.37). Conclui-se que ele era irmão mais velho. Ocasionalmente nota-se a inversão destes nomes em Lc 18.51 e 9.28, e em At 1.13; 12.2, graças à grande consideração que gozava o discípulo amado no círculo apostólico. Ao nome de João, recebeu de Cristo o sobrenome de Boanerges, ou filho do trovão (Mc 3.17).
Em companhia dos outros discípulos, foi repreendido por Jesus, por se manifestar tão irado contra a cidade dos samaritanos que negou hospedagem ao Mestre (Lc 9.55). Foi igualmente merecedor da indignação de seus companheiros, quando pediu um lugar de honra ao lado de Jesus (Mc 10.41). Depois da crucifixão, encontramo-lo com os outros discípulos em Galiléia (Jo 21.2), e em Jerusalém (At 1.13), terminando a referência a seu nome, com a sua morte à espada por ordem de Herodes Agripa I, no ano 44 A. D., (At 12.2). Foi o primeiro do círculo apostólico a selar com sangue o testemunho de Cristo.

2. Tiago, filho de Alfeu:
Era, também, um dos apóstolos de nosso Senhor (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 6.15; At 1.13). Nada mais se diz a seu respeito. É natural supor que o Tiago mencionado em Mt 27.56; Mc 15.40; 16.1; Lc 24.10, seja este mesmo Tiago, e neste caso, tem ele o sobrenome de "Menor", talvez por ser de pequena estatura (Mc 15.40).
Sua mãe chamava-se Maria e foi uma das mulheres que acompanharam a Cristo. Sabe-se também que era irmão do José. Levi ou Mateus, que segundo Mc 2.14, era filho de Alfeu, pode bem ser mais um de seus irmãos, e também Judas o apóstolo, entra na irmandade de Tiago, segundo a tradução de Figueiredo (e que a V. B. dá como sendo filho dele), segundo Lc 6.16 e At 1.13. É possível ainda identificar a Maria, mulher de Clopas, mencionada em Jo 19.25, com a Maria, mãe de Tiago, e, portanto, irmã de Maria, mãe de Jesus. De acordo com esta combinação, Tiago, filho de Alfeu, deve ser primo irmão de Jesus. Pode-se ainda tirar outra conclusão, por causa da semelhança de nomes dos irmãos do Senhor com os dos filhos de Alfeu, que este primo irmão de Jesus é um dos irmãos do Senhor. Todos estes raciocínios não são muito seguros e não encontram base firmes nos fatos Bíblicos.

3. Tiago, irmão do Senhor (Mt 13.55; Mc 6.3; Gl 1.19):
Figura saliente na igreja de Jerusalém nos tempos apostólicos (At 12.17; 15.13; 21.18; Gl 1.19; 2.9,12). Este Tiago é mencionado nominalmente duas vezes nos evangelhos (Mt 13.55; Mc 6.3), mas os traços gerais de sua vida, só os poderemos encontrar nas relações com as notícias sobre "os irmãos do Senhor" que constituem classe distinta, tanto em vida do Senhor, quando ainda não criam nele (Jo 7.5), como depois da Sua ressurreição, quando se encontram no meio dos discípulos em Jerusalém (At 1.14). As exatas relações destes "irmãos" com o Senhor Jesus, tem dado lugar a muita discussão. Alguns os identificam com os filhos de Alfeu, Seus primos irmãos. Pensam outros que estes irmãos do Senhor vêm a ser filhos de José, por um primeiro casamento. Como eles aparecem sempre em companhia de Maria, morando com ela e acompanhando-a em viagens e mantendo relações tão íntimas, não é para se duvidar que eles sejam realmente seus filhos e verdadeiros irmãos de Jesus (Mt 12.46,47; Lc 8.19; Jo 2.12). Como o nome de Tiago é o primeiro que aparece na enumeração dos irmãos de Jesus, é de supor que fosse ele o mais velho (Mt 13.55; Mc 6.3). É provável que ele tenha participado da descrença de seus irmãos (Jo 7.5), e sem dúvida também dos cuidados pela segurança de Sua vida (Mc 3.31). Quando e de que modo se operou a sua mudança em servo de Cristo, não sabemos (At 1.14; Tg 11). Quem sabe se ele se converteu em virtude de uma revelação especial como foi a do apóstolo S. Paulo (1 Co 15.7). Desde o início da igreja de Jerusalém que o nome de Tiago aparece à sua frente (At 12.17; 15.13; 21.18; Gl 1.19; 2:9,12).
Quando, pelo ano 40 d.C., S. Paulo visitou Jerusalém, depois de convertido, declara haver estado com Tiago; sinal evidente de que ele estava à testa da Igreja (Gl 1.19). Há uma referência em At 12.17 e outra em 21.18, pelas quais se vê que este discípulo continuava em destaque nos anos 44 e 58 d.C., respectivamente. A leitura do v.6 do cap.15 dá-nos a entender em que consistia a sua preeminência. Não sendo apóstolo, é lícito pensar que ele era o presidente da corporação presbiterial da igreja de Jerusalém e pastor dela. O seu nome aparece nesta qualidade, como se depreende das seguintes passagens: Gl 2.12; At 12.17; 15.13; 21.18. Os visitantes que iam a Jerusalém dirigiam-se em primeiro lugar a ele (At 12.17; 21.18; Gl 1.19; 2.9). A sua posição na igreja serviu muito para facilitar a passagem dos judeus para o Cristianismo. Os fundamentos de sua fé aliavam-se perfeitamente com as idéias de S. Paulo como se evidencia pela leitura de Gl 2.9; At 15.13; 21.20. Em ambas as passagens citadas, ele fala também em favor da consciência cristã dos judeus convertidos. Como S. Paulo, fazia-se tudo para todos, era judeu com os judeus para ganhar os judeus. O emprego de seu nome pelos judaizantes, Gl 2.12. Lit. Clementina, e a admiração que havia por ele entre os judeus, a ponto de o apelidarem de "justo", tem explicado neste traço de seu caráter (Euzébio, H. E. 2.23). A última vez que o Novo Testamento se refere a ele, é em At 21.18, onde se diz que o apóstolo Paulo havia ido à sua casa em Jerusalém, A. D. 58. A história profana, contudo, informa que ele sofreu o martírio por ocasião do motim dos judeus no interregno entre a morte de Festo e a nomeação de seu sucessor. (A. D. 62, Antig. 20: 9, 1; Euzébio. H. E. 2: 23).

4. Tiago, pai ou irmão do apóstolo S. Judas, Lc 6: 16; At 1: 13. Nada mais consta a seu respeito.

Nota: Lucas não faz especulações sobre a razão

III. Pedro – v.03.
Pedro o apóstolo é preso por Agripa I.

v.04: Pedro fora lançado na prisão interior ou no andar inferior e teria, portanto, de ser levado para cima.
Pedro fora colocado sob uma guarda de quatro soldados para cada vigia de três horas:
Primeira vigília
18:00h às 21:00h
Primeira escolta de soldados
Segunda vigília
21:00h às 00:00h
Segunda escolta de soldados
Terceira vigília
00:00h às 03:00h
Terceira escolta de soldados
Quarta vigília
03:00h às 06:00h
Quarta escolta de soldados
Dezesseis soldados guardavam o apóstolo Pedro.

Deus deixou Pedro no cárcere, suportando, por conseguinte, desconforto e sofrimento até a última noite da festa, possivelmente poucas horas antes que Herodes viesse buscá-lo.
Muitas vezes Deus espera até ao último dia para operar em nosso favor (Jo 7.37-39; Dn cap.03, Ananias, Misael e Azarias; cap.6, Daniel; At caps.27-28, Paulo).
O Deus que escreveu o início da história, escreverá o fim. O Deus que fez o primeiro dia, fará o segundo dia.

v.05: Este versículo em algumas versões:
Pedro, pois, era guardado na prisão; mas a Igreja fazia contínua oração por ele a Deus (ARCF).
Assim Pedro estava preso e era vigiado pelos guardas, mas a Igreja continuava a orar com fervor por ele (BLH). Veja-se Rm 12.11,12.
Porém durante todo o tempo em que ele estava na prisão, a Igreja fazia a Deus uma fervorosa oração pela segurança dele (BV).
Mas, enquanto Pedro estava sendo mantido na prisão, fazia-se incessantemente oração a Deus, por parte da Igreja, em favor dele (BJ).
E Pedro estava guardado na prisão a bom recado. Entretanto, pela Igreja se fazia, sem cessar, oração a Deus por ele (Bíblia Versão Autorizada – Pe. Antonio Pereira de Figueiredo)
Pedro, pois, estava guardado na prisão; mas a Igreja orava com insistência a Deus por ele (Bíblia Versão Revisada – De Acordo com os Melhores Textos Hebraicos e Gregos).
Pedro, então, ficou detido na prisão, mas a Igreja orava intensamente a Deus por ele (NVI).
Pedro, pois, estava preso no cárcere; mas a Igreja orava constantemente a Deus a favor dele (N.T. – RVR, 1997).

A lição essencial da história é apresentada neste versículo.
A oração que se proferia era fervorosa, como aquela que o Senhor Jesus orava no Getsêmane (Lc 22.14), e expressava a preocupação da Igreja para com Pedro, mais do que uma idéia de que, para Deus responder à oração, precisa ser pressionado e persuadido por proezas espetaculares de devoção.

Oração é:
(a) Uma dependência de Deus (Mt 7.7: Pedi...);
(b) Uma busca por conhecer mais a Deus (Mt 7.7: Buscai...; 2Cr 7.14ss; Is 55.6; Jr 29.13);
(c) Uma ação de perseverança/insistência para com Deus (Mt 7.7: Batei...; Lc 18.1ss; At 1.14; 2.42; 6.4; 12.5; 16.13).
(d) Uma confiança na Soberana Providência de Deus.

Há registrado no Livro de Atos 30 referências diretas sobre a oração.

Orações respondidas (vv.12,17):
Notemos com respeito a esta reunião de oração:
(a) A localidade – a casa da mãe de Marcos, provavelmente uma viúva abastada;
(b) O acordo – muitas pessoas oravam juntas (Mt 18.18-20);
(c) A persistência e a fé – tinha, orado assim, provavelmente, por Tiago, mas sem resultado; agora tornam a orar. Possivelmente, a morte de Tiago contribui para uma dedicação maior da Igreja a oração;
(d) Resposta e “incredulidade” – não esperavam ser atendidos tão prontamente;
(e) Testemunho – da graça salvadora de Deus por parte de Pedro.



Quatro Mistérios do Capítulo Doze:

01. O Mistério da Perseguição.
Sugere os seguintes pensamentos:
(a) Os iníquos tendem a odiar os bons.
(b) O abuso do poder é uma tendência natural do homem sem Deus;
(c) A perseguição comprova o ensino bíblico, de que os que vivem piamente a sofrerão (2Tm 3.12).

02. O Mistério da Providência Divina.
Mistério quer dizer segredo revelado. E é um segredo ignorado pelo mundo, mas revelado para os cristãos, que Deus cuida dos Seus.
Vemos que a Providência de Deus:
(a) Cuida dos humildes, fazendo caso de um pescador na cadeia.
(b) Não encontra impedimento nos propósitos iníquos dos malvados (vv.4,6).
(c) Age, apesar de todas as circunstâncias contrárias – dezesseis soldados, duas cadeias, portas de ferro, etc.

03. O Mistério da Oração.
A oração é o meio para conhecermos a Deus pela experiência:
(a) Ensina-nos a dependência o Amor e Poder Divinos.
(b) Ensina-nos a importância da persistência, da unanimidade, do propósito, e da fé em nossas orações.
No presente caso, notamos: os crentes que oravam não com uma resposta tão imediata e tão completa. Talvez pensassem que Pedro, semelhante a Tiago, pereceria.

04. O Mistério do Ministério angélico.
Esse ministério é raramente evidente. É pouco referido na Escritura (Mt 18.10). É uma prova de que Deus pode socorrer-nos indiretamente.
Um meio que o Senhor comumente emprega para valer-nos é o auxílio prestado por outro crente. Uma intervenção angélica visível é extraordinária, mas os anjos ministram a nosso favor (Hb 1.14).



Soli Deo Gloria!

Administração Eclesiástica


ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA SOB O PONTO DE VISTA BÍBLICO

As Qualidades de um Líder

1. Intercessor (v.19).
2. Pregador (v.20).
3. Ensinador (v.20).
4. Descobridor de talentos (v.21).
5. Distribuidor de funções (v.21)

Vejamos Ex 18.13-27.

01. V.13,14 = Observação e inspeção pessoal. Interrogatória – investigação perspicaz.
02. V.15,16 = Resolução de conflitos. Correção pelos estatutos (decretos) e leis (vontade revelada de Deus).
03. V.17 = Julgamento de Jetro sobre a administração de Moisés. Administração centralizada. Liderar não é está só (cf. vv.14,18).
04. V.18 = Avaliação do efeito sobre o líder e sobre o povo.
05. V.19 = Instrução técnica. Aconselhamento. Representação. Determinação de procedimentos.
06. V.20 = Ensino. Trabalho de demonstração. Delegação da especificação. Seleção. Estabelecimento. Qualificações. Atribuição de responsabilidades.
07. V.21 = Cadeia de comando:
DEUS
CHEFES DE MIL
CHEFES DE CEM
CHEFES DE CINQÜENTA
CHEFES DE DEZ
MOISÉS


08. V.22 = Extensão do controle. Julgamento. Avaliação. Limites para tomar decisão. Administração por exceção.
09. V.23 = Explicação dos benefícios
10. V.24 = Ouvindo. Pondo em prática.
11. V.25 = Escolha, seleção. Atribuição de responsabilidades. Extensão do controle.
12. v.26,27 = Julgamento. Avaliação. Administração por exceção.


O QUE É ADMINISTRAR?
Administrar não é fazer “mil coisas”. É distribuir as responsabilidades e não “executar todas as tarefas”. É fazer com que todos participem do trabalho.
O bom administrador leva as pessoas a realizar suas tarefas cada vez melhor e a se realizarem no trabalho.
Muitos pretendem tratar pessoalmente dos detalhes mínimos da organização da Igreja, e, diante do total insucesso, passam a expressar sua frustração dizendo: “Esta não é a minha missão, meu trabalho é ganhar almas. Abandonarei tudo e me dedicarei inteiramente às coisas espirituais”.
O Senhor Jesus sempre procurou obter a ajuda de outras pessoas (Jo 2.7; Lc 11.39; Jo 6.12).
A realidade do trabalho do administrador é ajudar as pessoas a crescer, ajudá-las a fazer o trabalho, em vez de executá-lo ele mesmo.

Administrar é, a um só tempo:
01. Prever – Predeterminar um curso de ação.
02. Organizar – Criar, preparar e dispor convenientemente as partes de um organismo.
03. Comandar – É determinar as providências, afim de que toda a organização funcione de acordo com as normas vigentes
04. Coordenar – É manter e supervisionar o funcionamento
05. Controlar – Avaliar e regular o trabalho em andamento e acabado.


TREINAMENTO DE LÍDERES


Há três famosos impedimentos para a divulgação do Evangelho, que obstruem a evangelização daqueles que nunca ouviram as boas novas sobre o que Jesus fez para salvar e abençoar a todas as nações. São eles:
CLERICALISMO
DEFICIÊNCIAS DA DOUTRINA
CONSTRUÇÃO DA CATEDRAL

Cerca de três milhões de israelitas seguiram a Moisés para o deserto. As deficiências do estilo austero de liderança de Moisés, demonstram CLERICALISMO (Ex 18.13-22).

O clericalismo está tentando fazer a obra para a qual Deus chamou você para realizar por você próprio, sem o conselho ou ajuda de outra pessoa. O clericalismo está colocando você próprio, SOBRE os outros, em vez de vê-lo como servo de outros.
Leia Mt 20.27; 23.11. Aqueles que permanecerem na armadilha do Clericalismo falharão no cumprimento do verdadeiro propósito de um líder Igreja.
O clericalismo só pode ser resolvido pelo uso dos princípios do ministério utilizado pelo senhor Jesus e pelo apóstolo Paulo, no Novo Testamento.
A solução para o clericalismo é constituir uma equipe. Aplique o seu tempo e recursos nesta equipe e deixe que ela o ajude com a obra para a qual Deus o chamou.
Você será bem sucedido na formação da equipe, se seguir os princípios dados a Moisés pelo seu sogro Jetro, e por Deus. Sem eles Moisés teria fracassado. Sem eles, você fracassará como um líder de Igreja.
Examinemos, a seguir, os cinco princípios dados a Moisés. Neles, encontraremos a nossa solução para o problema do Clericalismo.

CINCO PRINCÍPIOS DADOS A MOISÉS
01. Treinem Outros Para Ajudar
Em Nm 11.14,15, Moisés estava pedindo a Deus que o matasse, por causa dos problemas resultantes do clericalismo. O clericalismo estava matando Moisés.
E matará qualquer líder que não se precaver!
Para ajudar a Moisés com este problema, Deus falou-lhe (Nm 11) e em Êxodo 18, Jetro (o sogro) também falou a Moisés, dizendo a mesma coisa.
Quando Moisés ouviu a Deus e a Jetro, ele descobriu que a solução do seu problema começava com o treinamento de outras pessoas.


Roteiro de Aula ministrada no seminário.

Profecia e Mensagem do Profeta Joel

A PROFECIA DE JOEL

A Palavra de Deus veio a Joel no auge de uma calamidade. O que levou Joel a pregar e, então, a registrar suas palavras foi uma invasão de insetos, uma devastadora praga de gafanhotos.
O conceito que Joel tinha da criação levou-o a ver os insetos como agentes do Criador, cumprindo a tarefa de julgar uma nação desobediente.


A MENSAGEM DO LIVRO
O livro de Joel é um livro teocêntrico. Tanto a praga, o apelo ao lamento, e as instruções para a conversão, a restauração, a dádiva do Espírito e convicção da vitória final são, todos, atos de Deus.

I. A Soberania de Yahweh Sobre a Criação.
O nosso Deus é soberano sobre a Sua criação. Esta é uma forte ênfase no Livro de Joel.
Não vemos no Livro nenhuma outra hipótese para a origem da praga de gafanhotos que avassalou a terra. Yahweh é o responsável tanto pelo envio (2.11) quanto pela retirado de Seu exército (2.20). O SENHOR é o que faz a ferida como a sara (Dt 32.39; 1Sm 2.6; Sl 51.8).
O nosso Deus tanto no juízo quanto na restauração, exerce o controle sobre a criação. Por isso, os hebreus não podem sustentar um conceito de natureza que a veja como um conjunto de leis ou padrões que operem por conta própria, à parte do controle do SENHOR.


II. A Compaixão de Yahweh no Perdão.
A esperança do livramento e restauração da praga baseia-se não nos méritos do próprio povo e sacerdotes. Esta restituição está baseada na manifestação de Sua misericórdia, em Sua prontidão de perdoar. Ele é pronto e rico em perdoar e grande em misericórdia (Is 55.7; 1.18; 43.25; Nm 14.18).
Mas quando Ele não quer perdoar não adianta orarmos (1Sm 16.1; Ex 33.19; 2Rs 24.4; Dt 29.20).


III. O Uso do Positivo do Culto.
O fracasso de Judá, cuja punição fora a praga de gafanhotos, consistia num culto degenerado.
O culto estava sendo pervertido pelos excessos dos participantes embriagados. E mormente, pelos sacerdotes negligentes, que deixaram as práticas pagãs diminuir a pureza da adoração que devia ter se concentrado somente no nome de Yahweh e em Seu senhorio único e exclusivo sobre o povo.
Como prova disto, ficamos cientes que a praga atacou o próprio culto de maneira que pôs em risco sua existência. Contudo, a resposta à ameaça não foi um apelo para abandonar a adoração (cf. Os 9.1,6; Am 5.21-27), mas para usa-la devidamente – participar de seus atos de humilhação, responder aos apelos de seu sacerdócio, reunir-se fisicamente em seu recinto (do Templo), pronunciar as liturgias de lamentação, já prescritas, buscar um oráculo de salvação e ter esperança nas bênçãos prometidas por Ele (Jl 2.14; cf. Sl 24.5).
Visto que o culto estava degenerado, encontramos uma linguagem que conclama a uma conversão e expõem, também, os resultados de tal conversão (Jl 2.12-14). Conversão implica deserção, desobediência, rebelião contra a aliança. Conversão é o inverso de obstinação. O apelo não é geral, mas específico – “a mim” (2.12); “a Yahweh, vosso Deus” (2.13). E a conversão deve efetuar-se no culto, adoração oficial e pública, e por meio dele; seus sinais são: jejum, choro e pranto (2.12); seu local é o templo; seus porta-vozes são os sacerdotes (2.17); seu resultado tangível são as bênçãos materiais, o meio de apresentar ofertas de cereais e libações de vinho ao SENHOR (2.14); seu clímax é o reconhecimento da verdade da autoproclamação de Yahweh – “Eu Sou o SENHOR vosso Deus, e não há outro” (2.27; cf. 3.17). O lembrete de que “não há outro”, junto com o uso sétuplo de “vosso Deus” (1.14; 2.13,1423,26,27; 3.17), é forjado para ser uma reprimenda e uma reafirmação.
Junto com o apelo à conversão, a ênfase no relacionamento exclusivo do SENHOR com Seu povo é um forte indício de que a idolatria não havia sido totalmente expurgada do segundo templo. À semelhança de seus antepassados da época de Josias (c. 621 a.C.), as pessoas do Judá pós-exílico haviam sucumbido ao sincretismo, comprometendo a exclusividade da soberania de Yahweh e sua promessa de aliança com Ele.

Com vista neste contexto, o propósito do Livro de Joel fica evidente. Ele via a praga de gafanhotos o meio divino de corrigir, purificar o culto e, além disso, preparar o caminho para a bênção plena de Yahweh sobre Seu povo pela dádiva de Seu Espírito, a derrota de Seus inimigos e a prosperidade permanente de Judá em Jerusalém. Deus pretende com tudo isso, levar o Seu povo a se voltar para Ele.


IV. O Terror e a Esperança do Dia do SENHOR.
As primeiras notas que Joel faz soar devem ter sido calculadas para chocar e surpreender os ouvintes. Ele via o Dia não como um tempo de celebração abençoada ou de resgate divino (como em Sl 118.24,25), mas de lamento e devastação. O grito na adoração não era “oh!”, mas “ai!” (1.15).
Esse era um lembrete de que o Dia do SENHOR era o dia dEle. Ele escreveu o roteiro e o encenou. Onde as trevas do juízo eram necessárias, essa era Sua resposta. Se o culto público na entendia bem o Dia, contando com a graça e a bênção divina, o próprio culto precisava ser interrompido. Se a fé do povo dependia placidamente da proteção de Deus, apesar da deslealdade para com a aliança, Yahweh iria marchar com forças inimigas para ensinar a Seu povo as lições de obediência.
Influenciado pelas descrições sombrias e terríveis de Amós (5.18-20) e Sofonias (1.14-18), Joel vê o Dia em duas etapas (1) um dia de juízo prenunciado pelas hordas de gafanhotos, com o propósito de levar o povo ao arrependimento e à reforma, e (2) um dia de vindicação fundamentado em uma nova obediência a Yahweh e numa comunhão com Ele, que se torna possível mediante o derramamento do Espírito Santo (2.28,32).
As conseqüências da volta que, presume-se, deva ocorrer entre 2.17 e 2.18, fluem até o final do Livro como ondas resultantes de uma grande pedra atirada no meio de um lago:
(1) A restauração material do dano causado pela praga (2.18-26);
(2) O reconhecimento da singularidade de Yahweh entre eles (2.27);
(3) A efusão do Espírito Santo sobre a nação toda com a concomitante revelação da vontade e do poder de Yahweh (2.28,29);
(4) Sinais e presságios funestos que assinalam a vinda do segundo Dia, o Dia além do Dia, que promete resgate para o povo de Deus (2.30-32);
(5) O julgamento das nações pelos abusos contra o povo de Yahweh (3.1-14);
(6) A prosperidade do povo pelo fato de o SENHOR habitar em Sião (3.15-21; cf. Zc 14.1-9).

A conversão (2.13,14) é essencial para tudo isso. É preciso lidar com qualquer coisa que impeça a fidelidade à aliança, como Malaquias também advertiu (4.5,6).

Soli Deo Gloria!