Discípulos de Cristo Jesus

Vivendo Para a Glória de Deus!

A vida cristã deve ser vivida para a glória de Deus somente. Em tudo o que nos empenhamos e fazemos devemos procurar a glória de Deus. Paulo chegou a dizer que até mesmo as coisas mais curriqueiras da vida como o beber e o comer devem ser feitos para a glória de Deus (1Co 10.31).

Nenhum de nós viveremos na plenitude se não vivermos voltados para a glória de Deus. Pois, a plenitude da vida está em viver para a glória de Deus. A glória de Deus produzirá a verdadeira vida plena de satisfação em Deus.

O pastor e escritor John Piper foi feliz quando afirmou que Deus é mais glorificado em nós quanto mais nos alegramos Nele. A glória de Deus e nossa alegria são faces de uma mesma moeda. Quando procuramos verdadeira satisfação vislumbramos e refletiremos a glória de Deus. Pois, a verdadeira alegria resulta na contemplação apaixonada do único ser no universo que tem toda a glória e beleza. A contemplação da beleza de Deus nos deixa encantados e sobressaltados ante inenarrável resplendor.

O Breve Catecismo de Westminster indaga: Qual o fim principal de todo o homem? Ele mesmo responde: O fim principal de todo homem é glorificar a Deus e se alegrar Nele para sempre.

A nossa alegria e a glória de Deus é o propósito de Deus para nossas vidas e o alvo da vida cristã. Toda a plenitude da vida cristã se resume na contemplação do Ser eterno de Deus na Pessoa maravilhosa de Cristo Jesus pela obra persuadora e renovadora do Espírito Santo.

Soli Deo Gloria!

sábado, março 25, 2006

Tricotomia ou Dicotomia? -

Vez por outra, entretanto, tem sido sugerido que o homem deveria ser entendido como consistindo de certas “partes” especificamente distintas. Um desses entendimentos é usualmente conhecido como tricotomia — a idéia que, segundo a Bíblia, o homem consiste de corpo, alma e espírito. Um dos proponentes mais antigos da tricotomia é Irineu, que ensinava que enquanto os incrédulos possuíam somente almas e corpos, os crentes adquiriam espíritos adicionais, que eram criados pelo Espírito Santo. Um outro teólogo que usualmente está associado com a tricotomia é Apolinário de Laodicéa, que viveu de 310 a aproximadamente 390 AD. A maioria dos intérpretes atribui a ele a idéia de que o homem consiste de corpo, alma e espírito ou mente (pneuma ou nous), e que o Logos ou a natureza divina de Cristo tomou o lugar do espírito humano na natureza humana que Cristo assumiu[1]. Berkouwer, contudo, assinala que Apolinário desenvolveu primeiro a sua cristologia errônea em um contexto de dicotomia[2]. Mas J. N. D. Kelly diz que é uma questão de importância secundária se Apolinário era um dicotomista ou tricotomista[3].
A tricotomia foi ensinada no século XIX por Franz Delitzsch[4], J. B. Heard[5], J. T. Beck[6] e G. F. Oehler[7]. Mais recentemente tem sido defendido por escritores como Watchman Nee[8], Charles R. Solomon (que afirma que através do seu corpo, o homem relaciona-se com o ambiente, através de sua alma com os outros, e do seu espírito com Deus)[9], e Bill Gothard[10]. É interessante observar que a tricotomia é também defendida na antiga e na nova Scofield Reference Bible[11]. A despeito deste apoio, devemos rejeitar a visão tricotomista da natureza humana. O que se escreve a seguir é uma sustentação da dicotomia. Quando rejeitamos a tricotomia concomitantemente aceitamos a dicotomia. Quando me refiro a dicotomia, afirmo que o homem é constituído de duas substâncias – o material (corpo) e o imaterial (espírito-alma). Ficará claro ao leitor que defendemos a posição da unidade do homem, ou seja, a pessoa psicossomática. Então veremos o porquê devemos rejeitar a teoria[12] da tricotomia.

Primeiro, ela deve ser rejeitada porque ela parece fazer violência à unidade do homem. A palavra em si mesma sugere que o homem pode ser separado em três “partes”: a palavra tricotomia é formada de duas palavras gregas, tricha, “tríplice ou em três” e temnõ, “cortar” = formado de três partes. Alguns tricotomistas, incluindo Irineu, até sugeriram que certas pessoas tinham espíritos, enquanto que outras não.
Segundo, devemos rejeitá-la porque ela freqüentemente pressupõe uma antítese irreconciliável entre espírito e corpo. Realmente, a tricotomia originada na filosofia grega, particularmente na concepção de Platão, que possuía também um entendimento tríplice da natureza humana. Herman Bavinck levanta uma discussão útil deste assunto no seu livro Biblical Psychology. Ele assinala que em Platão e em outros filósofos gregos havia uma aguçada antítese entre as coisas visíveis e as invisíveis. O mundo como substância material não foi criado por Deus, diziam os gregos, mas sempre esteve contra ele. Um poder intermediário se fazia necessário para que pudesse haver ligação entre o mundo e Deus, e, assim, haver harmonia entre eles — este era o mundo da alma. A idéia do homem, encontrada no pensamento grego, pensa Bavinck, é semelhante: o homem é um ser racional que possui razão (nous), mas ele é também um ser material que tem um corpo. Entre esses dois deve haver uma terceira realidade que age como mediador: a alma, que é capaz de dirigir o corpo em nome da razão[13].
A Bíblia, contudo, não ensina qualquer tipo de distinção aguda entre espírito (ou mente) e corpo. Segundo as Escrituras, a matéria não é má porque foi criada por Deus. A Bíblia nunca denigre o corpo humano como uma fonte necessária do mal, mas o descreve como um aspecto da boa criação de Deus, que deve ser usado no serviço de Deus. Para os gregos o corpo era considerado “uma sepultura para a alma” (soma sema) que o homem alegremente abandonava na morte, mas esta idéia é totalmente estranha às Escrituras.
Terceiro, devemos rejeitar também a tricotomia porque ela faz uma aguda distinção entre o espírito e a alma que não encontra suporte algum nas Escrituras. Podemos ver isto mais claramente quando observamos que as palavras hebraica e grega traduzidas como alma e espírito são freqüentemente usadas indistintamente nas Escrituras.

As Escrituras sustentam a unidade psicossomática ou a dicotomia (no sentido explicado acima) por diversos fatos.


01. O homem é descrito na Bíblia tanto como alguém que é corpo e alma e como alguém que é corpo e espírito:

“Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma” (Mt 10.28).
Deve-se ser notado que a palavra “alma” claramente se refere à parte da pessoa que persiste após a morte. Não pode significar “pessoa” ou “vida”, pois não faria sentido falar daqueles que “matam o corpo e não podem matar a pessoa”, ou que “matam o corpo e não podem matar a vida”, a menos que haja algum aspecto da pessoa que continue vivo depois da morte do corpo[14]. A palavra “alma” representa pelo que induzimos acima, toda a parte imaterial do homem.

“Seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus” (I Co 5.5). “... A solteira cuida das coisas do Senhor para ser santa, tanto no corpo como no espírito...” (I Co 7.34); “Como o corpo sem o espírito está morto, assim a fé sem as obras é morta” (Tg 2.25).
Na primeira referência notamos que Paulo fala “que o espírito seja salvo”, com isso ele não está dizendo que a alma não será, ou esqueceu dela; simplesmente recorre à palavra “espírito” para referir-se a toda a existência imaterial da pessoa. Do mesmo modo quando Paulo fala do crescimento da santidade, na segunda referência, aprova a mulher que se preocupa em ser santa, assim no corpo como no espírito, sugerindo que isso abarca toda a vida da pessoa. Do mesmo modo a expressão de Tiago. Tiago não faz nenhuma distinção de alma e espírito, mas faz referência a um aspecto da substância imaterial – o espírito.
Em II Co 7.1 Paulo mais explicitamente diz: “...Purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus”. Notamos que o que Paulo tem em mente não é uma distinção de espírito e alma – ele nem cita alma –, mas fala da purificação do físico (da carne) e do espiritual (do espírito) nada falando da purificação da alma. Outra coisa é que essa purificação faz parte de um aperfeiçoamento da santificação no temor de Deus. E se Paulo não cita a alma então ela não faz parte deste aperfeiçoamento, mas se é aperfeiçoamento nada falta para ser purificado. O homem total, e é sempre isso que a Escritura tem em mente quando se fala de espírito, alma e corpo, está sendo exortado a purificação. Em outras palavras, a purificação é espírito, alma e corpo. Como já falamos, a ênfase das Escrituras é na unidade do homem, e não em separá-lo em partes. O ensino geral das Escrituras e não textos isolados devem concluir um assunto ou doutrina.

2. A dor é atribuída tanto à alma como ao espírito: “Levantou-se Ana e, com amargura de espírito, orou ao SENHOR, e chorou abundantemente” (1 Sm 1.10); “Porque o SENHOR te chamou como a mulher desamparada e de espírito abatido; como a mulher da mocidade, que fora repudiada, diz o teu Deus” (Is 54.6); “Agora está angustiada a minha alma” (Jo 12.27); “Ditas estas cousas, angustiou-se Jesus em espírito” (Jo 13.21); “Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava, em face da idolatria dominante na cidade” (At 17.16); “(Porque este justo [Ló], pelo que via e ouvia quando habitava entre eles, atormentava a sua alma justa, cada dia, por causa das obras iníquas daqueles)” (1 Pe 2.8).

3. O louvor e o amor a Deus são atribuídos tanto a alma como ao espírito: “A minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador” (Lc 1.46-47); “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” (Mc 12.30).

4. A salvação é associada tanto à alma como ao espírito: “Acolhei com mansidão a palavra implantada em vós, a qual é poderosa para salvar as vossas almas” (Tg 1.21); “... entregue a Satanás, para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo, no dia do Senhor” (1 Co 5.5).

5. O morrer é descritivo tanto como uma partida da alma como do espírito: “Ao sair-lhe a alma (porque morreu), deu-lhe o nome de Benoni” (Gn 35.18); “E estendendo-se três vezes sobre o menino, clamou ao SENHOR, e disse: Ó SENHOR meu Deus, que faças a alma deste menino tornar a entrar nele” (1 Rs 17.21); “Não temais os que matam o corpo e não podem matar alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Mt 10.28); “Nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Sl 31.5); “E Jesus clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito” (Mt 27.50); “Voltou-lhe o espírito, ela imediatamente se levantou”(Lc 8.55); “Então Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lc 23.46); “E apedrejavam a Estevão que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito!” (At 7.59).

6. Aqueles que já haviam morrido eram algumas vezes chamados tanto de almas e outras vezes de espíritos: Mt 10.28, citado acima; “Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam” (Ap 6.9); “e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb 12.23); “Pois também Cristo morreu... para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado em espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão, os quais noutro tempo foram desobedientes quando a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé” (1 Pe 3.18-20).

07. A “alma” pode pecar, ou o “espírito” pode pecar[15].
Aqueles que defendem a tricotomia geralmente concordam que a alma pode pecar, pois crêem que a alma inclui o intelecto, as emoções e a vontade. (Vemos que nossa alma pode pecar em versículos como I Pe 1.22; Ap 18.14).
O tricotomista, porém, geralmente considera que o espírito é mais puro do que a alma e, quando renovado, livre do pecado e sensível ao chamado do Espírito Santo. Essa concepção (que às vezes se insinua na pregação e nos escritos cristãos populares) não encontra realmente apoio no texto bíblico. Quando Paulo encoraja os coríntios a se purificar “de toda impureza, tanto da carne como do espírito” (II Co 7.1), ele sugere nitidamente que pode haver impureza (ou pecado) no espírito. Outros versículos podem ser examinados (II Co 7.34 – “santificação do espírito”; Dt 2.30 – “espírito endurecido”; Sl 78.8 – “espírito infiel”; Pv 16.18 – “espírito altivo”; Ec 7.8 – “espírito orgulhoso”; Is 29.24 – “espírito que erra”; Dn 5.20 – “espírito soberbo e arrogante”).

08. Tudo o que se diz que a alma faz, diz-se que o espírito também faz; e tudo o que se diz que o espírito faz, diz-se que a alma também faz
[16].
Os defensores da tricotomia enfrentam um problema difícil na definição clara e exata da diferença entre alma e espírito (segundo o seu ponto de vista). Se as Escrituras dessem claro apoio à idéia de que o espírito é a parte de nós que diretamente se relaciona com Deus em adoração e oração, enquanto a alma abarca o intelecto (pensamento), as emoções (sentimentos) e a vontade (decisões), então os tricotomistas teriam em mãos um forte argumento.
Todavia, a Bíblia parece não dar apoio a tal distinção.
Por outro lado, não se diz que as atividades de pensar, sentir e decidir sejam realizados somente pela alma. Por exemplo, o espírito também pode viver emoções, como em Atos 17.16, quando “o seu espírito [de Paulo] se revoltava”, ou quando “angustiou-se Jesus em espírito” (Jo 13.21). É também possível tem um “espírito abatido”, o oposto de um “coração alegre” (Pv 17.22).
Além disso, também se diz que as funções de conhecer, perceber e pensar são executados pelo espírito. Por exemplo, Marcos retrata o Senhor Jesus “percebendo [gr. epiginõskõ, “conhecer, reconhecer, saber”[17]] logo por Seu espírito” (Mc 2.8). Quando o Espírito Santo “testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16), nosso espírito recebe e compreende esse testemunho, o que certamente equivale à faculdade de conhecer algo. De fato, nosso espírito parece conhecer nossos pensamentos com bastante profundidade, pois Paulo pergunta: “Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está” [18]?

09. O registro da criação do homem (Gn 2.7), no qual, como resultado do sopro do Espírito Divino, o corpo torna-se possuído e vitalizado por um só princípio: ALMA VIVENTE.
Gn 2.7: “E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida, e o homem foi feito alma vivente”. Aqui não se diz que o homem era primeiro alma vivente e depois Deus soprou nele um espírito; mas que Deus soprou o espírito e o homem tornou-se alma vivente – a vida de Deus apossou-se do barro e, como resultado, o homem teve uma alma (cf. Jó 27.3; 32.8; 33.4)[19]. Em Jó 27.3, (neshãmãh[20])‘alento’, ‘vida’, ‘alma’, ‘hálito’ e (ruah[21])‘sopro’, ‘espírito’, ‘hálito’ parecem ser usados intercambiavelmente (cf. Jó 33.18).

10. Observa-se que tanto o espírito quanto a alma são atribuídos à criação irracional.
Ec 3.19-21: Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais, e lhes sucede a mesma coisa; como morre um assim morre o outro; e todos têm o mesmo fôlego ([22]), e a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade. Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó. Quem sabe que o fôlego do homem vai para cima, e que o fôlego dos animais vai para baixo? Ap 16.3: E da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do falso profeta vi sair três espíritos imundos, semelhantes a rãs. Mas como Pardington obaserva: “Acredita-se que o princípio vivente nos animais irracionais (alma ou espírito) seja irracional e mortal; no homem, racional e imortal”.
No começo do Antigo Testamento é feita a associação entre o “sopro” de Deus e o “princípio de vida” no ser humano (Gn 2.7; 6.17; 7.15-22). E também diz que a vida ou vitalidade dos animais também provém do espírito de Deus (Gn 6.17; 7.15, 22; Ec 3.19-21). Portanto, e espírito é o sopro e o princípio vital no ser humano (e nos animais?)[23].
As Escrituras, também, referem-se aos animais como “seres vivos” (nêphesh ha-hayah[24] = “seres vivos” ARA; “alma vivente” ARCF, Gn 1.21, 24; 2.19; 9.10, 15, 16; Lv 11.46). Isaías 10.18 fala metaforicamente de nephesh e bãsãr, “alma” e “corpo” da floresta e da terra[25].

11. É digno de nota que se atribui alma a Yahweh. Is 421: Eis aqui o meu Servo, a quem sustenho, o meu Eleito, em quem se apraz a minha alma; pus o meu Espírito sobre Ele; Ele trará justiça aos gentios. Veja ainda: Jr 9.9; Is 53.10-12; Hb 10.38.

12. Atribui-se os mais elevados exercícios da religião tanto à alma como ao espírito.
Mc 12.30: “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus... de toda a tua alma”; Hb 6.18-19: “...a esperança proposta; a qual temos como âncora da alma”; Tg 1.21: “...a Palavra em vós enxertada, a qual pode salvar as vossas almas”; Lc 1.46: “A minha alma engrandece ao Senhor”.
Lc 1.47: “E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador”; Jo 4.24: “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”; Rm 1.9: “Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no Evangelho de Seu Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós”; Fp 3.3: “Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne”.

13. Pode ser observado que, as Escrituras fala do corpo e da alma (ou espírito) como constituindo o todo do homem (Mt 10.28; I Co 5.3; III Jo 2).

A estes itens pode-se acrescentar que o consciente testifica que há dois elementos no ser humano; podemos distinguir uma parte material e uma imaterial. Mas o consciente de ninguém consegue distinguir entre a alma e o espírito.


Textos Usados em Favor da Tricotomia e uma Resposta a Tricotomia
Os tricotomistas freqüentemente apelam para duas passagens do Novo Testamento: Hb 4.12 e 1 Ts 5.23, para dar suporte ao seu conceito, mas nenhuma dessas passagens prova o ponto deles.

Hebreus 4.12 diz o seguinte: Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.

Estas palavras descrevem o poder penetrante da palavra de Deus. O autor de Hebreus não pretende dizer que a palavra de Deus causa uma divisão entre uma “parte” da natureza humana chamada alma e outra “parte” chamada espírito, assim como não pretende dizer que a palavra causa uma divisão entre as juntas do corpo e a medula encontrada nos ossos. A linguagem é figurativa. A cláusula seguinte aponta para o intento do autor: ele deseja dizer que a palavra de Deus discerne “os pensamentos e atitudes (ou intenções) do coração”. A palavra de Deus (seja ela entendida como a Escritura ou como o Senhor Jesus Cristo) penetra nos recônditos mais interiores de nosso ser, trazendo à luz os motivos secretos de nossas ações. Esta passagem, na verdade, está em paralelo com um texto de Paulo: “[o Senhor] não somente trará à plena luz as cousas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações” (1 Co 4.5). Não há, portanto, nenhuma razão para se entender Hb 4.12 como ensinando uma distinção psicológica entre alma e espírito como sendo duas partes constituintes do homem. Ou mesmo, duas substanciais como atualmente se ensina.

A outra passagem é 1 Tessalonicenses 5.23, onde se lê: “O mesmo Deus da paz voz santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo, sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nossos Senhor Jesus Cristo”.

Deveríamos observar primeiro que esta passagem não é uma afirmação doutrinária[26], mas uma oração. Paulo ora para que seus leitores tessalonicenses possam ser santificados e completamente preservados ou guardados por Deus até que Cristo volte novamente. A totalidade da santificação, pela qual Paulo ora, é expressa no texto por duas palavras gregas. A primeira, holoteleis, é derivada de holos, significando a totalidade, e telos, significando a finalidade ou o alvo; a palavra significa “a totalidade de modo que se alcance o alvo”. A Segunda palavra, holokleron, derivada de holos e kleros, porção ou parte, significa “completa em todas as suas partes”. É interessante observar que na segunda metade da passagem, ambos os adjetivos holokleron e o verbo teretheie (“possam ser guardados ou preservados”) estão no singular, indicando que a ênfase do texto está sobre a totalidade da pessoa. Quando Paulo ora pelos tessalonicenses para que o espírito, alma e corpo possam ser guardados, ele não está tentando separar o homem em três partes, mais do que Jesus pretendeu fazer em quatro partes quando disse: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” (Lc 10.27). Esta passagem, portanto, também não proporciona qualquer base para a visão tricotômica da constituição do homem[27].

[1] Ver Louis Berkhof, History of Christian Doctrines (Grand Rapids: Eerdmans, 1937), p. 106-107; J. L. Neve, A History of Christian Thought (Philadelphia: United Lutheran Publication House, 1943), p. 126; Anderson, On Being Human, p. 207-8.
[2] Man, p. 209. Ver também o comentário de A. Grillmeier citado em n.20. Dichotomy é a idéia de que o homem deve ser entendido como consistindo de duas “partes”, corpo e alma.
[3] J. N. D. Kelly, Early Christian Doctrines (London: Black, 1958), p. 292.
[4] System of Biblical Psychology, pp. Vii, 247-66.
[5] The Tripartite Nature of Man (Edinburgh: T & T Clark, 1866).
[6] Outlines of Biblical Psychology, (Edinburgh: T & T Clark, 1877), p. 38.
[7] Theology of the Old Testament, edit. G. E. Day (1873; Grand Rapids: Zondervan), 149-51.
[8] The Release of the Spirit (Indianapolis: Sure Foundation, 1956), 6.
[9] The Handbook of Happiness (Denver: Heritage House Publications, 1971), 28; ver também p. 27-58.
[10] Wilfred Brockelman, Gothard, The Man and his Ministry: An Evaluation (Santa Barbara: Quill Publications, 1976), 85-96.
[11] The Scofield Reference Bible (New York: Oxford University Press, 1909), no texto de 1 Ts 5.23; The New Scofield Reference Bible (New York: Oxford University Press, 1967) no texto de 1 Ts 5.23.
[12] Infelizmente em nosso meio há quem diga que uma dessas posições é herética. O dicotomista afirma que o tricotomista é um herege. E o tricotomista reverbera que o dicotomista aceita uma heresia. Só quero deixar claro que não devemos fazer este tipo de julgamento – infelizmente muitos o fazem em sua ignorância em teologia. Prefiro chamar “pessoas que possuem pontos de vistas diferentes”. Descobrir as verdades bíblicas é como o escalar de uma grande montanha. Os que sobem pelo lado sul contemplarão o norte; os que pelo norte avistarão o sul. Ambos terão uma visão diferente da mesma verdade. É como em escatologia, uns são pré-tribulacionistas, outros midi-tribulacionistas e ainda outros pós-tribulacionistas. Portanto, percebemos que tanto um, como outro, professam o verdadeiro cristianismo e amam o mesmo Senhor que os resgatou.
[13] Bijbelsche en Religieuze Psychologie, 53. Cf. TDNT, 6:395.
[14] Wayne Grudem, Teologia Sistemática, pág. 390 – Edições Vida Nova – Reimpressão: 2000.
[15] Wayne Grudem, Teologia Sistemática, pg. 391 – Edições Vida Nova, Reimpressão, 2000.
[16] Ibid., pg. 391-392.
[17] Waldyr Carvalho Luz, Novo Testamento Interlinear, Com o texto grego de Nestlé (26ª Edição) – Editora Cultura Cristã, 2003. E Fritz Rienecker com Cleon Rogers em Chave Lingüística do Novo Testamento Grego – Edições Vida Nova, 1ª Edição em português: 1985 e 5ª Reimpressão de 2003.
[18] Para mais detalhes sobre o assunto veja Teologia Sistemática, Wayne Grudem, pg. 392.
[19] Augustus Hopkins Strong, Teologia Sistemática Vol. II, Editora Hagnos, pg. 45. 1ª Edição – Março 2003.
[20] Abraham Hatzamri e Shoshana More-Hatzamri em seu Dicionário Português-Hebraico e Hebraico-Português, afirmam que “alma” significa neshãmãh, nêphesh e ruah. Neste último caso pode está referindo-se a um significado ou, a um sinônimo. E ainda podemos acrescenta que a tradução exata de uma palavra depende do contexto em que ela se encontra na frase. Strong’s define neshãmãh; em seu Léxico Português Hebraico Online, como 1) respiração, espírito: 1a) fôlego (referindo-se a Deus); 1b) fôlego (referindo-se ao homem); 1c) tudo o que respira e 1d) espírito (do homem).
[21] A definição de Strong’s é: 1) vento, hálito, mente, espírito: 1a) hálito; 1b) vento: 1b1) dos céus; 1b2) pontos cardeais ("rosa-dos-ventos"), lado; 1b3) fôlego de ar; 1b4) ar, gás; 1b5) vão, coisa vazia. 1c) espírito (quando se respira rapidamente em estado de animação ou agitação): 1c1) espírito, entusiasmo, vivacidade, vigor; 1c2) coragem; 1c3) temperamento, raiva; 1c4) impaciência, paciência; 1c5) espírito, disposição (como, por exemplo, de preocupação, amargura, descontentamento); 1c6) disposição (de vários tipos), impulso irresponsável ou incontrolável; 1c7) espírito profético. 1d) espírito (dos seres vivos, a respiração do ser humano e dos animais); 1d1) como dom, preservado por Deus, espírito de Deus, que parte na morte, ser desencarnado. 1e) espírito (como sede da emoção): 1e1) desejo; 1e2) pesar, preocupação. 1f) espírito: 1f1) como sede ou órgão dos atos mentais; 1f2) raramente como sede da vontade; 1f3) como sede especialmente do caráter moral. 1g) Espírito de Deus, a terceira pessoa do Deus triúno, o Espírito Santo, igual e coeterno com o Pai e o Filho: 1g1) que inspira o estado de profecia extático; 1g2) que impele o profeta a instruir ou admoestar; 1g3) que concede energia para a guerra e poder executivo e administrativo; 1g4) que capacita os homens com vários dons; 1g5) como energia vital; 1g6) manifestado na glória da Sua habitação; 1g7) jamais referido como força despersonalizada.
[22] Veja a nota de roda pé anterior para o significado deste termo em hebraico. Esse termo ocorre 378 vezes no texto hebraico e 11 vezes nas porções aramaicas da Bíblia. Mais ou menos 113 rûah se refere a “vento” ou “ar em movimento”. Em 136 lugares rûah se refere ao “espírito de Deus”, deixando 130 referências para o “espírito humano” e outros significados.
[23] Veja mais detalhes com Ralph L. Smith, Teologia do Antigo Testamento – História, Método e Mensagem, pg. 255-56 – Edições Vida Nova, 1ª Edição: 2001.
[24] Strong’s define nephesh como: 1) alma, ser, vida, criatura, pessoa, apetite, mente, ser vivo, desejo, emoção, paixão: 1a) aquele que respira; a substância ou ser que respira; alma, o ser interior do homem; 1b) ser vivo; 1c) ser vivo (com vida no sangue); 1d) o próprio homem, ser, pessoa ou indivíduo; 1e) lugar dos apetites; 1f) lugar das emoções e paixões; 1g) atividade da mente: 1g1) duvidoso; 1h) atividade da vontade: 1h1) ambíguo; 1i) atividade do caráter: 1i1) duvidoso.
[25] Veja mais detalhes com Ralph L. Smith, Teologia do Antigo Testamento – História, Método e Mensagem, pg. 255-56 – Edições Vida Nova, 1ª Edição: 2001.
[26] Paulo não diz, doutrinariamente, “O homem é constituído de espírito, alma e corpo”; e nem que o “homem é dividido em três partes constituintes”; e muito menos que “o homem possui três substâncias: espírito, alma e corpo”.
[27] Sobre a interpretação de Hb 4.12 e 1 Ts 5.23, ver Bavinck, Bijbelsche Psychologie, 58-59; Louis Berkhof, Teologia Sistemática (Campinas: Luz Para o Caminho); Berkouwer, Man, 210; Sobre Hb 4.12 ver também F. F. Bruce, The Epistle to the Hebrews, in the New International Commentary sobre a série do Novo Testamento (Grand Rapids: Eerdmans, 1964), 80-83; Para uma defesa do pensamento tricotômico, ver F. Delitzsch, The Epistle to the Hebrews, (Edinburgh: T. & T. Clark, 202-14, especialmente 212-14.


Este Estudo faz parte da nossa Apostila de Introdução à Antropologia Bíblica - Cujas aulas foram ministradas em Salvador no STC - Seminário Teológico Cristocêntrico.

Visto que o homem só é conhecido em sua relação com Deus se faz necessário um estudo bíblico e sistemático das verdades contidas nas Escrituras Sagradas.

Shalom!

A Provação e a Queda do Homem

A provação do homem foi absolutamente essencial, a fim de capacitá-lo à completa expressão e exercício de sua liberdade intelectual e moral.
"Suponhamos que não tivesse havido proibição no jardim; que teria sucedido à livre agência moral de nossos primeiros pais? Ainda que criados com tal capaci­dade, não teriam tido oportunidade de exercê-la, e isso os teria transformado, virtualmente, em escravos da vontade de Deus. O mesmo teria sucedido se Deus não os tivesse criado com o poder do livre arbítrio. Em ambos os casos teriam sido seres diferentes do homem, conforme o conhecemos hoje, e, assim sendo, não poderiam ter sido os progenitores da raça humana. Se o homem tivesse sido criado pecaminoso, isso faria com que Deus fosse o Autor do pecado – um pen­samento intolerável, e teria destruído parcialmente a livre agência do homem, visto que lhe daria uma propensão para o mal." – Keyser.

O homem também não foi criado numa condição moral neutra; antes, foi-lhe outorgada uma natureza santa que, se permitida a exercer-se plenamente, sem incitamento externo em direção ao pecado e sem reação interna favorável ao mesmo, ter-se-ia expressado em caráter e conduta que também seriam santos. Esse exercício sem obstáculos da natureza moral, fora de qualquer teste, teria sido uma infração do exercício de sua liberdade moral. Era-lhe necessário ter o direito e a liberdade de escolher a retidão, e a liberdade de escolher tanto o mal como o bem.


Seu Significado.
Por provação do homem referimo-nos àquele período durante o qual ele foi sujeito a determinada prova, que consistiu de um mandamento positivo concernente à árvore do conhecimento do bem e do mal. Os resultados seriam: ou o favor continuado de Deus, por motivo de sua obediência; ou a imposição da penalidade da morte por motivo de sua desobediência.

Sua Realidade.
Gn 2.15-17 - Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. E lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.

Seu Período.
O período abrangido pela provação prolongou-se desde a criação de Adão e Eva até o tempo de seu fracasso e desobediência.
A provação do homem, que teve o propósito de submetê-lo à prova, abrangeu evidentemente o período de sua inocência.



A QUEDA
O homem não foi criado pecador, mas o pecado entrou no mundo dos homens através de usa própria escolha, consciente e voluntária.
Por quanto tempo nossos primeiros pais permaneceram em estado de inocência, durante o qual retiveram a imagem de Deus, da qual foram dotados por ocasião da criação, é impossível dizer.

I. Sua Realidade.
Rm 5.12: Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. (Gn 3.1-6; Rm 5.13-19; 1 Tm 2.14).
Adão e Eva, os primeiros membros da raça humana, pecaram contra Deus, e assim caíram da posição de favor e do estado de inocência em que foram criados.


II. Sua Maneira.
1. O Tentador: Satanás, por meio da Serpente.
Gn 3.1 - Mas a Serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o Senhor Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? (Ap 12.9; 20.2).

2. A Tentação.
(1) Primeiro passo (dado pela mulher).
A mulher ouviu a tentação aparentemente sozinha, desprotegida, e próxima do local proibido.

(2) Segundo passo (dado pela serpente).
A insinuante pergunta da serpente, aparentemente inocente, mas que continha uma insinuação de dúvida acerca da palavra de Deus: “É assim que Deus disse ... ?" Também insinuou dúvida quanto ao amor e justiça de Deus, ampliando a proibição única e reduzindo as extensas permissões.

(3) Terceiro passo (dado pela mulher).
A mulher replicou e debateu com o caluniador. Ela demonstrou haver compreendido as palavaras de Gn 2.16-17.

(4) Quarto passo (dado pela mulher).
Falsificou a Palavra de Deus. Ela deixou de lado “todas” e “livremente”, e acrescentou: “nem tocareis nele”; e também abrandou as palavras “no dia em que dela comerdes, certamente morrerás” para “para que não morrais”.
(Gn 3.2, 3; Gn 2.17).

(5) Quinto passo (dado pela serpente).
Este consistiu de uma aberta negação do castigo devido ao pecado, e de acusar Deus de haver proferido mentira. Também continha outra ousada acusação. Satanás acusou Deus de egoísmo, inveja e a firme resolução de degradar Suas criaturas e dominá-las.

(6) Sexto passo (dado pela mulher).
Ela crê no tentador. Ela viu que a árvore era (ver 1 Jo 2.16) boa para comer (concupiscência da carne), agradável à vista (concupiscência dos olhos), e desejável para transmitir sabedoria (soberba da vida).

(7) Sétimo passo (dado pela mulher).
Obedecendo ao tentador, ela tomou do fruto e o comeu (a mulher cedeu, sendo enganada).

(8) Oitavo passo (dado pela mulher).
Assumiu a posição de tentadora. Ela deu do fruto a seu marido, e ele comeu também (o homem cedeu, mas não por ter sido enganado) (1 Tm 2.14). Adão desobedeceu de olhos abertos, propositadamente, em lugar de procurar ajudar sua esposa e pedir perdão para ela e proteção para si mesmo. Para ele é que a proibição e a advertência tinham sido diretamente feitas (Gn 2.16, 17). Ele é o cabeça da raça, e assim trouxe o pecado sobre toda a raça (Rm 5.12, 16-19).


III. Seus Resultados.
1 . Para Adão e Eva em particular.
(1) Evidente perda de aparência pessoal apropriada, acompanhada da consciência de nudez e senso de vergonha (Gn 3.7; Sl 104.2; Mt 13.43; Dn 12.3).
Parece mesmo que os espíritos não-caídos de Adão e Eva possuíam um halo circundante de luz, que os livrava da aparência e da consciência de nudez. Tal proteção aparentemente se perdeu por ocasião de sua desobediência e pecado, causando neles o senso de impropriedade de aparência na presença de Deus e, talvez, na presença um do outro.

(2) Medo de Deus (Gn 3.8-10).
Antes do pecado, Adão e Eva tinham sem dúvida um santo temor de Deus, no sentido de respeito reverente, mas esse temor lhes proporcionava alegria e prazer na presença de Deus. O casal, sem dúvida, tinha profunda comunhão com Deus. Eles “corriam” para Deus ao ouvirem Sua voz. Mas, agora, infelizmente nasceu-lhes uma aversão pecaminosa por Deus e pelas coisas de Deus. E esta atitude acovardada de mente e coração os impeliu a fugir da presença de Deus e se esconderam.

(3) Expulsão do Jardim (Gn 3.23-24).
Para proteger o homem de ficar eternamente fixado em seu estado caído, Deus enviou Adão e Eva para fora do Jardim. O fato de Deus ter criado o homem para ser imortal e de que a morte é conseqüência do pecado está pelo menos implícito aqui. Comer da “árvore da vida” será o destino dos redimidos, pois a árvore da vida aparece na nova Jerusalém (Ap 22.2).
Ao homem foi dado originalmente o privilégio de comer livremente da árvore da vida (Gn 2.9, 16-17), mas por causa do pecado, o homem perdeu esse direito e Deus colocou essa árvore na lista de proibidos para esta vida.
O homem foi expulso (“divorciado”) do Jardim para cultivar o solo e Deus colocou querubins à porta do Éden “guardando o caminho para a árvore da vida”. Por causa do pecado, o único caminho de volta à presença de Deus é através do Senhor Jesus Cristo.

(4) Auto-justificação (Gn 3.7).

(5) A Imagem Maculada (corrompida ou caída) de Deus no Homem.
Sobre este assunto reservamos um bom espaço, e não há necessidade de falar a seu respeito. Mas se o leitor quiser anteceder, por favor, reporte-se à epígrafe “A Imagem de Deus”.

(6) Maldição sobre Eva (Gn 3.16).
Embora Deus havia criado a mulher para a reprodução e havia ordenado à Eva que fosse frutífera e se multiplicasse, esse papel funcional designado por Deus agora haveria de ser desempenhado com grandes dores. Assim sendo, as tremendas dores de parto são resultantes da queda, para as mulheres, assim como o “trabalho” para os homens.

E o conflito entre o homem e a mulher também foi resultante do pecado. A palavra “desejo”, conforme é usada em 3.16, não tem sentido sexual ou emocional, mas carrega no seu bojo a idéia que é expressa em Gn 4.7 acerca da natureza do pecado – “ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo” (NVI).

Repare especialmente que Deus declara que o homem terá domínio (senhorio) – “e ele a dominará”. Também em Gn 3.20, Adão exerce senhorio ao dar o nome de Eva à mulher, como fizera com os animais. Por outro lado, a mulher natural desejará controlar seu marido, e daí surge o conflito. Antes da queda, a submissão não era problema. Após a queda, a submisaõ da mulher ao homem tem lugar através de bastante tensão e rivalidade. Somente em Cristo, com o poder do Espírito, essa submissão ocorre.

2. Para a Raça em Geral.
Visto quer Adão era o cabeça federal da raça humana, sal ação foi representativa. Por conseguinte, aquele pecado, além de individual, foi a mesmo tempo racial. Houve, portanto, resultados que caíram sobre toda a espécie humana em conseqüência do pecado de Adão.

(1) A terra foi amaldiçoada par não produzir apenas o que é bom, exigindo trabalho laborioso por parte do homem (Gn 3.17-19).

(2) Resultou em tristeza e dor para a mulher no parto, bem como sua sujeição ao homem (Gn 3.16).

(3) Todos os homens são pecadores e estão debaixo da condenação (Rm 5.12; Rm 3.19; 3.9-10, 22, 23; Is 53.6; Gl 3.10; Ef 2.3; Jo 3.36).

(4) Resultou na morte física e espiritual dentro do tempo, e na penalidade ameaçada da morte eterna (Gn 2.17; Rm 6.23; Ez 18.4; gn 3.19; Gn 5.5; Rm 5.12).

(5) Os homens não-redimidos acham-se em impotente cativeiro ao pecado e a Satanás, e são considerados filhos do diabo (Rm 7.14, 15, 23, 24; I Jo 3.8-10; Jo 8.33-35; Ef 2.3; Jo 8.44; I Jo 5.19).
A transgressão do homem foi, como crime, a pior enormidade. Quanto à sua natureza, não foi mera desobediência à lei divina por parte do ofensor. Foi a mais crassa infidelidade, o dar crédito antes ao diabo do que a Deus; foi descontentamento e inveja, ao pensar que Deus lhe havia negado aquilo que era essencial para sua felicidade; foi um orgulho imenso, ao desejar ser igual a Deus; foi furto sacrílego, ao intrometer-se naquilo que Deus havia reservado para Si, como sinal de Sua soberania; foi suicídio e homicídio, ao trazer a morte contra si e contra toda a sua posteridade.

(6) Violência e homicídio.
Sendo Caim o primeiro assassino, pois matou ser irmão Abel (Gn 4.8). Desde então, a violência tem sido constante e a criminalidade aumenta cada vez mais.

(7) A corrupção geral do gênero humano.
A maldade do homem se multiplicou por toda a terra (Gn 6.5, 11, 12). Não obstante, o castigo de Deus pelo dilúvio, o homem não deixou de praticar a maldade.

(8) Enfermidades
Is 1.6, fala do estado lastimável do pecador.